Após votação do impeachment, Cunha diz que propostas do governo terão dificuldades na Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou, em entrevista coletiva, que não acredita que matérias relevantes sejam votadas na Casa antes que a abertura do processo de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff, seja definida no Senado Federal. Ele informou que não haverá sessões deliberativas na Câmara nesta semana.
"Esta semana a Câmara não vai ter pauta, porque nós trabalhamos sexta, sábado e domingo. Fizemos a sessão mais longa da história do Parlamento, foram quase 43 horas seguidas - de 9 horas da manhã de sexta-feira às 3h45 da madrugada de domingo - depois retornamos no domingo às 14 horas e fomos até meia-noite", explicou.
Cunha disse que, na próxima semana, a Câmara volta a deliberar e três medidas provisórias deverão trancar a pauta. Considerando a dificuldade de aprovação de qualquer proposta do governo no atual cenário político, o presidente ressaltou a importância da celeridade de definição do processo de impeachment no Senado. Na opinião dele, a representação do governo na Casa deixou de existir.
"Porque a Câmara, na medida que autorizou a instauração do processo que culmina com o afastamento, e se o Senado aceitar, significa que a Casa não reconhece mais esse governo; consequentemente, é muito difícil votar qualquer matéria do próprio governo. É claro, a pauta está lá, eu abrirei, como sempre, mas não acredito que prospere nada relevante sem antes o Senado apreciar isso [o impeachment]", afirmou.
Eduardo Cunha disse que não se sente ameaçado com o fim da votação do pedido de abertura de processo de impeachment de Dilma na Câmara: “Há nenhuma preocupação”. O presidente destacou que, quando a comissão especial estava analisando a matéria, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, defendia que fosse analisado apenas o objeto do processo, mas quando a denúncia é contra ele, as ações no STF não têm limites.
"Comigo o PT tem um comportamento, porém, quando defende o impeachment, tem outro comportamento: a análise tem que ser restrita ao que está na representação”, destacou. “Na realidade, eu tenho uma representação que era simplesmente se eu efetivamente falei ou não a verdade em um depoimento espontâneo em uma CPI. Aí eles [PT] querem fazer a substituição do Supremo [STF] em todos os processos ou inquéritos existentes. Mas no caso deles, isso não vale. É a mesma coisa: se a gente for discutir a corrupção da Petrobras, por exemplo, está lá a refinaria de Pasadena; tudo está lá dentro da denúncia original e não foi colocado na comissão especial. É mais ou menos a mesma coisa, mas para eles são dois pesos e duas medidas", afirmou.
Em relação às acusações e aos xingamentos feitos durante a votação da abertura do processo de impeachment, Cunha disse que não se sentiu constrangido e avalia a possibilidade de entrar com queixa-crime contra os deputados que saíram da crítica política e foram para a crítica pessoal.
Edição – Luciana Cesar
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