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16 de Junho de 2024
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    Audiência Crioula reúne mais de mil pessoas para acompanhar julgamento em versos gaudérios

    O Acampamento Farrapo de Taquaruçu do Sul, Município que integra a Comarca de Frederico Westphalen, reuniu no início da noite de sexta-feira, 14/9, cerca de mil pessoas para acompanhar a abertura oficial da Semana Farroupilha e a audiência crioula realizada na Praça Central da cidade..

    Antes, uma comitiva com cerca de 25 cavalarianos saiu da Linha Sete de Setembro, distante 5km do centro da cidade, conduzindo a chama crioula. Na comitiva estavam o Juiz da 2ª Vara Judicial de Frederico Westphalen, José Luiz Leal Vieira, conduzindo a bandeira do Brasil, a Promotora de Justiça Andrea Almeida Barros, levando a bandeira do Estado, o Prefeito do Município, Mauro Olinto Sponchiado, carregando a bandeira de Taquaruçu do Sul e o Oficial Escrevente do Foro da Comarca, Paulo Franquelin dos Reis. A comitiva ingressou no município e adentrou na praça, quando foram hasteadas as bandeiras e acesa a chama crioula, que permanecerá no local até o final da Semana Farroupilha. Em seguida foi realizada a abertura oficial da Semana Farroupilha do município.

    Audiência Crioula

    Inicialmente, o Juiz José Luiz homenageou o Desembargador Osvaldo Stefanello, falecido no dia anterior, que jurisdicionou a Comarca de Frederico Westphalen, realizando um trabalho reconhecido pela comunidade até os dias atuais.

    O magistrado, na abertura da audiência, explicou que o ato faz parte de um projeto de aproximação do Judiciário da comunidade, que vem sendo realizado desde 2008 na Comarca e que conta com a participação dos Juízes Marcelo Malízia Cabral (Comarca de Pelotas) e Marlene Marlei de Souza (Comarca de Carazinho).

    A ideia consiste em levar para a população a realização de um ato processual, mostrando o funcionamento do Judiciário, do Ministério Público e da Advocacia aos cidadãos. Foi montada uma sala de audiências caracterizada, em homenagem à cultura do Gaúcha. Juiz, Promotora, Advogado Servidores estavam pilchados (vestindo trajes típicos da cultura gaúcha).

    Julgamento

    Na sequência, deu-se início ao julgamento do Processo nº 11100028998, em que o autor Luiz Carlos de Oliveira requereu a retificação do ano de nascimento do seu respectivo registro de 1953 para 1952. De forma didática e com uma linguagem bem acessível, o Juiz explicou cada momento da audiência. Foi inquirida a madrinha de batismo do autor e em seguida, o Advogado do requerente fez sua manifestação final, em versos gauchescos. Depois, foi a vez da Promotora de Justiça. Ao final o Juiz José Luiz declamou, acompanhado de um gaiteiro, em versos gauchescos, a sentença de procedência, que contou com a imprescindível colaboração na composição dos versos do Médico e Poeta João Manuel Sasso, marido da Juíza Lisiane Marques Pires Sasso (Comarca de Carazinho).

    Ao término da audiência, foi entregue o mandado de retificação ao autor, ficando assim encerrada a prestação jurisdicional do caso.

    O servidor Paulo Franquelin dos Reis, responsável pela organização da audiência referiu estar "realizado por participar da iniciativa, desde a cavalgada, momento de integração com a comunidade, até a realização do ato, diante de um público tão expressivo.

    O Juiz José Luiz acrescentou"que a comunidade apreciou muito a iniciativa, pela possibilidade de ver de perto o trabalho do Judiciário. Ainda mais porque Taquaruçu do Sul não é a sede da Justiça na Comarca. Foi uma experiência única de realização da mais verdadeira prestação jurisdicional".

    Prestigiaram o evento as magistradas Marlene Marlei de Souza (Comarca de Carazinho) e Denise Dias Freire (Comarca de Iraí), assim como o Promotor de Justiça Fábio Lusa Marcon (Comarca de Frederico Westphalen), e os servidores da Comarca de Frederico Westphalen Cleomar Santana e Maria Helena Pompeo Câmara.

    Abaixo, a sentença e o parecer do Ministério Público:

    Sentença

    Vistos.

    Emponchado de alegria

    Eu chego nesta Querência

    Presidindo a chucra audiência

    Encilhado em galhardia

    Por estar chegando o dia

    De relembrar nossos feitos

    De bombacha, bota e lenço

    Apeio em Taquaruçu

    Pra atender mais um chiru

    Ao que lhes peço...silêncio

    Nascido em Jaboticaba

    Que pertencia à Palmeira

    Seu Luiz Carlos de Oliveira

    Teve a certidão errada

    Por isso vem nesta casa

    Muito bem amadrinhado

    Com um bom advogado

    Para ajeitar este engano

    Pois já tinha quinze anos

    Quando fora registrado

    Tanto tempo decorrido

    E alguma desatenção

    Renderam a este peão

    Um registro distorcido

    Um ano foi suprimido

    Pelo errado documento

    E carecendo de acerto

    Do ano que lhe faz falta

    Sua ação entrou em pauta

    Pra buscar o que é direito

    Seu termo de batizado

    Tem alguma incorreção

    Mas não tendo ele irmão

    E desses nomes listados

    Sendo filho e afilhado

    Como revela a Diocese

    É prova que agora serve

    Junto ao aval da madrinha

    Os pareceres se alinham

    E a Promotora subscreve

    Quem julga busca um atalho

    Alguma conciliação

    Chegando até a correção

    De algum ato que foi falho

    Este rancho Judiciário

    Sem tramela, porta aberta

    É vara que nunca verga

    Nem por ventos de benesses

    Ou tormentas de interesse

    Nem pelo peso de ofertas

    Assim julgo procedente

    Estribado na verdade

    Concedendo a gratuidade

    Por ser pessoa carente

    O seu Luiz daqui pra frente

    Ficará um ano mais velho

    Como prova o batistério

    E a colhida prova oral

    Por esta audiência bagual

    Bem crioula, sem mistério

    Agradecendo aos que assistem

    Hoje, aqui, em 2012

    Setembro, dia 14

    Ordeno que retifiquem

    Quem publiquem e registrem

    Os pedidos ora feitos

    Ficando justo e perfeito

    Nesta sentença campeira

    José Luiz Leal Vieira

    Juiz Estadual de Direito

    Parecer do MP

    Nossa riqueza é nosso chão

    Nosso povo e nossa cultura

    Nosso mate de erva pura

    Que segue de mão em mão

    No calor do galpão, a família

    Se reúne mais uma vez

    Para assistir neste mês

    Uma Audiência Farroupilha

    Taquaruçu do Sul nos recebe

    Na abertura desta Semana

    Com uma cavalgada que irmana

    Peões e prendas em sua sede

    E agora, após a abertura

    Com o apoio da comunidade

    Vamos mostrar à cidade

    Que audiência também é cultura

    É sempre um momento especial

    A nossa Semana Farroupilha

    O pai, a mãe, o filho, a filha

    Reunidos neste mesmo ritual

    De botas, bombachas e lenço

    Saboreando um bom churrasco

    E que o tempo nos dê espaço

    Para um bailecito bagual

    Momento de cultura e diversão

    É esta festa bem campeira

    Tem xote, bugio, tem vaneira

    Tocando em cada galpão

    Mas também tem a lembrança

    Daqueles que fizeram história

    E de batalhas inglórias

    Lutaram com esperança

    A luta aqui no processo

    É outra, mais amena

    Uma alteração pequena

    Que deve ter sucesso

    Pois a data do nascimento

    Deste senhor que aqui está

    Precisa ser modificada

    Pelo juízo neste momento

    Luiz Carlos de Oliveira

    De Palmitinho agricultor

    Neste processo é o autor

    De uma tese que semeia

    A de que nasceu muito antes

    Do efetivo registro ser feito

    Erro que vai ser desfeito

    Muito em breve, num instante

    Diz a certidão de nascimento

    Que nasceu em cinquenta e três

    No dia onze, julho o mês

    Mas o erro em comento

    Conhecido do requerente

    É que foi um cinquenta e dois

    E não um ano depois

    Que nasceu este vivente

    Lendo os autos se comprova

    Do pelo autor afirmado

    Pois foi juntado um atestado

    Que serve, sim, como prova

    É a certidão de batizado

    De Luiz Carlos, o requerente

    Que foi trazido pra gente

    Como prova do alegado

    Ali consta que o sacramento

    Foi recebido em cinquenta e três

    No mês de fevereiro teve vez

    Este sagrado momento

    Testemunhado por padrinhos

    E também por familiares

    Que se juntaram aos milhares

    Para abençoar o menino

    Como pode a Igreja Santa

    Em equívoco laborar

    Se tem registro a corroborar

    O que Luiz Carlos sustenta?

    Pois não pode receber o batismo

    Nem mesmo outro sacramento

    Se no especial momento

    O sujeito não tenha nascido

    Esses erros são comuns

    Em documentos de antigamente

    Pois não muito raramente

    Não se registravam alguns

    Muito pouco se ia ao povoado

    Era lá de quando em vez

    Nem pensar ir todo mês

    Eram poucos os trocados

    E quando se ia à cidade

    Tinha tudo pra resolver

    Tinha as compras a fazer

    E o tempo escasso, barbaridade

    Se aproveitava essa ocasião

    Para se fazer os registros

    E pagar alguns títulos

    Que estivessem à mão

    Do autor a madrinha

    Deu aqui sua versão

    Que o batizou no verão

    E acabou com a picuinha

    Era fevereiro de cinquenta e três

    Ela se lembra muito bem

    Pois foi ela própria quem

    A cruz na testa lhe fez

    Importante ainda considerar

    Que o pedido é possível

    Que o direito é visível

    Que o Parquet deve se manifestar

    Porque o interesse é público

    Que deve ser tutelado

    Pois todo o registro alterado

    não pode ser feito de súbito

    E assim eu me despeço

    Dessa tarefa de rimas

    A opinio está dita

    E este é um bom começo

    Ao juiz, sua Excelência

    A quem incumbe a decisão

    Que a sentença venha com a razão

    Opinando o MP pela procedência

    Andrea Almeida Barros

    Promotora de Justiça de Entrância Intermediária

    Processo nº 11100028998 (Comarca de Frederico Westphalen)

    EXPEDIENTE

    Texto: Com informações da Comarca de Frederico Westphalen

    Assessora-Coordenadora de Imprensa: Adriana Arend

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/audiencia-crioula-reune-mais-de-mil-pessoas-para-acompanhar-julgamento-em-versos-gauderios/100062603

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