BNDES participa com R$ 60 milhões de projeto que beneficia produtores de pescado no Nordeste

· BNDESPAR vai subscrever ações da Empaf, que representam 33,3% do capital futuro do grupo
· Projeto vai gerar 700 empregos diretos na indústria

A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a subscrição pela BNDESPAR de ações preferenciais da Empaf – Empresa de Armazenagem Frigorífica Ltda - no valor de R$ 60 milhões. Os investimentos totais, de R$ 211,3 milhões, serão destinados à expansão da produção de pescado a partir de duas linhas, uma para processamento de tilápias, com 25 mil toneladas/ano, e outra para a agregação de valor ao camarão, de 15 mil toneladas/ano, em Recife (PE) e Itaporanga D'Ajuda (SE) ou Paulo Afonso (BA). E, ainda, à construção de um Centro de Alevinagem (de filhotes de peixes) e oito Centros de Apoio ao Produtor de tilápias.

A participação do BNDES no projeto contribuirá para o desenvolvimento regional, uma vez que envolverá o interior dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, e terá impactos sociais positivos em uma região do Nordeste historicamente de baixa renda média. Serão gerados 700 empregos diretos na indústria, sendo 400 na tilapicultura e 300 na industrialização de camarões.

Os investimentos para a produção de tilápias possibilitarão a criação de uma rede de 2,4 mil pequenos produtores integrados, responsáveis pela engorda dos peixes e que terão garantia de compra de sua produção. Com isso, a renda média mensal desses trabalhadores será de cerca de R$ 600,00, valor bem superior aos R$ 250,00 obtidos, mensalmente, por um produtor não-integrado na região.

A empresa, fundada em 1989 em uma pequena loja em Recife (PE) para atuar na comercialização de pescados, é hoje a maior exportadora brasileira do setor, com um faturamento de cerca de R$ 200 milhões, em 2005. Emprega 1065 funcionários e gera 11 mil empregos indiretos, que incluem parceiros e funcionários de 200 fazendas de camarão integradas, além de 1,2 mil pescadores que operam com barcos de pesca.

A Empaf, atualmente em processo de transformação para sociedade anônima com o novo nome de Grupo Netuno, terá o compromisso de abertura de capital para negociação de ações no Novo Mercado ou no Bovespa Mais, a médio prazo.

Com relação à tilapicultura, a proposta é estruturar a cadeia de produção e de distribuição, englobando as várias fases do processo, que são insumos e suporte técnico, produção, transporte, processamento, distribuição e comercialização, com foco na exportação para os Estados Unidos. Para beneficiar um maior número de pessoas nas regiões envolvidas, o Grupo privilegiou a escolha de produtores com famílias, atingindo, assim, um total de 10 mil pessoas.

Os produtores serão financiados diretamente pelo Banco do Nordeste e pelo Banco do Brasil com recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (linha PRONAF D) tanto para o investimento quanto para o custeio. O sistema funcionará da seguinte forma: os bancos liberarão os recursos diretamente aos fornecedores de insumos e equipamentos e a Empaf depositará nestes bancos os valores relativos à compra da produção dos integrados.

A empresa também ficará responsável por auxiliar os produtores a elaborar e encaminhar os projetos de financiamento aos bancos, além de prestar assistência técnica operacional em todo período da engorda.

Cada produtor irá utilizar um módulo de produção com tanques-rede com a densidade adequada de peixes. O sistema de tanques-rede apresenta diversas vantagens como controle eficiente da sanidade, facilidade de despesca, reduzido investimento inicial pela tecnologia barata de fácil manejo e dispensa de alagamento de terras.

Outro mérito do projeto é o de apoiar os pequenos produtores de tilápias, a partir da criação de um Centro de Alevinagem, para o desenvolvimento genético de matrizes avançadas e a produção em escala de alevinos, a partir de matrizes adquiridas das Filipinas e adaptadas ao Brasil. Está prevista, também, a instalação de oito Centros de Apoio ao Produtor, que fornecerão infra-estrutura ao pequeno produtor integrado (capacitação e assistência técnica), a pré-engorda dos alevinos, apoio logístico e pré-beneficiamento dos pescados.

A empresa garantirá, regularmente, a compra de toda a produção dos produtos de tilápia, a exemplo do que já ocorre com seus fornecedores. Ao não privilegiar os peixes nobres e ao evitar sazonalidades nas compras, a companhia estabelece relação de fidelidade com os fornecedores, fortalecendo a parceria entre eles. Da mesma forma, em relação aos parceiros produtores de camarões, a companhia mantém contratos de compra com volume fixo e de fornecimento de pós-larvas e ração, além de garantir assistência técnica na produção e no manejo dos camarões.

Com relação ao camarão, o projeto de processamento resultou de oportunidade identificada no mercado internacional, uma vez que o preço dos produtos assim elaborados são em média 30% mais altos do que o preço da commodity

O projeto irá se beneficiar de toda a infra-estrutura de distribuição e comercialização já desenvolvida pelo grupo Netuno no Brasil e no exterior, com a utilização da marca Netuno para ampliação imediata das vendas.