Casa nova: Defensoria Pública ajuda pessoas em situação de rua a mudarem de vida
Com uma infância difícil, problemas com drogas e hoje mãe de sete filhos, Fabiana Aparecida viveu 20 anos em situação de rua. A mulher, hoje com 35 anos, agora exibe orgulhosa o comprovante de residência: por meio do projeto do Governo de Brasília “Cuidando da Vida e Serviço de Convivência”, o qual a Defensoria é parceira, a família de Fabiana conseguiu o auxílio para pagar o aluguel de uma casa no Riacho Fundo.
Para ser contemplada no projeto, Fabiana precisava começar do zero. A Defensoria ajudou a moça e a família na retirada de documentos pessoais e na articulação com a rede de atendimento às pessoas em situação de rua. Na última quinta-feira (10), foi realizado mais uma etapa do mutirão de atendimento psicossocial e jurídico da Defensoria Pública do DF, desta vez no Setor Comercial Sul.
Fabiana e o esposo, Eliovan Evangelista, compareceram para solicitar auxílio da Defensoria mais uma vez: a moça precisava fazer o recadastramento para receber benefícios, como o Bolsa Família. “Ela já nos procurou também para tirar a Certidão de Nascimento. Sem ela, não se pode ter a identidade e, consequentemente, nenhum benefício dos quais ela está sendo contemplada é concedido”, conta a psicóloga da Defensoria, Roberta de Ávila.
Recomeço
O destino de Fabiana e Eliovan estava traçado: ele é filho do padrinho de Fabiana e só depois de muito tempo resolveram ficar juntos. “Eu morei durante um tempo em uma invasão e eles também moravam lá. Eu cheirava Tiner, mesmo estando grávida, e meu padrinho e a esposa viam isso e sempre me davam muitos conselhos. Quando eu tive minha filha mais velha, eles foram me ver no hospital e eu pedi para que eles fossem meus padrinhos. Eles sempre cuidaram de mim”, conta.
Fabiana e Eliovan assumiram o romance, entraram no mundo do crack e passaram a viver sozinhos na rua, contando com a ajuda de familiares para não deixar os filhos passarem pelo mesmo sofrimento.
Eles então passaram a vender – há um ano e meio – a revista Traços, publicação comercializada apenas por pessoas em situação de rua, onde R$4 dos R$5 cobrados ficam para o vendedor. “Foi a revista que deu uma levantada em minha vida”, diz. A família ficou sabendo do projeto “Cuidando da Vida” por meio da revista e com os parceiros do projeto.
Há duas semanas morando em uma casa, três dos sete filhos já voltaram a morar com os pais. Dois ainda estão com o sogro. Com o apoio da família, ela espera sair completamente do mundo das drogas e construir uma nova vida. Tainá, a filha mais nova, diz que “nunca mais quer sair de perto dos pais”.
Agora, graças aos filhos, marido e toda a rede de acolhimento que faz a redução de danos e tenta tirar as pessoas da situação de drogas, Fabiana vislumbra uma vida melhor: sonha em ser costureira e já está, inclusive, matriculada em um curso de corte e costura.
Acolhimento
Para o defensor público do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria, Daniel Oliveira, estes atendimentos itinerantes junto à população de rua se resume a acolhimento e confiança. “Esta pessoas enxergam na Defensoria uma parceira, pois não se aproximam de qualquer outro local, com medo de serem presos. Aqui eles contam o que passam e até falam o nome. Hoje mesmo veio uma senhora que nunca havia dito o nome para ninguém, querendo saber se tinha mandados de prisão”, conta o defensor.
Roberta D´ávila explica que nestes atendimentos itinerantes aparecem coisas que fogem um pouco da alçada da Defensoria, mas a instituição acaba ajudando pelo grau de delicadeza. “As pessoas em situação de rua têm uma resistência, pois já têm a autoestima baixa, são estigmatizadas, então não gostam de serem atendidas ou abordadas por qualquer pessoa. Tem que ter todo um manejo, um cuidado no trato. Aqui eles sentem proteção.”, explica a psicóloga.
Dávini Ribeiro
da Assessoria de Comunicação
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