Ciclo de palestras da Defensoria Pública leva educação em direitos a adolescentes em UNEIS
Em sua grande maioria, os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas nas Unidades Educacionais de Internação (UNEIs) de Campo Grande não sabem quais direitos lhes são garantidos e, muito menos, conhecem o Estatuto da Criança e do Adolescente, lei que trouxe avanços jurídicos ao país, considerando a criança e o adolescente como sujeito de direitos.
Foi com o objetivo de explicar quais são essas garantias oferecidas pela Legislação brasileira que o Defensor Público Rodrigo Zoccal Rosa, lotado na 5ª Defensoria Pública da Infância e Juventude, idealizou um ciclo de palestras nas UNEIs da Capital.
Em parceria com a Defensora Pública Débora Paulino de Souza, foram realizadas palestras em todos os pavilhões da UNEI Dom Bosco nos meses de outubro e novembro.
Outras edições estão programadas para acontecer na Unidade Educacional de Internação Feminina Estrela do Amanhã, na Unidade Educacional de Internação Provisória Masculina Novo Caminho e na Unidade Educacional de Semiliberdade Masculina Tuiuiú.
Prevenção às drogas
De acordo com os defensores públicos da infância e juventude, muitos adolescentes em conflito com a lei são usuários de drogas.
“Em uma perspectiva otimista, de cada 10 jovens internos na Unei, 8 usam algum tipo de droga. As mais recorrentes são a maconha, o crack e a pasta base. É alarmante porque mostra que estamos encarcerando pessoas que precisam de tratamento especializado. Prevenir e apresentar os riscos que o uso de substâncias ilícitas causam são alguns dos objetivos deste ciclo de palestras”, afirmou o Defensor Rodrigo Zoccal Rosa.
Outra problemática apresentada é o tráfico de drogas liderado por adolescentes.
“Temos uma quantidade significativa de jovens atendidos na Unei que são filhos de presidiários. Quando perguntamos por que eles entraram no tráfico de drogas a resposta é sempre a mesma: comecei quando meu pai foi preso. Ou seja, o pai comandava uma ‘boca de fumo’, foi preso e esse adolescentes não teve escolha, assumiu e deu continuidade ao tráfico. Quando um chefe de boca é preso, alguém tem de assumir e esse alguém, na maioria dos casos, tem sido nossos jovens, que acabam sendo internados. É uma estagnação social, é como se a história se repetisse. O pai foi traficante, o filho também será”, afirmou.
Além da prevenção ao uso de drogas, as palestras têm a função de fazer com que estes jovens saibam quais são os seus direitos e possam reivindicá-los, assim como mostrar que com capacitação e estudo eles podem se ressocializar e ter perspectiva em seus futuros.
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