Comemorar ou lamentar?
A recente decisão proferida em sede recursal pelos desembargadores do TRF-4, acerca da ação movida contra o ex-presidente Lula, a meu ver, não deve ser comemorada ou lamentada do ponto de vista social. Tenho a convicção firmada sobre a culpabilidade do ex-presidente não apenas neste, mas nos demais casos em que esteve envolvido, mas, a par disso, vejo com pesar a constatação de que um eminente líder surgido no meio fabril e que redesenhou o cenário político nacional tenha caído em desgraça de tal magnitude, levando consigo todo um processo histórico que foi construído a muito custo e que deveria ser conservado para a posteridade como um verdadeiro legado histórico e social.
Aqueles que comemoram, o fazem ante a inevitabilidade de ver a consolidação de um processo que encerrou um período repleto de escassez de moralidade e de honestidade. Ve-se que a decisão proferida em grau de recurso, por sua unanimidade, evidenciou dois elementos essenciais para a consagração do Estado Democrático de Direito.
O primeiro, diz respeito à sagração do princípio do devido processo legal e suas nuances que reverberam como um alerta que o Judiciário Brasileiro encontra-se inserto em um grau de coesão harmônico.
O segundo versa sobre a solidificação da construção de um processo penal cuja consistência antes juridicamente perfeita, foi coroada pelo júbilo do enaltecimento da verdade ante o Direito.
Já aqueles que lamentam, assim agem preocupados apenas e tão somente com seus próprios umbigos, vez que, enaltecer a luta armada, ou apedrejar o Judiciário não constituem a melhor forma de travar-se o bom combate, que deve ser travado no âmbito da dignidade e da moralidade.
Lamentar com os dizeres "cair atirando", não é uma forma democrática de reação. O país passa por um momento extremamente delicado, com Estados quebrados, criminalidade em alta e ausência de recursos financeiros, deixando a população à míngua de melhores expectativas.
Deveria-se, sim, lamentar-se o fato de que erradicar a miséria não se limita apenas a dar uma "bolsa", e muito menos implementar planos de aceleração econômica sem o devido lastro.
Ante tal cenário, e com as perspectivas para as próximas eleições, com um conjunto de candidatos que de modo algum são capazes de expressar o anseio nacional por dignidade, honra, seriedade, tolerância e bom senso, que nosso momento histórico exige, nada há que se comemorar ou lamentar que não seja o anseio de que os bons ventos da mudança soprem em nosso favor.
“Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia.” ― Nelson Mandela (disponível em: https://kdfrases.com/frases/democracia)
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