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16 de Junho de 2024

Consumo e Consumismo - Des. Brandão de Carvalho

há 10 anos

Vivenciamos hoje uma exacerbação do consumo dentro de nossa sociedade que sem freios e contrapesos se alastra em todas as classes sociais, a mercê não tão somente da índole de cada consumidor, mas alavancado pela onda midiática e até certo ponto perversa nos meios de comunicação social.

As pessoas desavisadas levadas pelo ímpeto das grandes redes da internet, mídia jornalística e televisiva chegam a compulsão do gasto de seus haveres, aniquilando, dilapidando, dissipando seus parcos orçamentos, arruinando sua base econômico-financeira.

O consumo em seu aspecto vernacular, no âmbito do conceito econômico, é a utilização de mercadorias e serviços para a satisfação das necessidades humanas. Não há a menor dúvida, que somos consumidores até mesmo antes do nascimento, quando no útero materno, necessitamos dos alimentos para a finalização de uma regular gestação no período uterino. O consumo é fator primordial para o exercitamento de nossa própria vida dentro dos parâmetros normais da atividade humana.

De outra parte, temos o consumismo que é a tendência de comprar exageradamente sem freios inibitórios a esta prática nociva e degradante de muitas pessoas que não se refreiam, não se contém ou se moderam e caem no abismo do eterno pagador de dívidas e mancham seus nomes nas sociedades protetivas de crédito, tornando-se um ficha suja dentro do espectro social e econômico.

O consumismo hoje é tratado como uma doença com reflexos psicológicos gravíssimos onde os indivíduos perdem até mesmo sua identidade em nome da ostentação que não podem assumir, às vezes pela própria hipossuficiência financeira, mas tangido pela exibição aparatosa, magnificente e luxuosa de opções aos desavisados consumistas de plantão. A compulsão consumista é realmente uma doença grave que vem a reboque das falsas promoções e que levam os consumistas à beira dos caos!

As estatísticas nos mostram o índice vexatório de pessoas endividadas no uso do cartão de crédito ou do cheque especial. As supostas facilidades são postas ao domínio público e na maioria das vezes se troca gatos por lebre em face da massificação da propaganda em todos os meios de comunicação social. Como se não bastasse os valores exorbitantes dos bens ao adquirir, tem-se os juros astronômicos impagáveis por aqueles que retardam na prestação de seus compromissos financeiros. A propaganda, a difusão de mensagem, de caráter informativo e persuasivo, por parte de anunciante identificado e se perfaz mediante compra de espaços na TV, jornal, revistas, internet, redes sociais etc. e que interage irremediavelmente perante seu interlocutor.

Afora a propaganda regular, temos doutra parte a propaganda enganosa verdadeira rede de logro, armadilha e embuste que mediante a falsa ilusão, carreia para si uma multidão de desavisados que imprudentemente e levianamente caem na armadilha bem arquitetada. Estes acontecimentos são diários e comprovados às escâncaras até diante de empresas fantasmas que se multiplicam por aí afora com anúncios mirabolantes, fantasmagórico, ilusório, irreal e fraudulento, tendo como escopo o logro frente ao ingênuo a que tudo acredita.

Até as nossas datas mais importantes foram subvertidas em nome do consumismo excessivo, colocando a margem a simbologia desses dias importantes para a própria humanidade. O Natal, no qual comemoramos o nascimento de Cristo, foi totalmente transfigurado em nome do Papai Noel grande consumista da civilização ocidental. A Semana Santa se transformou no período de maior venda de pescados e ovos de páscoa, onde os preços pululam, se multiplicando com rapidez sobrando na ceia dos abastados e faltando na mesa do pobre, onde Cristo deve está. O dia das mães, outra data significativa, como o dia dos pais se tornavam a menina dos olhos dos comerciantes para desovarem seus produtos postos à prateleira.

Enfim, tudo gira em cima do lucro que é o interesse, o ganho, o rendimento do capital investido que é interesse produtivo, onde é a palavra de ordem para o enriquecimento de muitos e em contrapartida, o empobrecimento de tantos quantos não tem ascendência ao mercado e ficam marginalizados quanto ao consumo necessário a própria vida.

Muitas famílias, uniões conjugais se desfazem em virtude do consumismo exagerado, cujas dimensões ultrapassam o natural ou o ordinário de um orçamento compatível com as necessidades mais prementes do núcleo familiar, advindo a figura da ostentação e do fausto, sem as bases financeiras para suporte desta compulsão que deprime e oprime o psicológico de determinadas pessoas.

Hoje, o mundo que nos cerca, é um bazar aberto exposto aos olhos de todos e convencidos pela publicidade, interagimos no mundo do consumismo em proporções tais que só damos conta no fundo do poço onde a água já nos fez afogar diante às belezas expostas como chamariz, à negaça de nosso desejo perdulário e dissipador.

Este artigo de caráter eminentemente pedagógico tem como escopo chamar a atenção dos consumistas para frearem seus instintos esbanjadores, impor limites nos parâmetros de sua suportabilidade econômica financeira, viver conforme os seus ganhos em prol de uma saúde financeira exemplar, dentro de sua capacidade sem onerar o seu orçamento doméstico.

Desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho

Decano do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí e Presidente da Academia de Letras da Magistratura Piauiense

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