CONTRATOS DE ALUGUEL DEVEM TER REAJUSTES SUPERIORES A 4,53% NESTE ANO
As imobiliárias registraram, em janeiro, um importante aumento na procura por aluguel, após um período em que as vendas de unidades novas se destacaram. A compra de imóveis viveu um boom a partir de 2007 no país inteiro e, de maneira especial, na capital federal. O freio na oferta de crédito e uma menor facilidade nas condições de financiamento imobiliário, desde o ano passado, no entanto, fizeram muitos brasilienses adiarem planos e optarem por morar mais tempo de aluguel.
O aquecimento do mercado deve provocar os reajustes, que, de imediato, serão sentidos somente por inquilinos cujos contratos estão prestes a vencer. Pela lei que rege as relações de locação, aumentos para ajustar os preços aos valores de mercado só podem ser aplicados ao fim dos contratos, ou seja, após três anos de vigência. Antes disso, devem seguir a atualização anual do IGP-M, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em dezembro de 2010, de acordo com o último boletim do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), o índice de rentabilidade em Águas Claras, no Guará e no Plano Piloto - regiões com expressivas amostras de locação - variou entre 0,28% e 0,47%. O presidente da entidade, Carlos Hiram, diz que, daqui para frente, o mercado vai buscar percentuais entre 0,5% e 0,8%. "Não será aumento, os preços apenas ficarão coerentes. Os valores cobrados hoje estão muito defasados", argumenta.
Oferta
Para o vice-presidente do Secovi-DF, Ovídio Maia, o mercado de locação ainda engatinha. O crescimento, reforça ele, virá acompanhado do aumento da oferta de imóveis. Dezenas de prédios serão entregues este ano em Águas Claras, por exemplo, onde o aluguel é mais rentável. Os primeiros apartamentos do Noroeste também ganharão o mercado no segundo semestre de 2012. "Sem contar com os empreendimentos em cidades como Gama, Sobradinho e no Entorno", completa.
Início de ano costuma ser uma boa temporada para locatários. Nesse período, os brasilienses têm mudado de endereço com mais frequência para morar mais perto do trabalho ou da escola dos filhos. "E nem todo mundo tem condição de manter um financiamento imobiliário até o fim", pondera Hugo Coutinho, diretor comercial de uma imobiliária com forte atuação no Guará e em Águas Claras. Em janeiro, ele conseguiu inquilinos para unidades encalhadas há mais seis meses.
Os números referentes às transações no mês passado ainda não foram consolidados pelo Secovi-DF, mas representantes do mercado antecipam que o resultado superou o do mesmo mês de 2010, sinalizando a tendência de aquecimento para os próximos meses. "Um mês ainda é pouco para analisar, mas o índice de locação está crescendo, junto com a oferta", confirma Coutinho. As quitinetes se mantêm em alta, com participação de 21% no total de imóveis disponíveis.
Sócio de outra imobiliária do DF, o economista Gilvan João da Silva acrescenta que os maiores retornos são obtidos justamente com a locação de unidades pequenas. Ele também aposta em mercado pujante em 2012. "Com a economia brasileira crescendo, os índices de rentabilidade tendem a se aproximar cada vez mais dos observados em países desenvolvidos", analisa Silva, ao destacar os percentuais anuais na casa de dois dígitos registrados em países da Europa e nos Estados Unidos.
Cálculo
O índice de rentabilidade diz respeito à proporção do preço do aluguel em relação ao valor venal do imóvel. Por exemplo, se a residência custa R$ 500 mil e o aluguel dela vale R$ 2,5 mil, o índice de rentabilidade é de 0,5%.
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