Corpo de vítima do acidente da Air France é recuperado
Por Catherine Bremer
PARIS (Reuters) - O corpo de uma das 228 vítimas do acidente com o voo da Air France que caiu no oceano próximo à costa brasileira no trajeto Rio-Paris em 2009 foi cuidadosamente retirado nesta quinta-feira de uma profundidade de 3.900 metros.
O corpo --preservado pela alta pressão e as baixas temperaturas enquanto permaneceu junto aos destroços do avião durante quase dois anos-- ainda estava preso ao assento pelo cinto de segurança quando investigadores franceses o trouxeram a bordo do navio de busca com um robô submarino, disse um porta-voz da operação, realizada próximo à costa nordeste do Brasil.
Foi a primeira tentativa da equipe francesa de trazer restos humanos do fundo do mar. A equipe recuperou recentemente as duas caixas-pretas com gravadores de voz e de dados dos destroços.
"Estávamos tentando trazer (o corpo) desde ontem. Demorou muito tempo" , disse o porta-voz, que estava na sede da polícia federal em Paris.
"É difícil porque os corpos estão bem preservados no fundo do mar por conta da pressão e da temperatura, mas trazê-los para cima para águas mais quentes provoca a decomposição."
Investigadores e parentes das vítimas esperam que os gravadores do voo ajudem a explicar o que causou a queda do avião no mar ao enfrentar tempestades após sua decolagem do Rio de Janeiro em 2009, matando todos os 228 passageiros e tripulantes.
Cerca de 50 corpos foram recuperados pelas Forças Armadas do Brasil nos primeiros dias após o acidente.
Dois anos depois, a equipe de buscas francesa encontrou mais corpos junto aos destroços do Airbus 330-203 localizados no início de abril, após mais de dois meses de buscas no fundo do mar. Os corpos foram vistos em fotografias capturadas pelos submarinos não-tripulados.
"Esse primeiro corpo que foi pinçado agora do fundo do mar, eu tive a sensação de ser o meu filho. Acho que cada família sentiu isso" , disse o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho, à Reuters TV no Rio de Janeiro.
Segundo carta enviada pelo governo francês aos familiares das vítimas, outras tentativas de recuperar corpos serão feitas nos próximos dias.
"Em caso de confirmação de sucesso, a equipe de especialistas... será reforçada quando da permutação das tripulações", disse a carta enviada na manhã desta quinta.
Familiares franceses e brasileiros das vítimas estão divididos quanto a recuperar os últimos corpos ou deixá-los em paz onde estão.
Alain Jakubowicz, advogado que representa algumas dessas pessoas, afirmou que era um grande sucesso ter conseguido recuperar um corpo a quase 4 quilômetros de profundidade, mas que ainda não era garantido o sucesso de outras operações.
"Nesse estágio, nada é garantido", disse.
O Ministério do Interior francês informou em comunicado que investigadores a bordo do navio de busca retiraram amostras de DNA do corpo, que serão enviadas à França junto com as duas caixas-pretas e utilizadas para tentar identificar a vítima.
Teorias sobre a causa do desastre têm destacado a possibilidade do acúmulo de gelo nos sensores de velocidade da aeronave, que pareciam ter informado leituras inconsistentes antes de a comunicação ser interrompida.
(Reportagem adicional da Reuters TV)
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