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24 de Maio de 2024
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    Criança permanece com família adotiva mesmo sem consentimento da mãe biológica

    há 13 anos

    O STJ determinou a permanência de uma menina com seus pais adotivos, mesmo tendo sido constatado que a mãe biológica foi forçada a entregar a filha para adoção Os ministros da 3ª Turma entenderam que o interesse da criança deverá prevalecer na disputa entre as duas famílias e decidiram que o melhor para ela é continuar com a família adotiva, que desde seu nascimento, há quase nove anos, supre suas "necessidades materiais e afetivas para uma vida digna"

    A mãe biológica entregou a filha para adoção logo que nasceu, afirmando que não possuía condições financeiras para criá-la Um mês depois, um casal requereu a adoção da criança, fruto de uma relação incestuosa entre a mãe, menor de idade na época, e seu padrasto Na ocasião, o casal recebeu a guarda provisória da menor Quatro meses depois, a mãe biológica se retratou quanto às declarações de que queria entregar a filha, revelando que apenas consentiu com a adoção porque foi coagida por seu pai

    Com a retratação da mãe, o Ministério Público do Distrito Federal requereu a anulação de todo o processo de adoção e a marcação de nova audiência Os pais adotivos sustentaram que desconheciam os fatos relatados por ela e insistiram na adoção, mas concordaram em ouvir novamente a mãe A Seção de Adoção da Vara da Infância e da Juventude emitiu laudo informando que a mãe biológica parecia empenhada em "estabelecer uma aproximação física e afetiva com a filha" durante as visitas, mas ao mesmo tempo a menina desfrutava de "todo carinho e atenção "na convivência com os pais adotivos

    A sentença foi favorável à adoção, ao entendimento de que a mãe biológica não dispunha de condições materiais e psicológicas para cuidar da filha e lhe propiciar cuidados semelhantes aos que ela estava recebendo da família adotiva embora tenha sido esclarecido que as condições financeiras não eram requisito único para fundamentar a decisão

    A mãe biológica interpôs recurso no TJDFT, que reconheceu a coação para entrega da criança e considerou que o longo tempo em que a menina esteve com a família adotiva não poderia prevalecer sobre o direito de a mãe criar sua filha Segundo o acórdão, a adoção de criança ou adolescente que possua pais conhecidos depende da anuência dos genitores, exceto se desprovidos do poder familiar: "Essa condição emerge do direito natural que é assegurado aos pais de terem consigo os filhos e dirigir-lhes a educação, e, em contrapartida, do direito natural resguardado aos filhos de serem criados e educados no seio da sua família biológica"

    Interesse da criança

    Os pais adotivos entraram com recurso no STJ A relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, afirmou que "as disputas que envolvem guarda ou adoção de criança sempre vêm envoltas em muitas e múltiplas emoções, que opõem genuínos direitos e interesses, e não se pode pretender solver querela que trate da adoção por singela aplicação pura e literal da lei"sob pena, segundo ela, de se "vulnerar o princípio do melhor interesse da criança, cuja intangibilidade deve ser preservada" Sendo assim, a ministra considerou que os direitos dos pais adotivos e da mãe biológica não deveriam prevalecer sobre o direito primário e maior da criança, à qual deveriam ser asseguradas condições mínimas de desenvolvimento sociopsicológico

    Citando trecho do acórdão do tribunal de segunda instância, a ministra destacou que a menina não conhece outra referência familiar a não ser os pais adotivos, os quais, mesmo com três filhos e já com certa idade, se dispuseram a assumir a condição de pais de uma criança com a qual não possuem laços consanguíneos

    A relatora disse que a menina, "nesse período, além de construir todos os vínculos emocionais inerentes a um grupo familiar, também adquiriu suas noções próprias de crenças, hierarquia, autoridade, respeito, compartilhamento, deveres e direitos e todos os demais elementos de formação cultural"A ministra afirmou ainda que a entrega da guarda da menina à mãe biológica custaria a "sofrida necessidade de readaptação" a valores e costumes diferentes daqueles constituídos desde seu nascimento

    A 3ª Turma acompanhou a relatora de forma unânime "Não se ignora o sofrimento da mãe biológica da adotanda, nem os direitos que lhe são inerentes frutos de sua maternidade , porém, nem aquele nem estes são esteio suficiente para se fragmentar a família de fato da menina e colocá-la em verdadeiro limbo emocional, afastando-a de suas únicas referências de amor, solidariedade, conforto, autoridade, em suma, desligando-a daquela que sempre foi a sua família", afirmou a ministra Nancy Andrighi

    O número deste processo não é divulgado em razão de sigilo

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/crianca-permanece-com-familia-adotiva-mesmo-sem-consentimento-da-mae-biologica/2760255

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