Crise suspende fusões e aquisições nos escritórios
A crise financeira já tem trazido impacto nos negócios efetuados no Brasil, segundo os grandes escritórios de advocacia que atuam no setor empresarial. Muitos advogados afirmam que os processos de fusões e aquisições estão paralisados e que as empresas já começam a renegociar contratos de compra e venda em função dos juros e da precificação de ativos.
Algumas operações de fusões e aquisições assessoradas pelo escritório Pinheiro Neto Advogados já foram suspensas temporariamente com o agravamento da crise nas últimas três semanas, segundo o sócio-administrador do escritório, Alexandre Bertoldi. Isso porque a maioria dessas operações depende de financiamento ou de trocas de ações - que, diante da oscilação de valores, não estão em um bom momento para serem efetivadas. Já operações de fusões e aquisições que estavam em andamento estão sendo renegociadas, justamente por conta de mudança no valor dos ativos. É o caso de três clientes assessorados pelo escritório TozziniFreire, segundo o advogado José Luis Freire, sócio da banca - entre elas a compra da Aracruz pela Votorantim, que tem passado por uma renegociação de valores.
No escritório Felsberg Advogados, somente são finalizados os negócios que já estavam adiantados, ou seja, em vias de fechamento. Quanto às operações de financiamento realizadas sob a orientação do escritório, a maioria aguarda o desenrolar da crise. "Só nos casos em que já houve renegociação de juro que a operação continua, como já ocorreu com dois dos nossos clientes", afirma o advogado Thomas Felsberg, sócio da banca.
Mesmo com a diminuição no ritmo de operações como reflexo da crise, o advogado Paulo Rocha, do escritório Demarest & Almeida Advogados, afirma que existem empresas mais capitalizadas, principalmente multinacionais, que se beneficiam com a alta do dólar, e fundos de investimentos de private equity que aguardam o surgimento de empresas em dificuldade para fazer negócios.
Outras empresas que não estão em boa situação e haviam recebido, no passado, propostas de compra por fundos de private equity também começam a repensar essas possibilidades. A advogada Fabiana Fagundes, do escritório Barbosa Müssnich & Aragão Advogados, conta que a banca assessora um fundo que pode estar em vias de fazer uma aquisição. "Agora, a empresa repensa se vai continuar sozinha ou se irá vender seu controle para o fundo", afirma a advogada.
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