Delação premiada é assunto ríspido, não se podendo banalizá-lo
O homem (não só ele) é animal imitador por excelência. Repetir é aprender. Faltando exemplo melhor, vale a rememoração da velha Grécia, sabendo-se que Demóstenes era gago. Encheu a boca de pedras do rio e ficava horas repetindo a mesma palavra. Um antigo preceptor do escriba, também disfêmico, usava castanholas plásticas na boca, insistindo em dizer “anticonstitucionalissimamente”. Tornou-se excelente orador de Júri.
O que vale para curar a gagueira, vale também para tornar banal a delação premiada. É só repetir.
Na linguagem de beira de cais, delação premiada é cagüetagem[1]. Delata-se por vários motivos: satisfação econômica, castigo menor, sadismo, ódio, culpas, vingança enfim. Há as que cagüetam por amor, com o fim de afastar uma rival. Que beleza!
Tais considerações servem, já se viu, de parâmetro à denominada delação recompensada, importada por nós da América do Norte, acompanhada da chamada leniência. Conheçam-se sinônimos de leniente. Um dos melhores dicionários existentes na praça, prefaciado, inclusive, por nosso Chico Buarque, aquele da Dança da Bailarina (Procurando bem, todo mundo tem pereba, só a bailarina que não tem), exibe sinônimos: leniente é tolerante, transigente, complacente, condescendente, indulgente, benigno, agatóide, obsequioso, clemente. Diga-se, então...
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