Deputados afirmam que secretário da Contag não cometeu crime
O deputado Heitor Schuch (PSB-RS) afirmou, há pouco, na CPI da Funai e do Incra, que não houve crime na fala do secretário de Finanças e Administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras dos Santos, em cerimônia no Palácio do Planalto no último dia 1.
Aristides disse: “A bancada da bala no Congresso Nacional, vocês sabem que é forte, e a forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo. E a Contag e os movimentos sociais do campo é que vão fazer isso.”
Para Schuch, integrantes da CPI “fazem tempestade em copo d’água” ao convocar Aristides. “Quem de nós já não falou algo na emoção e depois pensou que não precisava ter dito aquilo?”, questionou. Além disso, para o parlamentar, as perguntas feitas pelo relator, Nilson Leitão (PSDB-MT), não têm relação com o objeto da CPI. Mais cedo, o relator afirmou que Aristides reside em apartamento na Asa Sul e que o padrão de vida do depoente é muito distinto dos trabalhadores que ele representa.
Schuch acredita que não há problema algum com fato de os dirigentes da Contag que atuam em Brasília “terem um lugar para morar” e observou que isso acontece em todas as confederações. “Estou envergonhado e constrangido com o que está acontecendo aqui. Estamos baixando o nível”, ressaltou. Já o relator argumentou que o dirigente tinha o direito de responder e não o exerceu, e afirmou que vem sofrendo ameaças.
Objeto da CPI
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) acredita que o depoimento não tem relação com o objeto da CPI. Para a deputada Erika Kokay (PT-DF), os integrantes da CPI promovem tentativa de calar os trabalhadores do campo e de criminalizar os movimentos sociais. O deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA) também acredita que membros da CPI tentam constranger uma liderança social.
O deputado Padre João (PT-MG) afirmou que quem incita a violência são deputados na Casa. Ele citou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que mais cedo defendeu o direito de todo proprietário de terras ter armas para defesa própria. "No passado, padre como ele levaria cascudo", rebateu Bolsonaro. Novamente, uma discussão começou e o clima de tensão se acirrou na CPI.
Mortes de sem-terra
O deputado Marcon (PT-RS) concordou que a fala do depoente não é crime. “Enquanto ele falava, dois sem-terra eram mortos no Paraná”, acrescentou. Ele disse que acontece na CPI mera disputa ideológica, e o dirigente da Contag estaria sendo humilhado na comissão. O deputado João Daniel (PT-SE) acrescentou que um sem-terra na Paraíba também foi morto na semana passada.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) afirmou que quem deve explicações à CPI são os responsáveis pelas centenas de mortes dos sem-terra nos últimos anos. Para ele, há tentativa por parte de integrantes da CPI de criminalizar a Contag. “Todo mundo sabe aqui que ninguém vai invadir a casa de ninguém. Eles só querem constranger você, Aristides, e usar a CPI como palanque para o debate do impeachment”, disse.
A reunião da CPI continua no plenário 9.
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Tempo real:
- 11:35 - Clima de tensão se acirra na CPI da Funai
- 11:24 - Deputada esperava desculpas de secretário da Contag em CPI da Funai
- 10:56 - Relator da CPI da Funai diz que secretário da Contag ameaçou deputados favoráveis ao impeachment
- 10:12 - Secretário da Contag tem liminar para se manter em silêncio na CPI da Funai
- 08:37 - CPI da Funai ouve hoje secretário da Contag
Edição - Marcia Becker
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