Dia da Advocacia
E não dia " do advogado": como a linguagem influencia o machismo?
Hoje é tido como o dia "do advogado". Ocorre que linguagem é poder e demarca uma realidade: o machismo no sistema de justiça que mulheres advogadas sofrem.
Seja por serem novas e bonitas.
Ou por serem o oposto disso.
Por serem simpáticas "de menos" ou intransigentes demais.
Fato é que sempre se é algo demais ou de menos, e esse "algo" nada tem a ver com capacidade ou competência, mas simplesmente por não sermos homens, o que automaticamente nos coloca sob contínua análise.
O fato de não ser homem faz com que sejamos interrompidas em nossas falas e sejamos chamadas de histéricas ou "criadoras de caso" quando defendemos o direito de nossas clientes. Ser mulher autoriza que colegas advogados nos ataquem pessoalmente - com adjetivos pejorativos - no bojo de um processo judicial.
Essas violências são tão naturalizadas que se tornam invisíveis, como algo inerente à profissão e ao próprio sistema de justiça. E qualquer insurgência é vista com antipatia.
Por isso é importante nominar as violências. É imprescindível demarcar que a advocacia é uma classe composta de profissionais e que todas as pessoas merecem igual respeito, sobretudo diante do próprio sistema. E insistir no dia "do advogado" é reproduzir a assimetria de valores que se estabelece entre os sexos, tornando-a institucional.
Não se exige privilégios, se exige igualdade.
Mas quando ela implica na revisão de posturas inadequadas, perde-se o benefício de agir como sempre se fez e invoca-se o mantra de "que agora não se pode falar mais nada".
Problematizar a linguagem é problematizar a realidade. E como a advocacia precisa ser problematizada internamente, antes de poder ser considerada, efetivamente, uma função essencial à justiça!
Parabéns a todxs colegas de profissão, especialmente para as advogadas que buscam combater as desigualdades de gênero no sistema de justiça.
Sigamos juntas!
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