Direitos dos povos ciganos são debatidos no MPDFT
O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) realizou, na manhã desta segunda-feira, 26 de outubro, o seminário "Direitos humanos e povos ciganos no Distrito Federal". O objetivo foi discutir a cultura e as tradições ciganas como forma de combater o preconceito e a discriminação. Segundo o promotor de Justiça Thiago Pierobom, coordenador dos Núcleos de Direitos Humanos do MPDFT, a iniciativa é uma forma de reconhecer as demandas dos povos romani. "A compreensão da cultura e do modo de vida é essencial para conhecermos as dificuldades e violações de direitos que essas pessoas vivenciam", afirmou.
A história dos povos chamados de ciganos no Brasil foi apresentada pela professora Priscila Paz Godoy, mestre em direitos humanos e cidadania. Segundo a pesquisadora, o primeiro registro da vinda de ciganos para o Brasil é de 1574: João de Torres, a esposa e 14 filhos vieram de Portugal fugindo da perseguição aos povos romani. "A racialização dos assim chamados ciganos vem desde a colonização da América", explicou a professora. "Historicamente, o nomadismo pode ter sido uma estratégia de invisibilização devido à discriminação persistente."
Na primeira mesa-redonda, foram discutidas as experiências dos povos ciganos do DF. Wanderley da Rocha e Marlete Queiroz, representantes da etnia Calon, e Márcia Vasconcelos, assessora da Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK/Brasil) trataram de temas como a certificação de terras, as violações de direitos e a importância da geração de dados sobre essa parcela da população. Para Marlete, a liberdade que os povos ciganos buscam é o acesso aos direitos fundamentais. "Liberdade não significa não ter terras, não ter cidadania, não ter estudo. Liberdade é ter direitos", concluiu.
Temas como direitos das mulheres ciganas, religiosidade e trabalho foram apresentados na segunda mesa-redonda. A presidente da AMSK/Brasil, Elisa Costa, discutiu uma pesquisa em andamento sobre educação, saúde e cultura das mulheres ciganas no Brasil. Os dados demonstram que há mais mulheres analfabetas que homens; por outro lado, entre os ciganos alfabetizados, há mais mulheres que homens nos ensinos técnico e universitário. A pesquisa também apresentou o câncer de mama, de pelé e de colo de útero entre as principais causas de mortes das mulheres romani.
Alexsandro Castilho, representante do núcleo familiar Rom Kaldarash, tratou da religiosidade dos povos ciganos. Ele é pastor evangélico e frisou que não existe relação entre a cultura cigana e religiosidade: "O cigano não é uma religião, é um povo", esclareceu. Ele tem usado a religião como forma de restaurar a cultura tradicional por meio de cultos no dialeto romanês. Ele também discutiu as dificuldades enfrentadas pelos ciganos para o exercício das atividades tradicionais no comércio. "Sempre encontramos o mesmo preconceito, o mesmo racismo. Estão fechando as portas para o povo cigano", lamentou.
O evento foi encerrado com o depoimento de Daiane da Rocha, secretária da Associação Nacional das Etnias Ciganas (Anec). Ela acredita que o seminário é uma oportunidade de desmistificar ideias preconcebidas sobre o povo cigano e apresentar as demandas de sua comunidade. "Não queremos deixar nossa cultura morrer", disse.
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