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16 de Junho de 2024
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    DPU lança série Interfaces do Racismo em cerimônia na Câmara dos Deputados

    há 6 anos

    Brasília – Como parte das comemorações pelo Dia da Consciência Negra, a Defensoria Pública da União lançou, nesta terça-feira, 20 de novembro, a campanha Interfaces do Racismo. O evento ocorreu na Câmara dos Deputados e contou com a participação de parlamentares, defensores públicos federais e representantes de movimentos sociais.

    Composta por quatro minidocumentários de cerca de dez minutos, a campanha tem foco na educação em direitos e busca reforçar a mensagem de que o racismo não é só um comportamento, mas um processo histórico e político. A questão é tratada nos eixos institucional, estrutural, ambiental e religioso.

    “Além de promover um espaço de educação em direitos, dentro da questão do racismo, a campanha abre um diálogo permanente para uma finalidade muito maior, que é discutir políticas efetivas de enfrentamento da desigualdade racial no nosso país”, afirmou a coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Políticas Etnorraciais da DPU, defensora Rita de Oliveira. Ela também agradeceu a dedicação de todos os envolvidos no projeto e o apoio dos parlamentares que viabilizaram o evento.

    Na cerimônia de lançamento, foram apresentados o teaser da campanha e os dois primeiros vídeos, “Racismo Estrutural” e “Racismo Institucional”. Após a exibição, personagens que participaram das gravações dos filmes compartilharam suas vivências com a plateia.

    Primeiro a falar, Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto (RJ), ressaltou a importância de ter instituições como a DPU empenhadas em mostrar a realidade da população marginalizada, e lembrou que, para essas pessoas, muitas vezes a única atuação do Estado é a da polícia. “Enquanto estamos conversando, juventudes negras estão sendo exterminadas em todos os espaços dessa nação. Há muito a ser feito. A nossa presença aqui hoje é para provocar, fazer um chamado coletivo de que precisamos falar sobre o racismo, discutir a estrutura do que está posto na sociedade. Porque a principal política pública que chega para nós, em todos os lugares periféricos, vem através da Secretaria de Segurança, uma estrutura racista histórica”.

    Gerfferson Santana, conhecido como mano Sinho, é educador social de Aracaju (SE) e trabalha diretamente com jovens vulneráveis. Assim como Santiago, ele foi um dos personagens do episódio sobre racismo estrutural. “A pauta do nosso povo nunca foi central, por isso os números são irrelevantes para a sociedade, para o Estado. Parece que nada está acontecendo, mas está. Hoje o Estado está legitimando a morte de nossos jovens”, disse.

    Racismo Institucional

    Falando sobre o aspecto institucional do racismo, após exibição do episódio de que participou, Vitor del Rey, cientista social, defendeu que há hoje, no Brasil, duas escolas: uma que forma os líderes do futuro, voltada para quem pode pagar, e outra que forma as pessoas que irão servi-los. Para del Rey, esta é uma das faces mais cruéis da institucionalização do racismo.

    Já Diva de Oliveira, professora aposentada que ficou nacionalmente conhecida após uma intervenção na Feira Literária de Paraty (Flip), contou episódios de racismo que sofreu ao longo de sua formação e carreira. “A escola, que deveria ser um lugar de acolhimento, é a maior instituição do racismo. Eu quis ser professora para não deixar fazer com meus alunos o que fizeram comigo”, disse.

    Por fim, a defensora pública federal Laura Ferrarez, aprovada por cotas no último concurso da DPU, lembrou que o racismo não afeta apenas a população negra, mas gera uma situação social nociva para todos. “Em um momento de crise, temos duas opções. Podemos construir pontes ou erguer muros. Eu quero construir pontes e convido todos a construir também”, disse. Ferrarez também agradeceu a mãe e todas as pessoas negras que vieram antes dela por abrirem os caminhos que a permitiram ocupar, hoje, a posição que ocupa.

    Cerimônia de Lançamento

    Além dos personagens e das defensoras Laura Ferrarez e Rita de Oliveira, compareceram à cerimônia os defensores públicos federais Charlene Borges, membro do GT Políticas Etnorraciais; Renan Sotto Mayor, secretário de Articulação Institucional da DPU; e Igor Roque, presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef). Também estiveram presentes o embaixador da Espanha no Brasil, Fernando Garcia Casas, e diversos parlamentares.

    Em sua fala, o deputado Alessandro Molon (PSB/RJ), que possibilitou a realização do evento na Câmara dos Deputados, citou Nelson Mandela e defendeu a educação para a paz. “A educação pode salvar esse país. Educação no sentido amplo, não só na escola, mas a educação das famílias, que podem criar pessoas que amem os outros pela sua diversidade, por aquilo que elas são” disse.

    Por sua vez, Chico Alencar (PSOL/RJ) afirmou que a DPU é uma das poucas instituições de fato atentas ao sofrimento do povo brasileiro. “A Defensoria Pública da União está dando uma aula, trazendo algo que fica muito invisibilizado. Essa é a verdadeira Defensoria da população, antenada com a dor do nosso povo. A iniciativa da DPU é um pequeno milagre dentro das estruturas institucionais do país”.

    Ainda se manifestaram as deputadas Benedita da Silva (PT/RJ), Janete Capiberibe (PSB/AP) e Maria do Rosário (PT/RS). Também foram registradas as presenças dos deputados Tadeu Alencar (PSB/PE), João Daniel (PT/SE) e Padre João (PT/MG).

    Interfaces do Racismo

    A campanha Interfaces do Racismo está em consonância com os objetivos convencionados na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que proclamou o período entre 2015 e 2024 como a Década Internacional de Afrodescendentes (resolução 68/237), em consideração à necessidade de se reforçar a cooperação nacional, regional e internacional em relação ao pleno aproveitamento dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos de pessoas afrodescendentes, bem como sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade.

    Os vídeos serão postados semanalmente, às terças-feiras, nas redes sociais da Defensoria Pública da União. Para assistir ao teaser da série e ao primeiro vídeo, “Racismo Estrutural”, acesse a página da DPU no Youtube ou no Facebook.

    Veja a galeria de fotos do evento.
    Assista ao Teaser da Campanha.
    Assista ao episódio “Racismo Estrutural”.

    KNM
    Assessoria de Comunicação Social
    Defensoria Pública da União

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/dpu-lanca-serie-interfaces-do-racismo-em-cerimonia-na-camara-dos-deputados/649546241

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