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17 de Maio de 2024
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    Efeitos da revelia se aplicam à fazenda pública se a relação é privada

    Publicado por COAD
    há 12 anos

    Os efeitos materiais da revelia não são afastados quando, mesmo citado, o município deixa de contestar o pedido do autor, sempre que não estiver em litígio contrato genuinamente administrativo, mas sim obrigação de direito privado firmada pela administração pública. O entendimento foi definido pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento de recurso em que o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, foi seguido de forma unânime pelos demais ministros.

    No caso analisado, o município de Monte Carmelo (MG) firmou contrato particular de locação com opção de compra de equipamentos da marca Xerox. Diante do inadimplemento, a Xerox Comércio e Indústria rescindiu o contrato, retomou a posse dos bens locados e ajuizou ação de cobrança no valor de cerca de R$ 115 mil, mais juros.

    O município foi regularmente citado, mas não ofereceu contestação. O Código de Processo Civil (CPC) estabelece que, se o réu não contestar a ação, serão considerados verdadeiros os fatos afirmados pelo autor (artigo 319). No entanto, o CPC ressalva que a revelia não tem esse efeito se o litígio trata de direitos indisponíveis, e a jurisprudência entende que não se aplica o mesmo efeito contra a fazenda pública.

    O juiz de primeiro grau julgou procedente o pedido da ação. Em apelação, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve, em essência, a sentença, alterando apenas os juros. Para o TJMG, tratando-se de cobrança de aluguel de máquinas fotocopiadoras ao município, o julgamento antecipado do pedido, em decorrência da revelia do réu, não configura cerceamento de defesa.

    O município recorreu, desta vez ao STJ, alegando que seria descabida a decretação da revelia em face da fazenda pública, por se tratar de direitos indisponíveis decorrentes do sistema administrativo da indisponibilidade do interesse público.

    Existência da obrigação

    O ministro Salomão observou que o caso tem a particularidade de envolver relação jurídica de direito privado. Nessas hipóteses, permitir uma superioridade no âmbito processual típica das relações contratuais regidas pelo direito público (contratos administrativos) acabaria por desnaturar a própria relação jurídica contratual firmada.

    Conforme destacou Salomão, o juiz de primeiro grau entendeu que, mediante a documentação apresentada pela Xerox, a relação contratual e os valores estavam provados e, pela ausência de contestação, a inadimplência do município também.

    Além disso, o ministro destacou que a ausência de contestação não conduz exatamente à revelia, mas à preclusão quanto à produção da prova que competia ao município. No caso dos autos, foi exatamente o que ocorreu. A prova de pagamento da obrigação é ônus que recai sobre o devedor, concluiu.

    Processo: REsp 1084745

    FONTE: STJ

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/efeitos-da-revelia-se-aplicam-a-fazenda-publica-se-a-relacao-e-privada/100173806

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