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16 de Junho de 2024
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    Enforcado , brasileiro parcela mais

    Bancos e financeiras ampliam prazos de financiamento e o consumidor embarca nas promoções sem fazer muitas contas

    O brasileiro nunca parcelou tanto suas compras como agora. Com o orçamento comprometido com aquisições recentes, como o automóvel, a geladeira, o fogão ou a casa nova as famílias estão espichando o prazo para que as novas compras caibam no bolso.

    Segundo dados do Banco Cen tral, o prazo médio de financiamento concedido aos consumidores entre operações de crédito pessoal, cartão de crédito, aquisição de veículos e ou tros bens atingiu, em de zembro do ano passado, o maior patamar da série histórica iniciada em 2000: 520 dias ou 17,3 meses. No fim de 2008, ele estava em 16,2 meses.

    Dados do Banco Central mostram que a inadimplência de pessoa física fechou 2009 em 7,8%, depois de atingir um pico de 8,6% em maio do ano passado. Segundo a Serasa Experian, a inadimplência deve continuar sua trajetória de queda até meados de 2010, quando deve começar a ganhar algum fôlego. O crescimento acelerado do enpidamento das famílias, a alta da inflação neste início de ano e a elevação do custo dos financiamentos são os fatores que devem interromper a rota de queda. Ainda assim, a inadimplência deve permanecer em patamar de normalidade, de maneira que não irá prejudicar a expansão do crédito às famílias em 2010.

    O perigo, contudo, está em achar que o cenário positivo de 2010 pode se manter por tempo indeterminado, alerta Cerqueira. A alta da inflação, o aumento dos juros e uma eventual redução de liquidez no mercado são fatores que podem provocar estragos no orçamento do brasileiro, diz Cerqueira, que defende que o consumidor evite se empolgar demais. É preciso evitar o parcelamento do cartão do crédito e aos primeiros sinais de aperto, renegociar com a dívida com os bancos e cortar e controlar gastos supérfluos afirma.

    Em busca da parcela que cabe no bolso
    O guarda-roupa, a cozinha e a mesa que o barista João Paulo Dias comprou junto com a esposa, a operadora de caixa Isabel da Silva, foram financiados, mas e o casal já pensa nas próximas aquisições para mobiliar a casa. Queremos móveis para o quarto, como a cama e a mesinha de cabeceira, além de uma máquina de lavar, diz ele, que, embora deseje comprar à vista, admite que a maior parte será financiado. O casal tem que equi librar os gastos das compras à prazo, que comprometem de R$500 a R$ 600 da renda dos dois, de R$ 2 mil.

    Fazendo compras a prazo, podemos usar o que queremos tudo ao mesmo tempo. Com compras à vista, temos que comprar alguma coisa e esperar para poder comprar outra, diz a comerciante Rosi Pascale, que na quinta-feita passada estava em busca de sofá, televisão, cama e máquina de lavar. Se o preço do prazo for o mesmo do à vista, pagaremos as contas parceladas, diz

    O administrador de empresas Leonardo Ferrarezzi acaba de pagar a primeira parcela, de R$ 450, do seu Ford Ka, parcelado em 80 meses. Eu preferi pagar mais parcelas do que me privar de outros gastos diários, afirma ele, que tem uma renda de R$ 2,2 mil. Com uma renda de R$ 1,5 mil, o casal Tania Ribeiro Alves Rodrigues e Diogo Willian Rodrigues também não se im porta com o prazo longo. Casados há um ano, eles adquiriram a cozinha em doze parcelas de R$ 120 e agora querem parcelar a compra computador, geladeira e guarda-roupas.

    Colaborou Carla Bueno Comarella
    A procura por prazos mais longos vem aumentando ano a ano. O brasileiro está comprando mais, os juros estão menores e ele precisa de parcelas que caibam no seu orçamento, diz Eduardo Balarotti, diretor de marketing e vendas da rede de material construção Balaroti. Segundo ele, 50% das vendas do grupo hoje são parceladas, porcentual que deve chegar a 60% até o fim de 2010.

    Na venda de automóveis, esse índice é ainda maior. Cerca de 90% dos carros vendidos no Brasil são financiados. O setor não vende se não oferecer prazo para o cliente, diz Luis Antonio Sebben, diretor regional da Federação Nacional dos Distri buidores de Veículos Automo tores (Fenabrave). Segundo ele, o prazo médio de financiamento dificilmente chega ao limite oferecido pelas montadoras, mas vem aumentando ano a ano. Antigamente, o prazo médio era de 23 meses. Passou para 34 meses e hoje está entre 42 e 43 meses, lembra.

    Passada a crise, com a queda nos juros e a volta do crédito, o comércio também voltou a ampliar seus prazos para atrair os consumidores. A montadora Ford, por exemplo, voltou a oferecer planos de venda de automóveis com pagamento em até 80 meses. No grande varejo, bandeiras como Extra, Walmart e Condor passaram a oferecer prazos de dez a doze meses, que subir para 15, 18 meses no cartão próprio em algumas ações promocionais. Na mesma linha, Magazine Luiza e Pernam bucanas já ampliaram alguns planos para 24 meses com juros.

    Embora muitas vezes vá pa gar mais no fim do financiamento, o brasileiro está mesmo interessado no valor da parcela.O consumidor ainda não faz a conta de quanto vai pagar ao fim do prazo, não mede o tamanho da dívida. Se ele tem uma renda de R$ 1 mil, ele vai pagar R$ 100 com a parcela do refrigerador e não pensa que ao fim de doze meses terá pago R$ 1,2 mil, mais do que um mês do seu salário, admite Jeferson Henrique Guimarães, diretor de vendas da MM Merca domóveis. Atualmente, entre 75% e 80% das vendas da cadeia de lojas de eletrodomésticos são financiadas. De acordo com ele, nos últimos tempos o próprio consumidor passou a exigir mais prazo das redes. Hoje a busca é por planos de dez a doze meses, afirma.

    Boa parte desse fenômeno é explicado por outro fator: o brasileiro também nunca esteve tão enpidado. Um estudo pulgado pela consultoria LCA mostra que o nível de dívida do consumidor bateu recorde no ano passado. Atingiu R$ 555 bilhões, entre cartões de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, empréstimos para compra de veículos, imóveis, incluindo os recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O valor é quase 40% da renda anual da população, que engloba a massa nacional de rendimentos do trabalho e os benefícios pagos pela Previdência Social.

    Em 2008, o brasileiro precisava de 4,3 meses de rendimentos (salários, aposentadorias e pensões) para quitar os empréstimos. No ano passado, esse índice subiu para 4,8 meses, a maior relação entre dívida e rendimentos da série histórica iniciada em 2001. É natural que quanto mais comprometido o orçamento, mais o consumidor parcele suas novas contas, afirma Douglas Uemura, economista da LCA, que prevê que essa tendência veio para ficar. Na comparação com outros países, o grau de enpidamento aqui ainda é baixo. Ao mesmo tempo há muito crédito no mercado e uma de manda crescente, diz.

    Para o economista Luiz Afon so Cerqueira, do conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), consumidor vive um momento de euforia. A retomada do crédito, a confiança na manutenção do emprego, a perspectiva de aumento da renda e o crescimento da economia vêm favorecendo o consumo e, por consequência, o enpidamento. As pessoas não querem abrir mão dos novos sonhos de consumo justamente no momento que passam a ter acesso a ele, diz.

    Fonte: Gazeta do Povo

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/enforcado-brasileiro-parcela-mais/2097490

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