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16 de Junho de 2024
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    Entrevista: Nelson Nazar, presidente do TRT da 2ª Região

    Publicado por Consultor Jurídico
    há 14 anos

    Ao tomar posse da Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo, o desembargador Nelson Nazar recorreu a Henri Lacordaire para apontar como a Justiça deve resolver os conflitos entre o capital e o trabalho: Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, é a liberdade que escraviza, é a lei que liberta.

    Avesso a reformas, Nazar acredita que, apenas com o cumprimento das leis e da Constituição, a Justiça do Trabalho vai contribuir para a distribuição de renda e a diminuição das desigualdades. Não sou um reformista, sou um cumpridor. Se identifico na Constituição uma palavra de ordem, é ela que eu vou aplicar, porque é isso que traz segurança para todo mundo.

    A postura legalista justifica a negação de que a Justiça do Trabalho é protecionista. Para ele, não há perseguição ao capital, já que "a empresa socialmente responsável não tem o que temer", diz. A dualidade capital-trabalho, é uma necessidade estrutural importante em uma sociedade que pretende ser justa.

    À frente da presidência do TRT-2 desde o dia 15 de setembro, após o término da gestão do desembargador Decio Sebastião Daidone, Nazar já investe em mudanças na área técnica do tribunal. O tribunal está fazendo adaptações para implantar definitivamente o processo eletrônico, e iniciou, no dia 22 de novembro, a remessa de recursos por meio digital.

    Para Nazar, diante dos cerca de 4 milhões de processos em andamento na Justiça do Trabalho em todo o país, é a sociedade quem deve cobrar recursos para que a modernização e a informatização traga a esperada celeridade. Essa é uma opção da sociedade. É ela quem tem de ir ao Legislativo e ao Executivo para que seja concedida à Justiça a possibilidade de ela atuar bem, afirma.

    Aos 63 anos, Nazar também é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo desde 1972, e atualmente dá aulas para o curso de pós-graduação da instituição. Advogou por 24 anos, quando também atuou no Ministério Público. Na época, ainda era possível que procuradores federais advogassem. Exerceu a função por dez anos.

    Em seu gabinete, objetos revelam paixões. Na parede, uma camisa do Corinthians autografada pelo jogador Ronaldo pende emoldurada. Presente de um amigo comum com o jogador, a alvinegra mostra o amor sagrado herdado do pai pelo desembargador. Nazar conta ter convidado o Fenômeno para sua posse na presidência da corte, mas o primeiro encontro acabou não acontecendo.

    No canto oposto da sala, uma clássica Olivetti Studio 44, comprada em 1969, é exibida como troféu. Parceira fiel durante os anos de advocacia, a máquina de escrever parece lembrar o presidente de que não há como driblar as mudanças que a informática impõe ao Judiciário, principalmente quanto aos processos inteiramente eletrônicos. Se me aposentasse hoje e tentasse advogar com a minha Olivetti, é claro que não conseguiria.

    Em entrevista à Consultor Jurídico , o presidente do TRT-2 também falou sobre os desafios da Justiça do Trabalho, a flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho, o quinto constitucional e a postura do magistrado em relação a novos recursos que pretendem dar celeridade ao julgamento das ações. Também participou da entrevista o repórter Alessandro Cristo.

    Leia a entrevista:

    C onJur Quais são os planos para sua gestão na Presidência do maior Tribunal Regional do Trabalho do país?

    N elson Nazar Dentro do meu programa de ação, já consegui descentralizar algumas atividades, o que deu mais fôlego à Presidência para implementarmos metas. A principal delas é atender aos jurisdicionados, que querem uma Justiça rápida e segura. A Justiça do Trabalho, embora não seja rápida para o consenso comum, é bem mais rápida do que outras áreas da Justiça, por ter um procedimento mais simplificado. E a ideia é simplificar cada vez mais.

    ConJur Como?

    Nelson Nazar Em primeiro lugar, pela informatização das decisões, que é um projeto que a gente acalenta e que não é fácil de implementar. Diferentemente, por exemplo, do Tribunal Superior do Trabalho, o Tribunal Regional do Trabalho lida com fatos. É muito difícil fazer um esquema de estrutura processual sem papéis que atenda à celeridade dos recursos perante o TST. O Tribunal Superior tem outra estrutura, que trabalha só com questões de Direito. Mas nós estamos caminhando para isso, dando seguimento ao que já foi feito.

    ConJur O que já foi alcançado?

    Nelson Nazar Recentemente, inauguramos o arquivo geral. Com ele, um processo antigo, que se levaria 40 dias para requisitar na vara, mais 15 dias até chegar à mão do interessado, agora pode ser acessado em minutos. Para isso, adaptamos um programa de computador, gentilmente cedido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No local, o jurisdicionado também pode tirar cópias com baixíssimo custo. São quase 2 milhões de processos arquivados.

    ConJur Todo o acervo já está digitalizado?

    Nelson Nazar Estamos em processo de digitalização, o que também não é fácil. Primeiro temos de fazer um ajuste para entrar em consonância com os outros tribunais, de forma a cumprir a determinação de padronização feita pelo Conselho Nacional de Justiça, e de que haja um processo único de digitalização.

    ConJur Como está o processo de padronização da numeração dos processos?

    Nelson Nazar Ocorre simultaneamente nas duas instâncias, embora haja um programa para o primeiro grau e outro para o tribunal. Neste momento, estamos unificando a numeração na forma como quer o Conselho, para que mandemos ao TST todos os processos já digitalizados, sem circulação de papel. A previsão é que em um mês comecemos a mandar o processo digitalizado, o que gera uma grande economia de tempo, além de eficiência no processo. A mecanização é um ajuste essencial à Justiça.

    ConJur Em quanto tempo a numeração estará padronizada?

    Nelson Nazar Minha diretora de informática está indo a Brasília para fazer um curso de atualização. Mas esse processo não é simples. Para nos adaptar a toda estrutura que foi criada pelo CNJ e pelo Conselho Nacional da Justiça do Trabalho, tivemos de fazer muitas adaptações. A promessa do setor de informática é de que até o fim de novembro a remessa dos recursos seja totalmente informatizada.

    ConJur Quais são as dificuldades?

    Nelson Nazar A estrutura dos tribunais está cada vez mais em pirâmide, o que começou após a Emenda 45 à Constituição. Tem de haver compatibilidade do sistema do Tribunal Regional com o do Tribunal Superior e os de outros tribunais. Somos fiscalizados pelo CNJ. Estamos em processo de estruturação de toda essa nova realidade.

    ConJur Os advogados estão preparados para essas mudanças? Como está a implant...

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