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16 de Junho de 2024
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    Especialistas buscam avanços nas ações de prevenção do câncer bucal

    Dos mil novos casos de câncer bucal que surgem no Rio Grande do Sul a cada ano, a metade dos pacientes morre nos primeiros anos após o diagnóstico. A frequência da doença está estável desde 1979, projetando o alcance de 38 mil pessoas em quase quatro décadas, conforme estimativa do Instituto Nacional do Câncer. O assunto foi discutido hoje (24) pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, em audiência pública proposta pelo deputado Eduardo Loureiro (PDT), para avaliar os efeitos da lei estadual 12.535, de 14 de junho de 2006, que instituiu no Rio Grande do Sul o dia 31 de maio como Dia Estadual de Luta Contra o Câncer Bucal. A lei foi iniciativa do ex-deputado Adroaldo Loureiro. Nos encaminhamentos, Eduardo Loureiro anotou audiências com o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, ofício ao ministro da Saúde, Ronaldo Nogueira, e com a Famurs, no sentido de estabelecer diálogo com as instituições para avançar as ações de prevenção da saúde bucal da população. Maio VermelhoA cirurgiã-dentista e estomatologista da prefeitura de Porto Alegre, Juliana Romanini, responsável pela articulação do Maio Vermelho, mostrou os números da doença, que a cada ano alcança novos mil gaúchos e provoca a morte de 50% dos casos nos primeiros anos diagnosticados. São pessoas entre 45 e 70 anos de idade. O tabagismo é o principal fator de risco, ao lado do alcoolismo, a exposição solar dos trabalhadores, produtos químicos e outros fatores. Ela observou que Porto Alegre lidera o ranking nacional em consumo de cigarro - 15% da população adulta é fumante -, e apontou o acesso precoce às bebidas alcoólicas como facilitadores da doença. Diante da constatação de que em 40 anos se mantêm estável a mortalidade de 50% dos casos diagnosticados nos primeiros anos, a profissional identifica a dificuldade para detectar a doença na sua fase inicial, quando é facilmente reconhecida no exame clínico da cavidade bucal. “A doença tem sido identificada nos estágios mais avançados”, lamentou. Na preocupação com a prevenção, Romanini indaga sobre os equipamentos de segurança do trabalho, como o protetor solar para os trabalhadores expostos ao sol, e destaca que as vítimas do câncer bucal estão numa faixa produtiva. Ela contou iniciativa surgida em Júlio de Castilhos, onde através do Odontobaile foi possível realizar os exames de prevenção. Estratégias de ação Romanini avaliou as atividades desenvolvidas pelo comitê das entidades de classe da Odontologia nestes dez anos, depois da lei estadual que instituiu o dia 31 de maio para registrar ações de prevenção, no mesmo dia em que mundialmente o tabagismo é combatido. Tanto os profissionais da Odontologia, auxiliares e agentes comunitários de saúde, quanto a sociedade têm sido acionados anualmente para as campanhas de prevenção ao câncer bucal. Outra estratégia tem sido articular com os municípios essas ações, que focam no diagnóstico precoce e nos problemas nas linhas de cuidado do paciente. Apesar das restrições de recursos, o comitê conta com apoio do Conselho Regional de Odontologia. A Assembleia Legislativa tem participado no patrocínio de cartilhas. Em Porto Alegre, no ano passado a campanha treinou equipes de saúde bucal para a realização das ações de prevenção, incluindo a capacitação para o tratamento do tabagismo. Nove regiões da cidade receberam as ações de prevenção, com o exame de 1.500 pessoas por dentistas da rede municipal e alunos da pós-graduação em odontologia. Dessas pessoas, 10% foram encaminhadas para avaliação especializada com estomatologista e destes, três casos de câncer foram confirmados e estão em tratamento hospitalar. Saúde do trabalhador Pelo Conselho Regional de Odontologia, Márcio André Redmann falou sobre o manual de procedimento para doenças relacionada ao trabalho, destacando o capítulo de doenças do sistema digestivo, onde quatro das oito doenças são relacionadas à cavidade bucal, como as estomatites, o primeiro sinal clínico de possível câncer. “Não existe qualquer política de garantia à vigilância desses trabalhadores dentro das equipes de saúde do trabalho”, referiu, com os números que evidenciam a morbidade elevada e o diagnóstico tardio acontece “porque não temos a vigilância dentro dessa população”. Especialista em odontologia do trabalho, Redmann falou da recomendação do Ministério da Saúde e da Organização Panamericana de Saúde a esse respeito e, também, do Projeto de Lei 422/07, que trata da inclusão do cirurgião-dentista na política de saúde do trabalhador. Ele pediu apoio da Assembleia para esta iniciativa. Pela Secretaria Estadual da Saúde, da equipe de saúde bucal, Maria Rita de Lemos, que auxiliou na construção da lei estadual, destacou os avanços nestes dez anos, mas advertiu que é preciso alinhar a prevenção do câncer bucal com a luta contra o tabagismo. Disse que é preciso trabalhar as vulnerabilidades, “temos um público alvo que não tem acesso às campanhas”, assegurou. Ela estava acompanhada de Jairo Cardoso Alves, também da Secretaria da Saúde. Evelise Tarouco da Rocha, da Saúde Bucal da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, apontou as falhas na linha de cuidado dos pacientes oncológicos, que é o tempo de diagnóstico da doença e o início do tratamento. A cidade ainda não tem equipe de saúde bucal em todas as unidades de saúde e o foco tem sido na linha de cuidado, com a realização do diagnóstico precoce. É boa a cobertura em relação à estomatologia e ao diagnóstico, mas a dificuldade surge no tratamento. “Entre o diagnóstico e o início do tratamento a doença evolui”. O diagnóstico é acessível em menos de 60 dias, conforme determina a lei, mas em torno de 240 a 300 dias é o tempo de espera para o início do tratamento. A cidade não oferece a reabilitação àqueles que ficam com sequelas severas da doença, como perda da mandíbula. Busca ativa dos pacientes Da mesma equipe municipal, Caroline Machado disse que é preciso fortalecer a campanha de ações preventivas, com a aproximação dos médicos de outras áreas. Referiu a experiência de Curitiba, na busca ativa de pacientes com risco de desenvolvimento da doença, como fumantes, alcoolistas e trabalhadores expostos ao sol. “Essas mil pessoas ao ano precisam ser encontradas”, destacando que Porto Alegre está adotando essa metodologia. A professora Maria Antonio Figueiredo, da Faculdade de Odontologia da PUC, alertou que o aumento da expectativa de vida projeta também o aumento da incidência de câncer bucal. “Os hábitos continuam os mesmos e teremos mais pacientes”, avisou. Conforme a especialista, o diagnóstico precoce detecta alterações e com biópsia o custo é baixo, mas quando o diagnóstico apresenta lesão o paciente entra em listagem de computador, “entra em consulta até a primeira tomografia, exame de sangue, a lesão tratável sem mutilação”, explicando que o intervalo para a realização desses procedimentos resulta em caso inoperável. “Os pacientes recebem na rede básica o esforço da capacitação, o diagnóstico, mas até o tratamento temos um tempo grande que leva à morte do paciente ou grande mutilação”, afirmou. O professor Vinícius Coelho Carrards, da UFRGS, relatou o envolvimento da instituição no Maio Vermelho, e falou de instrumentos como o estomatonet, uma das ferramentas do Telessaúde, que permite aos dentistas o envio de seus casos através de fotos pelo smartphone para Porto Alegre, que oferece apoio no diagnótico e na conduta dos casos. Isso tem evitado que parcelas significativas dos casos sejam enviados à capital. Em torno de 40 a 50% dos casos têm sido resolvidos no interior através dessa ferramenta. O restante é encaminhado para Porto Alegre. Ele também aponta para a fila de atendimento de estomatologia, que é onde os pacientes paralisam à espera do tratamento. Também o ex-secretário da Saúde, Sérgio Bechelli, esteve na audiência pública, assim como representante do Grupo Hospitalar Conceição. No dia 31 de maio, no Largo Glênio Peres, diversas ações de saúde bucal serão realizadas, dentro da programação da Semana Estadual de prevenção da doença. © Agência de Notícias
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