Ex-sargento que protegeu Piratini é promovido pela Comissão de Anistia
Brasília, 28/11/2011 (MJ) - Aos 88 anos de idade, o ex-militar da Aeronáutica responsável por aviões de uma esquadrilha no Rio Grande do Sul Ubiratan Pereira de Oliveira recebeu pedido de desculpas oficial da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Ubiratan era primeiro sargento e trabalhava no quartel general de Canoas (RS). Perseguido na própria Aeronáutica, nunca chegou a ser promovido, mesmo com curso de suboficial, por ter sido acusado de atividades subversivas.
Oliveira, em depoimento à comissão, contou: "No ano de 1961, um ministro da Aeronáutica determinou ao comando da base que fizesse Brizola calar e que, se precisasse, usasse até bombas. Foi então planejado um ataque ao palácio Piratini". Como trabalhava na esquadrilha, ele teria de deixar o avião pronto, com duas bombas e metralhadoras armadas.
No entanto, algo inesperado aconteceu. O ataque foi sabotado por um grupo de suboficiais e sargentos. Os pneus do avião foram esvaziados e as armas descarregadas. Embora Ubiratan soubesse da sabotagem, não delatou os colegas. "Nosso negócio era evitar o bombardeio porque nossas famílias estavam desprotegidas", revelou.
Em 1964, Ubiratan foi preso 15 dias e ficou incomunicável. Em 1972, foi reformado por doença na coluna e nunca foi promovido.
Ele receberá do governo federal uma anistia no valor de R$ 7.757,10 mensais e R$ 397.808,00 retroativos. A comissão de Anistia também o promoveu a suboficial.
Sobre a oportunidade de contar sua história o ex-militar é enfático e conclui: "Hoje, graças a Deus, a nossa democracia está aí e eu estou falando para os senhores".
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