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16 de Junho de 2024
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    Farsa jurídica

    há 6 anos

    Farsa jurdica Extraído de www.justificando.com.br

    Publicado por: Leonardo Isaac Yarochewsky Advogado e Doutor em Ciências Penais.

    Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

    Às 08h30min desta quarta-feira o TRF-4, Tribunal Regional Federal da 4ª Região, começou a julgar em grau de apelação o Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva condena a 09 anos e 06 meses de prisão e multa pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba-PR.

    Depois da formalidades de praxe, o procurador da República e o advogado assistente da acusação (representando a Petrobrás) em suas respectivas sustentações se limitaram a fazer ilações ao invés de analisar as provas e o processo, ambos adotaram discursos políticos pobres e sem qualquer consistência. Dostoievski e Monteiro Lobato foram citados completamente fora de contexto.

    Por seu turno, a defesa a cargo do advogado Cristiano Zanin Martins com técnica e rigidez cientifica, além da combatividade própria dos criminalistas destruiu um a um os argumentos da acusação que foram caindo como num efeito dominó.

    Desde as preliminares de nulidade, notadamente, no que se refere à incompetência do juízo e da sua suspeição até a análise detida da completa falta de provas para a condenação, a defesa demonstrou claramente que a condenação do Ex-Presidente Lula pelo juiz de piso não pode se sustentar.

    O julgamento prosseguiu com o desastroso voto do relator da apelação no TRF-4. Ao condenar o Ex-Presidente a pena de 12 anos e 1 mês de prisão o desembargador relator não só atropelou direitos e garantias fundamentais do apelante Lula como mandou às favas o direito (penal e processual penal) e a prova.

    O desembargador relator passou como um trator por cima de mais de uma dezena de preliminares alegadas pela combativa defesa, principalmente em relação às preliminares de incompetência do juízo e da suspeição do juiz Sérgio Moro.

    O relator desembargador João Pedro Gebran Neto portou-se, antes de tudo, como advogado de defesa do juiz de piso e destilou todo seu ódio ao Partido dos Trabalhadores.

    Logo no início de seu extenso voto o relator defendeu a condução coercitiva do Ex-Presidente Lula e em seguida justificou o injustificável: a interceptação telefônica que alcançou o escritório de advocacia de seus advogados. O desembargador relator também abonou a interceptação telefônica e o consequente vazamento da conversa entre o Ex-Presidente e a então Presidenta da República Dilma Rousseff.

    Ao adentrar no mérito, o desembargador relator, na esteira do juiz da 13ª Vara Federal, concluiu – contrariamente à prova dos autos – que o famigerado “Triplex do Guarujá” pertence ao Ex-Presidente.

    Em seu frágil voto condenatório o desembargador relator se apega aqueles que defendem o absurdo de que para caracterização do crime de corrupção é dispensável o ato de ofício identificado e delimitado. Confundindo a desnecessidade da prática do ato de ofício (a corrupção é crime formal) com a necessidade da demonstração do ato de ofício determinado.

    Por fim, resta lamentar que em um Estado que se pretende democrático e de direito o homem seja transformado em meio. Desgraçadamente em nome de um fantasmagórico combate a corrupção prevaleça à perversa lógica de que “os fins justificam os meios” e que o direito e a prova são mandados às favas.

    Os demais desembargadores na linha moralista e adotando o mesmo discurso em defesa das instituições e de combate a corrupção e em momentos vários se desviaram dos autos e viajaram em outros processos, inclusive no já extinto processo do “mensalão”.

    Ao condenarem o Ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a pena de 12 (doze) anos os desembargadores do TRF-4 comprovaram na verdade o que todos já sabiam e o que já vinha sendo anunciado. Estavam ali para cumprir o papel que lhes cabia na destruição do Estado democrático de direito. Não se pode olvidar que o judiciário tem se tornado o maior aliado da elite brasileira. O golpe que culminou com a destituição da Presidenta Dilma Rousseff do poder continua fazendo suas vítimas e caminha a passos largos para o completo aniquilamento da democracia.

    A elite e boa parte da classe média jamais aceitou que um retirante nordestino, de origem humilde, pobre e trabalhador fosse o Chefe do Poder Executivo.

    Infelizmente, por tentar construir um país mais igualitário, justo e verdadeiramente democrático Luiz Inácio Lula da Silva vem pagando um alto preço pela sua história, pela sua luta e pela sua origem. O preconceito e a discriminação nunca, absolutamente nunca, deixaram de acompanhar o Ex-Presidente. Não é sem razão que Lula vem sendo tratado como inimigo, sem direitos e garantias, que deve ser aniquilado.

    Hoje Luiz Inácio Lula da Silva, sétimo dos oito filhos de um casal de lavradores analfabetos que vivenciaram a fome e a miséria na zona mais pobre de Pernambuco, Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, é condenado por homens que representam o poder. Amanhã será Lula julgado e absolvido pela história.

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/farsa-juridica/538723800

    3 Comentários

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    Perfil Removido
    6 anos atrás

    Doutor fale o que quiser, falta de caráter não é questão socioeconômica. Fui pobre, criado por mãe solteira que era discriminada por isso, fui comprar meu carro apenas após os 30 anos com muito suor, minha casa financiada com mais suor ainda. Minha história é minha história, como o Lula tem a dele, mas isso não me dá o direito de fazer o que bem quiser, minha história não é carta branca para cometer abusos, minha origem não atenua os erros que cometo.
    Muito pelo contrário, nossa história é escrita até o último respiro que dermos, infelizmente a do Sr. Lula ele próprio sujou tentando montar seu império.

    Tenho dó, dó de uma pessoa como ele que achou que seria a solução do Brasil, dó de quem usou o poder, dó de quem ainda defende que os fins (se estes forem claros e jamais são) justificam os meios.

    O Brasil cansou dessa ladainha de Pobres vs Ricos, porque essa briga imbecil nos deixou como uma sociedade pobre, pobre de valores morais. continuar lendo

    Ricardo Fausto Becker
    6 anos atrás

    Meu amigo, tiro o chapéu para esse seu comentário! Ninguém contestaria melhor essa postagem do que você! O articulista se utiliza da mesma ladainha da vitimização empregada por Lula, ao se referir à “elite e boa parte da classe média” as quais jamais teriam aceitado que um retirante nordestino, de origem humilde, “pobre e trabalhador” “fosse o Chefe do Poder Executivo” (sic). Esquece-se de que foram a elite e a classe média que viabilizaram por duas vezes a eleição de Lula.

    Você, ao contrário, malgrado as dificuldades, não se vitimiza e, por isso, foi em frente. Costumo dizer que os fatos falam sempre mais do que as palavras e os desembargadores do TRF 4 os lembraram em profusão para condenar Lula, tanto quanto você os traz para lançar por terra os argumentos ridículos da postagem no seu belíssimo depoimento de vida. continuar lendo

    Com a devida vênia, não creio que tenhamos assistido o mesmo julgamento, pois no que eu assisti os Desembargadores foram cirúrgicos em aplicar a lei enquanto a defesa fez discursos políticos e tentou impor obstaculos aos trabalhos do tribuanl vom as milhares de afirmações vazias.

    A tal "falta de.provas" é papo furado pois o fato de os bens recebidos não estarem devidamente registrados em cartório são questões absolutamente costumeiras neste tipo de ilícito.

    Logo, condenação louvável. continuar lendo