Frentes estadual e nacional em Defesa do Polo Naval discutem desmonte do setor pelo governo Temer
A sustação da venda de ativos estratégicos da Petrobras, a retomada imediatamente das atividades do Polo Naval de Rio Grande, do Jacuí e do setor metal-mecânico de Marau e região e a retomada da exigência de conteúdo nacional garantindo o desenvolvimento tecnológico e empregos de qualidade são os principais pontos do Manifesto aprovado ao término da reunião conjunta das Frentes nacional e estadual que debatem a situação da indústria naval. A atividade ocorreu nesta segunda-feira (28) na Assembleia Legislativa.
Com a mudança de gestão da Petrobras, teve início um processo de cancelamento dos contratos de construção de plataformas para exploração de petróleo com Estaleiros no Brasil “entregando o serviço para empresas do exterior, preterindo o trabalhador e o desenvolvimento do Brasil. Para se ter ideia, em 2005, o nosso Estado passou a receber investimentos na ordem de 6 bilhões de dólares, entre infraestrutura produtiva e produtos entregues para a indústria naval. A partir de então, muitas estruturas, além dos estaleiros, foram envolvidas neste processo”, afirma o coordenador da Frente em Defesa do Polo Naval de Rio Grande, deputado estadual Nelsinho Metalúrgico (PT).
O parlamentar ressalta que a política de desmonte da indústria naval brasileira “que está sendo feita pelo governo Temer através do presidente da Petrobras Pedro Parente, tem causado enormes prejuízos à soberania nacional, constituindo-se em um verdadeiro crime de lesa-pátria. Precisamos reverter estas políticas equivocadas” ressalta o deputado Nelsinho Metalúrgico, que também cobra do governador do Estado empenho na defesa da indústria naval gaúcha.
A estimativa é de que as medidas do governo federal já tenham reduzido o número de 80 mil trabalhadores na área da indústria naval, para 30 mil. Em Rio Grande, por exemplo, os 21 mil empregos caíram para três mil. “Não é possível que todo o investimento realizado na P71 em Rio Grande vire sucata. A redução da indústria naval representa a perda de R$ 150 milhões para o Rio Grande do Sul. Uma política equivocada que dá as costas para o povo brasileiro”, avalia o coordenador da Frente Gaúcha.
Coordenador da Frente em Defesa da Indústria Naval Brasileira, deputado federal Henrique Fontana, fez duras críticas à política implementada pelo governo Temer que, segundo ele, vem causando o desmonte da indústria nacional. O deputado também cobrou uma postura mais atuante do governo Sartori e da Fiergs em defesa do setor e dos empregos, que Temer tem exportado para outros países. "Nosso movimento vai solicitar uma agenda institucional para sentar à mesa com Temer, que é quem pode assinar a retomada dos investimentos na P 71 e reverter o quadro de desemprego que está se agravando em Rio Grande", disse Fontana.
Henrique Fontana, que vai integrar a Comissão que analisará a MP 795, adiantou que vai apresentar emenda para alterar o conteúdo da medida assinada por Temer no último dia 17. Para ele, a MP foi planejada para atender interesses das multinacionais. "Com a MP, Temer termina com conteúdo local na indústria de petróleo e gás ao mudar a estrutura tributária para acabar com a cobrança de impostos federais sobre produtos importados para o setor".
Para o prefeito de Rio Grande Alexandre Lindenmeyer ,” a miséria que está sendo imposta aos brasileiros não é fruto do acaso, mas sim de uma política que está sendo implementada pelo governo federal”.
“O Brasil pede socorro, pois todas as áreas e direitos que envolvem a classe trabalhadora estão sendo atacadas”, assim o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte Benito Gonçalves iniciou sua fala, referindo-se às reformas trabalhistas, previdenciária e desmonte da indústria nacional. Ele denuncia que os materiais que estavam sendo usados para a construção das plataformas estão virando lixo “ e dessa maneira, nós, trabalhadores, também nos sentimos lixo”.
Em sua apresentação, o coordenador do Comitê Gaúcho de Defesa do Pré-Sal e representante do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge-RS) Raul Bergmann fez um resgate histórico da industrial naval e petroleira brasileira e comparou com a Noruega que, na década de 70 ao descobrir petróleo usou os recursos para fortalecer a indústria nacional, visando o desenvolvimento do país, “ no Brasil está ocorrendo o contrário, o governo está exportando emprego, tecnologia e renda petrolífera”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS) e representante da Federação Única dos Petroleiro (FUP-CUT) Fernando Maia da Costa denuncia que o atual presidente da Petrobras foi o responsável pelas privatizações durante o governo FHC, “ o que querem é a destruição dos polos navais, sucatear a Petrobras e vender para empresas estrangeiras”.
Presenças
Entre as autoridades presentes, também participaram do debate os deputados estadual Zé Nunes, os deputados federais Elvino Bohn Gass e Pompeo de Mattos; o ex ex-ministro e ex- presidente da Petrobras Biocombusíveis Miguel Rossetto; o vice-prefeito de Marau Rui Carlos Gouvea; o secretário de Desenvolvimento Econômico de Charqueadas, Abrelino Barros; a representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do RS, Maria Paula Merlotti e o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS Enio Santos.
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