Fuga de Cérebros...

Victor Faccioni Estamos caminhando para o final do ano, quando, em muitas famílias brasileiras, se programam formaturas, e os estudantes que concluem seus cursos sonham com os "canudos". Nos últimos 20 anos, no entanto, implantaram-se cerca de 2 mil programas de pós-graduação, mestrado e doutorado, cobrindo praticamente todas as áreas de conhecimento. Hoje, formam-se, em média, 14,5 mil mestres e quase 5 mil doutores por ano. Só na década de 90, segundo dados do IBGE. a porcentagem de brasileiros com diploma universitário subiu de 2,7% pa-ra 3,43%. O país tem condições de absorver essa mâo-de-obra altamente especializada ou convive ainda com a recente estudo do Banco Mundial, tornado público pelo economista Maurice Schiff, revela que a proporção de brasileiros com diploma universitário que vão viver no exterior é cinco vezes maior do que a média do país, que hoje é de 2,2%. Mas a tendência é de aumentar, "pois as pessoas de nível superior emigram mais do que as outras", diz Schiff. O Brasil não é original. O mesmo fenómeno ocorre nos demais países da América Latina. Calcula-se que mais de 40 mil cientistas latino-americanos migram anualmente de suas pátrias para nações ricas. A ONU aponta como causas dessa "fuga" o desemprego, a falta de Investimentos e de políticas públicas para a defe-sa e a promoção da ciência e da pesquisa. Assim, o fenómeno não é propriamente uma "fuga , mas uma necessidade de jovens talentosos e promissores se desenvolve-rem e aprenderem novas áreas científicas, que rendem, inclusive, dividendos financeiros a seus países de origem, por meio da remessa de dinheiro. História próxima a nós mostra uma saída. No pujan-te Portugal do século XV, quando o infante dom Henrique, denominado" O Navegador e Infante de Sagres ", soube aproveitar o momento, criando a célebre Escola de Sagres, que deu ao seu país a liderança dos descobrimentos. Essa escola, dedicada às ciências da navegação, foi buscar em todo o mundo civilizado da época os maiores cientistas em matemática, astrologia, cartografia e navegação, responsáveis, depois, pêlos sucessos da descoberta de novos mundos. Não precisamos chegar a tanto de" Importar cérebros ", mas sim o de aproveitar bem os nossos. Ou não?