FUNCIONÁRIOS DENUNCIAM ASSÉDIO MORAL EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Falta de diálogo, xingamentos e gritos durante reuniões com a direção. Esse é o cenário descrito pelos funcionários do Hospital Jurandyr Manfredini, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital fluminense. Os relatos foram apresentados pelos trabalhadores da instituição durante audiência pública conjunta promovida pelas comissões de Saúde e Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira (26/4).
Lenilton Coutinho, técnico de enfermagem, trabalhou durante sete anos na unidade. Mas deixou o cargo, segundo ele, após ter sido vítima de diversos episódios de assédio moral por parte da direção. “Os funcionários são tratados sem nenhuma cortesia. Não há possibilidade de diálogo. Os trabalhadores são xingados e caluniados. É uma truculência e um desrespeito total”, contou o profissional.
Para coibir esse comportamento, a Superintendência de Saúde Mental do Município do Rio de Janeiro, anunciou que vai substituir a direção do hospital. “Essa forma de relação autoritária, típica do asilo psiquiátrico, é inadmissível. Trocar a direção é uma forma de alterar a maneira como os trabalhadores são tratados”, esclareceu Hugo Fagundes, representante do órgão. Ainda não existe uma previsão oficial para a mudança.
A unidade, que atende atualmente 274 pacientes, faz parte do Instituto Municipal Juliano Moreira. Fundado em 1924, foi municipalizado em 1996 e possui três núcleos de longa permanência, além do hospital Jurandyr Manfredini voltado para internações de curta permanência e serviço ambulatorial.
Mudanças a longo prazo
Hugo Fagundes, que também é médico psiquiatra, explica que as mudanças na direção são o primeiro passo para uma reestruturação mais ampla. “O modelo atual do hospital ainda segue moldes contrários às propostas da reforma antimanicomial cujo objetivo a longo prazo é a extinção dos hospitais psiquiátricos”, explica. Como alternativa, são propostas outras formas de tratamento que não submetam o paciente ao isolamento ou o estigma do confinamento.
A deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Alerj, defendeu o posicionamento da superintendência. “Uma direção que oprime os trabalhadores e os assedia moralmente não tem nenhuma condição de administrar uma unidade. A reforma psiquiátrica é o objetivo de todos nós e isso precisa ser construído de forma democrática”, afirmou a parlamentar.
Em busca da implementação dessa estratégia mais humanizada de tratamento psiquiátrico, existem 30 unidades do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em funcionamento no município do Rio. Dessas, oito possuem atendimento em horário integral durante todos os dias da semana. Segundo a superintendência, mais quatro unidades passarão a funcionar nesse modelo para atender a demanda de 14 mil pacientes.
Procurada pela Subdiretoria de Comunicação Social da Alerj, a direção do hospital não se manifestou sobre as denúncias.
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