GMP se reúne com servidores da VT de Itatiba

Por Ademar Lopes Junior e Beatriz Assaf

Quando Maria Isabel Mendes subiu a pequena escada de dois degraus da frente da Vara do Trabalho de Itatiba, no início deste ano, para assumir a direção da secretaria, ela sabia que tinha pela frente um grande desafio. A noção exata da dimensão da dificuldade, porém, só veio mais tarde. Acostumada com o ritmo de uma secretaria, Bel, como é conhecida por todos no Tribunal, desde quando tomou posse, em 1993, e foi trabalhar na preparação de pagamentos aos juízes, não imaginou que fosse trocar tão rápido a felicidade pela preocupação.

Hoje ela se afirma uma mulher preocupada... mas não intimidada. "O volume de trabalho é maior do que o de uma vara de Campinas e o nosso delta é de apenas nove pessoas", afirmou a diretora. Dinâmica, objetiva e disciplinada, Bel sempre conduziu seu trabalho com espírito de equipe e se orgulha disso. A decisão de assumir uma nova secretaria, fora de Campinas, prestes a se aposentar, reflete o que ela insiste em afirmar: "adoro trabalhar". Formada em Letras pela PUC-Campinas, Bel chegou a trabalhar como professora de português do ensino fundamental e médio, carreira que abandonou com dor no coração quando decidiu abraçar o serviço público.

À frente da 2ª Vara do Trabalho de Campinas por mais de dez anos, ela preferiu aceitar o desafio da mudança antes de enfrentar o que ela chama de "mais um rito de passagem" em sua vida: a aposentadoria. Neste ano, ela está fazendo o curso oferecido pelo Tribunal, de preparação para a aposentadoria, e alimenta planos, para o futuro, de se tornar uma microempresária.

Na equipe dirigida por Bel, o técnico Ricardo José Colin, também registrou mudanças importantes em sua vida. Servidor da Justiça do Trabalho há 26 anos (ingressou em 1987 no TRT da 2ª Região), há dois foi redistribuído para a 15ª Região, mas desde 1998 ele mora em Itatiba. A mudança para a cidade foi a responsável por ele mudar de vida, deixando a capital e se instalando de vez no interior.

No tribunal paulistano, Ricardo chegou a ser diretor em diversas varas do trabalho na cidade de São Paulo, além de Ribeirão Pires e Cajamar. Atualmente, longe de pensar em aposentadoria, o servidor de 48 anos, casado e com três filhos, e que tem um jeito calmo de olhar e articular as palavras, só pensa mesmo em se dedicar à família, à sua pequena chácara e, bem discretamente, retomar um antigo sonho: escrever. Ele garante que já tem algumas ideias engavetadas, mas nada concluído. Ricardo já começou e não concluiu o curso de Letras, Publicidade e Propaganda, Contábeis e, há um mês, decidiu trancar a faculdade de Direito. A vida corrida, segundo ele, é que obrigou a tantas desistências. Mas no último dia 17 de julho ele e os filhos começaram o curso de capoeira.

O olhar de Marineide Lúcia Pinheiro é inteligente e cordial, e ela parece estar sempre à disposição para ajudar. Há pouco mais de três anos trabalhando na Justiça Trabalhista, ela já foi analista no INSS e até advogou por um tempo. Esta última experiência foi a responsável por ela estar hoje numa vara do trabalho, onde, segundo afirma, se sente muito feliz "por poder ser útil socialmente".

Ela já pensou em ser tradutora, já quis construir um "resort" canino e todos os dias ela lembra que deveria se dedicar à pintura. "Com uma filha de 14 anos, falta tempo para a gente", afirma Lucia. Dentre os seus planos que se espalham como folhas ao vento dentro de sua vida, a capricorniana de olhos escuros, com seus 41 anos, acrescenta mais um: a Magistratura do Trabalho.

Antes de trabalhar na Justiça do Trabalho, Gerson Rodrigues Leite foi professor de geografia por oito anos e, também, trabalhou como gráfico. Quando ingressou no TRT da 2ª Região em 1999, ele atuava apenas como artífice de gráfico. Com a extinção da função, ele passou a trabalhar em secretaria e aí se encontra já há nove anos. Todos os dias, ele viaja de Amparo até Itatiba. Para namorar, porém, ele vai mais longe: Campanha, no Sul de Minas, onde mora sua noiva, uma artesã de tapetes. Há três anos eles estão nessa vida. Em suas férias, Gerson gosta de viajar. E nesse "esporte", o único que pratica, ele já conheceu quase todos os estados brasileiros, faltando apenas o Acre, Roraima e o Amapá.

A oficial de justiça Thaís Buscato Bock se movimenta com certa dificuldade, mas feliz, ostentando a barriga de cinco meses que guarda carinhosamente Isabela e Giovana. A futura mãe não consegue esconder a felicidade. Há cinco anos no TRT-15, Thaís se prepara para o momento de sair em licença para cuidar das filhas, mas até lá, ela está se adaptando, como todos os demais colegas, ao processo judicial eletrônico (PJe-JT), instalado na VT de Itatiba em 7 de novembro de 2012.

Precisamente aos cinco para o meio-dia, Danilo Renato Pereira dos Santos, analista judiciário, entra na secretaria. A previsão se confirma. Todos os colegas já tinham advertido. "Ele é preciso... pontual". Danilo sorri e desconfirma: "Não é verdade... às vezes eu chego faltando sete, outras, três minutos para o meio-dia". Danilo está só há seis meses na VT de Itatiba. Ele nasceu em Espírito Santo do Pinhal, mas estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP). Na capital ele também trabalhou por dois anos na Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo.

A VT de Itatiba ainda conta com o apoio de outros profissionais como os servidores Carla Cavallaro, Marcelo Minutti e Elizabeth Nogueira (oficial de justiça), além dos executantes Weber Jorenti e Luciana de Ávila, e do estagiário Gedelson Gustavo dos Santos. A visita à VT de Itatiba pelo Grupo Móvel da Presidência de Atenção às Unidades de Primeira Instância (GMP), no final de junho, encontrou uma equipe de servidores que ainda se adaptam ao processo judicial eletrônico (PJe-JT), inaugurado em novembro do ano passado. A Vara do Trabalho de Itatiba atende, ainda, o município de Morungaba, somando uma população de pouco mais de 113 mil habitantes.

A "Princesa da Colina"

Fotos: Divulgação

Itatiba, que em tupi-guarani significa muita pedra, é carinhosamente conhecida como "Princesa da Colina", por ter sido construída em relevos e possuir uma ampla diversidade de recursos naturais. O município foi povoado no início do século XIX, data em que fugitivos da prisão de Vila Nova de Constituição (Piracicaba) se fixaram em uma pequena povoação. Em seguida, a notícia de que as terras do povoado eram férteis, trouxe mais colonizadores e em 1857 fundou-se a então Vila de Belém de Jundiaí, e o nome da cidade foi alterado para Itatiba em 1877.

Situada a 80 km de São Paulo, Itatiba é considerada uma das melhores cidades do estado em infraestrutura e qualidade de vida, segundo pesquisa feita pela Assembleia Legislativa à Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A economia é movimentada sobretudo pela indústria, já que sua localização próxima à capital e à Região Metropolitana de Campinas chama a atenção de grandes multinacionais. Assim como a indústria, o setor moveleiro, o têxtil, o metalúrgico e o químico também merecem destaque. Quanto à agricultura, a principal produção é o caqui, fruta que enquadra o município no Polo Turístico do Circuito de Frutas.

A população de 104.822 habitantes, de acordo com o Seade 2012, conta com três escolas de ensino superior, sendo elas a Universidade São Francisco (USF), a Universidade Paulista (UNIP) e a Anhanguera, além disso o setor de serviços é considerado um dos maiores geradores de emprego da cidade, ocupando uma importante posição no PIB municipal.

Itatiba também possui um grande potencial turístico, dentre os principais atrativos, aparecem a região central, com edificações do século XIX consideradas arquitetonicamente belas, como o Museu Municipal "Padre Lima", a Praça da Bandeira, o Coreto e a Basílica de Nossa Senhora do Belém, que possui uma das maiores torres do interior paulista. A cidade conta ainda com o Mercado Municipal "Dona Lica" e belas áreas verdes com opções de lazer e prática de esportes, como o Parque Luis Latorre, e o Parque Ferraz Costa.

(Dados retirados do sítio da Prefeitura de Itatiba)

Foto: Marineide Pinheiro