Governo já sinaliza que não quer negociar salário com servidor antes de 2015
Posição foi exposta em algumas reuniões; para servidor, reação da categoria a esta política do governo Dilma tem que ser uma forte campanha salarial conjunta
O governo já sinaliza a intenção de não negociar questões salariais com os servidores públicos federais antes de 2015. Representantes sindicais do funcionalismo, no entanto, contestam o argumento, mencionado em algumas reuniões, de que os acordos firmados no ano passado esgotam aspectos salariais e econômicos por três anos.
Quando os servidores protocolaram, em janeiro, a pauta de reivindicações unificada na Secretaria-Geral da Presidência da República, em Brasília, o assessor especial José Lopez Feijó, ex-vice-presidente da CUT, chegou a perguntar em tom informal se as categorias não haviam assinado um acordo por três anos. Em março, foi o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, quem disse quase a mesma coisa a representantes sindicais dos servidores do INSS durante uma reunião do Grupo de Trabalho do Seguro Social.
'Dificuldades'
Desde o ano passado, Mendonça é a pessoa designada pelo governo para negociar com o funcionalismo. De acordo com relatório da Fenasps, a federação nacional dos trabalhadores da Previdência e Saúde, o secretario afirmou que o governo assinou acordo de reajuste com várias categorias e portanto antes do ano de 2015 percebe dificuldades em apreciar as reivindicações apresentadas, mas que se dispunha a levar o assunto à ministra Miriam Belchior (Planejamento). As reivindicações em questão se referem à reestruturação do plano de carreira do setor.
A posição sinalizada pelo governo, embora ainda não formalizada numa reunião geral de negociação, não chega a surpreender as lideranças sindicais do funcionalismo e deverá ser combatida na campanha salarial que está sendo articulada. Isso já era esperado, mas é a correlação de forças que vai resolver [como fica], afirma o servidor Paulo Barela, da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) e da Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais).
Inflação
O dirigente sindical sustenta que no ano passado foram fechados acordos sobre algumas demandas, mas eles não contemplam toda a pauta de reivindicações apresentada ao governo. Fechamos um acordo sobre determinados pontos, sobre outros não, diz Barela, destacando, dentre os itens não resolvidos, a fixação da data-base e a definição de uma política salarial permanente que reponha as perdas inflacionárias.
O evidente aumento do custo de vida, simbolizado pela recente explosão dos preços do tomate e de outros alimentos, rebaixa mais o peso dos reajustes previstos para estes três anos, o que pode acirrar os ânimos e aquecer a campanha conjunta. Para o dirigente da CSP-Conlutas, é o tamanho da mobilização que apontará como ficará esta disputa. O servidor destaca, por exemplo, o que ocorreu em 2012, quando o governo dizia que não receberia setores em greve e foi obrigado a sentar para negociar com cerca de três dezenas de categorias paralisadas. A experiência do ano passado mostra que você só consegue arrancar alguma coisa, mesmo específica, se tiver uma ação unificada, raciocina.
Avaliação parecida tem o servidor Saulo Arcangeli, da coordenação da Fenajufe (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU) e do movimento LutaFenajufe. É a mobilização que poderá mudar essa posição do governo, reforça. O dirigente menciona, como exemplo de situação não contemplada em quaisquer acordos, as distorções que persistem nas carreiras do Judiciário Federal e do Ministério Público da União. Para ele, resgatar essa discussão e organizar a participação da categoria na campanha salarial são tarefas imediatas para a diretoria recém-eleita da federação.
Luta Fenajufe Notícias
Por Hélcio Duarte Filho
Segunda-feira, 6 de maio de 2013
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