Helena homenageia Sindicato de Trabalhadores Domésticos
O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Maranhão (Sindoméstico) foi homenageado por seus 20 anos de fundação, em discurso da deputada Helena Barros Heluy (PT), na sessão legislativa desta terça-feira (06). A categoria representa o maior contingente profissional do país, mais de seis milhões, em sua maioria mulheres negras que ainda enfrentam forte discriminação racial, de gênero e idade.
O trabalho doméstico envolve questões de gênero, raça, etnia e de idade também, e precisam da nossa atenção, afirmou Helena, lembrando às demais deputadas que suas presenças, na Assembléia, somente são possíveis por contar com o apoio de trabalhadoras domésticas em suas casas.
Uma retaguarda que nos assegura estarmos aqui e em outros lugares, a todo tempo, observou.
Livro
Helena apresentou dados do livro publicado pelo Sindoméstico, escrito pela presidente do sindicato, Maria Isabel de Castro e Costa, por ocasião dos 20 anos da entidade. O livro aponta o Maranhão e a Bahia como os estados que mais discriminam o trabalhador doméstico no país, tratado ainda como escravo. Disse que o Maranhão ainda traz um ranço muito grande do período da escravidão, como quem tem na consciência ou na inconsciência de muitos que o trabalho doméstico é um trabalho escravo.
A deputada citou a presidente do Sindoméstico como exemplo das meninas que saem do interior do estado, sob o manto de uma possível caridade, para casa de branco, onde vão para fazer companhia aos filhos de parentes, padrinhos ou conhecidos motivadas pela possibilidade de estudo, casa, comida e roupa lavada e, no entanto, começam sua via crucis como mais uma criança ou jovem que caem na rede do trabalho infantil, semelhante ao trabalho escravo.
Helena ressaltou, no livro, o questionamento da presidente do Sindoméstico: afinal de contas, somos ou não somos cidadãs iguais às outras?.
Conferência
Ela falou da emoção de participar da conferência que homenageou a categoria, sábado último, quando testemunhou o resgate histórico da luta dessas trabalhadoras pelo reconhecimento de seus direitos profissionais e de cidadania. Helena classificou as trabalhadoras domésticas como exemplo pela sua cor, pelo seu jeito de ser do que foi e do que ainda é a capacidade extraordinária da mulher remanescente dos escravos, que fizeram a história desse país, sobretudo a história da economia deste país chamado Brasil.
A deputada destacou as presenças da presidente da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Domésticos, das presidentes do Sindoméstico da Bahia e de Pernambuco, os presentes, de representantes do Unicef, do movimento negro, das organizações de mulheres e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Para ela, a conferência do Sindoméstico mostrou que ainda há muito a ser construído, mas também várias conquistas alcançadas, como a Lei 11.324/2006, que assegura férias de 30 dias, estabilidade à gestante e folgas nos feriados.
Números
Dados de 1999, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apontavam seis milhões de trabalhadores domésticos no país, hoje cerca de oito milhões. Em 99, o Maranhão contava com 122.744 trabalhadores domésticos, dos quais 116.153 mulheres - 5.767 meninas de 10 a 14 anos de idade e 6.591 homens, desses, 824 meninos de 10 a 14 anos.
Entre as 1005 trabalhadoras atendidas pelo sindicato, entre 2003 e 2004, 657 não tinham sua carteira de trabalhos assinada. Em 2008, 187 trabalhadoras tinham carteira assinada contra 356 que não tem, dessas 496 negras e 40 brancas. Ganham salário mínimo, 350 ao contrário das outras 177 trabalhadoras. A pesquisa mostrou, porém, que há muitos trabalhadores com rendimentos entre 40 a 80 reais
Existem 502.839 crianças e adolescentes no Brasil, com idade entre 5 e 17 anos no trabalho doméstico. Deste total 230.000 tem 16 anos incompletos, portanto abaixo da idade que a legislação permite trabalhar, destacou.
Placa da Câmara
Ela destacou a homenagem prestada pela Câmara de Vereadores às trabalhadoras domésticas de São Luís, segunda-feira última, oferecendo uma placa comemorativa pela importância da categoria para a economia maranhense e de São Luís, contrariando o pensamento de que o trabalho doméstico não produz lucro.
Em aparte, a deputada Eliziane Gama (PPS) criticou a exploração de crianças e lembrou que a prática é proibida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Helena falou da dificuldade de investigar a exploração de crianças e adolescentes pelo fato de ocorrer no âmbito privado.
Helena recebeu apoio do deputado Edvaldo Holanda pela importância do tema e citou trecho do livro Sindoméstico 20 Anos, em que o trabalho doméstico é citado como um complemento do trabalho do setor público e o privado do restante da sociedade e o pedido de igualdade de direitos em relação às demais categorias trabalhistas para a construção de uma sociedade menos egoísta, que seja justa e humana.
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