Honduras elege novo presidente após golpe de Estado de junho
Por Mica Rosenberg
TEGUCIGALPA (Reuters) - Os hondurenhos escolhem um novo presidente neste domingo, em uma eleição que pode amenizar a crise deflagrada por um golpe de Estado em junho.
Mas nem o presidente Manuel Zelaya nem seu arquirival Roberto Micheletti, instalado como presidente interino pelo Congresso depois da deposição de Zelaya em junho, participam da votação.Isso deixa a porta aberta para que outra pessoa assuma o governo dessa nação centro-americana.
Há dúvidas sobre se o mundo irá reconhecer a eleição porque ela foi organizada por líderes golpistas e poderia por fim a qualquer esperança de Zelaya de voltar ao cargo.
Os dois favoritos na disputa vieram da elite governista e tentaram convencer os eleitores de que a votação é a maneira de Honduras seguir em frente.
"O que queremos é deixar essa crise para trás o mais rápido possível. A paciência das pessoas está se esgotando" , disse Ivan Zuniga, de 33 anos, um bancário que votou no início da manhã na capital hondurenha.
Zelaya, que está abrigado na embaixada brasileira desde setembro, quando voltou a Honduras do exílio, diz que a eleição não vale nada e pede a seus simpatizantes que fiquem em casa.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos é a favor da eleição de domingo, mas essa posição afasta o presidente Barack Obama de alguns líderes latino-americanos, que dizem que a eleição organizada pelo governo de facto de Micheletti é inválida.
Obama quer melhorar os laços com a região -- ainda assombrada por memórias de governos militares apoiados pelos EUA no século 20 -- mas corre o risco de se isolar do Brasil e da Argentina, que rejeitam a eleição.
As urnas abriram às 7h (11h no Brasil) em mais de 5.000 distritos de Honduras.
"Queremos que a comunidade internacional reflita e escute a voz dos hondurenhos" , disse Enrique Ortez do tribunal eleitoral.
Porfirio "Pepe" Lobo, do conservador Partido Nacional, da oposição, um rico proprietário de terras que perdeu a eleição de 2005 para Zelaya, é visto como o favorito.
Lobo diz que se vencer vai buscar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional depois que doadores estrangeiros suspenderam a ajuda à empobrecida Honduras depois do golpe.
Em uma pesquisa de outubro da CID-Gallup, Lobo estava 16 pontos à frente de seu principal rival, Elvin Santos, do Partido Liberal, de Zelaya e Micheletti.
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