Igualdade racial: O resgate de uma dívida

Ao completar 200 anos de sua criação, o município de Pelotas terá a oportunidade de resgatar uma dívida histórica com uma parcela de sua população ainda distante dos avanços econômicos e sociais. Trata-se da população negra, que representa quase a metade do total de habitantes do município e faz com que Pelotas seja a cidade com maior percentual de afrodescendentes do Estado.

Levantamento realizado pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), divulgada no dia 31 de julho no Diário Popular, mostra o quanto é urgente o município tratar do assunto. De acordo com a pesquisa, que tratou do preconceito racial, sexual, social ou de faixa etária, faltam “debate e amadurecimento em uma sociedade que desconhece a palavra ou finge não importar-se com suas conseqüências”. Como se tais temas pudessem ser varridos para debaixo do tapete... Embora o bicentenário seja comemorado em 2012, é importante que já se garantam, hoje, atividades que ressaltem a presença negra na cidade.

Esta seria uma forma de o município aderir às comemorações, durante 2011, do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data marca um momento único para que o Brasil, e por consequência, Pelotas, discuta como tornar melhor a vida de sua população negra, que, além de ser maioria no país, também é a mais pobre, a que tem mais filhos e menos chances de estudar e ascender socialmente, além de ser a mais exposta à mortalidade pela violência.

Apesar dos avanços evidentes nas ações governamentais em nível federal, os negros ainda estão à margem das principais políticas públicas e são minoria no mercado de trabalho, minoria nas universidades, minoria no Executivo, Legislativo e Judiciário. Para nós, que militamos entre a juventude, a questão racial é urgente. De acordo com o Mapa da Violência 2011, realizado pelo Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Justiça, de cada três assassinatos no Brasil, dois são de negros, atingindo principalmente jovens entre 15 e 29 anos.

O fim do preconceito racial e as lutas pela igualdade têm de sair do papel e se inserir no cotidiano nacional e local. Só a partir de iniciativas concretas será possível assegurar à maior parcela da população o respeito e os direitos garantidos pela Constituição brasileira. Como representante de Pelotas e da região no Parlamento gaúcho, coloco o mandato à disposição da comunidade negra para vencermos os desafios da discriminação.

*Deputado estadual (PSB)