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6 de Maio de 2024
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    Indicadores de crise

    Cinco anos depois do estouro da crise que jogou o mundo na recessão, o Brasil voltou a flertar com alguns dos indicadores econômicos semelhantes ao período que precedeu à quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008. Se, hoje, a solidez do sistema financeiro não preocupa, o mesmo não se pode dizer das estatísticas oficiais. A disparada do dólar e dos juros, considerados indicadores de risco, expõe, além da desconfiança no país, a total falta de disposição de credores do governo em financiar nossos desequilíbrios. E, pior, deixa claro que a bandeira verde e amarela entrou em uma crise não declarada. Diante desse quadro, a ameaça de rebaixamento da nota de crédito do país parece iminente.

    O custo da dívida para o governo, a exemplo do registrado no auge da crise imobiliária iniciada em solo norte-americano (veja quadro), começa a preocupar. Em breve, os passivos do setor público devem ultrapassar os 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Por isso, o preço de financiar o rombo fiscal também se elevou drasticamente. A NTN-B com vencimento em 2050, o título público mais comprado pelos fundos de pensão, é negociada entre os bancos com prêmio de 6,6% acima da inflação ao ano o maior patamar desde que o papel começou a ser emitido, em 2010. No mercado de juros futuros, as taxas se aproximam das de 2009, quando os contratos com vencimento em dois anos pagavam 10% ao ano.

    A diferença entre 2013 e 2009, porém, é que agora os fundamentos do Brasil são piores. A economia que o governo faz para pagar os juros da dívida, o chamado superavit primário, deve ser o menor da década estima-se que ele fique ao redor de 1,7% do PIB. O valor é inferior até mesmo que o de quatro anos atrás, quando o Brasil amargou uma recessão de 0,3%, muitas empresas pararam de dar lucro e a arrecadação de impostos federais derreteu. Esse volume de poupança é insuficiente ainda para colocar a dívida bruta em trajetória de queda e colabora para distanciar o Brasil de seus pares, outros emergentes que, na média, têm uma dívida equivalente a 35% das riquezas que produzem em um ano.

    Dever de casa

    Para o nosso nível de renda, o Brasil tem uma dívida elevada, de 68% do PIB em 2012, pelo critério do FMI, e pagamos uma conta de juros alta, 5% do PIB, calcula Mansueto Almeida, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Se fizermos o dever de casa, em algum momento poderemos cometer alguns dos excessos dos países desenvolvidos. Até lá, é melhor nos compararmos aos demais países emergentes e, por essa comparação, a nossa dívida bruta, mesmo pelo nosso critério de 60% do PIB, é muito maior que a média dos países emergentes, argumentou.

    O rombo nas contas públicas, que, até outubro, alcançou 3,66% das riquezas do país, também já é maior do que no auge da crise. Para alguns analistas, esse rombo caminha para os 4% do PIB. O dado contrasta com a promessa feita presidente Dilma Rousseff quando ainda estava em campanha, que era zerar o chamado deficit nominal. Mas, diante da gastança desenfreada da Fazenda, essa meta parece cada vez mais distante de ser alcançada.

    Os gastos públicos aceleram, e de forma generalizada, diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Banco Itaú Unibanco. Ele lembra que as despesas de custeio e transferências seguem como principais fatores de pressão, mas observa que outros gastos com subsídios, funcionalismo e investimentos também crescem mais rápido na margem, relata.

    Desequilíbrio

    Ao alimentar o gasto público, o governo alimenta a inflação e, mesmo com o baixo crescimento, o que na teoria deveria amenizar o custo de vida, estimula uma alta ainda maior dos preços. Comparada a outros países, a questão fiscal é um limitador para o crescimento. O governo está gastando muito, mas não em investimentos que levariam ao aumento do crescimento potencial do Brasil, observa Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

    Sem a colaboração da política fiscal, a correção dos desequilíbrios fica quase que exclusivamente a cargo do Banco Central. Em 2013, a instituição subiu os juros básicos (Selic) de 7,25% ao ano, em abril, para 10%, em novembro. E deve continuar esse aperto pelo menos até 10,25% ou 10,50%. Esse processo, porém, encontra barreiras na fragilidade da economia. Com a dinâmica fiscal e cambial em situação problemática, os dados mais recentes apontam para a contínua fraqueza econômica em 2014, o que vai levar o BC a fazer uma pausa, diz Tony Volpon, diretor executivo e chefe de Pesquisas para Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities, em Nova York. Há um risco não desprezível de vermos, mais uma vez, o crescimento do PIB negativo no quarto trimestre, o que levaria um cenário de recessão técnica, projeta.

    Emprego em risco

    A fraqueza da economia, em algum momento, deve prejudicar o emprego do brasileiro. Não é possível manter o mercado e trabalho robusto com um crescimento tão baixo, argumenta Mauro Schneider, economista-chefe do CGD Securities. Para ele, já é possível observar sinais de deterioração do emprego, mas esse processo é lento.

    Fonte: Correio Braziliense - DF

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/indicadores-de-crise/112204106

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