Índios são proibidos de falar guarani na escola, diz Kemp

Três indígenas foram proibidos de falar na sua língua natal na Escola Municipal Nerone Maiolino, em Campo Grande, segundo denúncia feita pelo deputado Pedro Kemp (PT) em discurso nesta quinta-feira (1/9).

O diretor-adjunto Claudemir Carvalho, diz Kemp, obrigou os estudantes do EJA (Educação para Jovens e Adultos) a assinarem uma ata em que eles passavam a ficar proibidos de falar em guarani.

Para o deputado, a atitude é uma violência e fere a Constituição Federal, que assegura aos índios o direito de usar a língua materna. O parlamentar do PT irá enviar um documento à Secretaria de Educação de Campo Grande para questionar o caso.

Na avaliação dele, a população e as autoridades não se sensibilizam mais com o drama dos índios que sofrem as mais diversas formas de violência. Na visão dessas pessoas, segundo Kemp, o sofrimento dos indígenas é uma coisa rotineira, “normal”.

“Será que vamos ter que falar que uma pessoa humana foi queimada dentro de um ônibus, porque quando se fala em índio, se pensa que é normal, apenas mais um caso”, disse.

Ele se referia aos estudantes indígenas que estavam em um ônibus atacado com coquetel molotov e pedras no dia 3 de junho, em Miranda. Na semana passada, Lucivone Pires, de 28 anos, morreu na Santa Casa de Campo Grande por complicações decorrentes das queimaduras.

Kemp lembrou de outros casos de violência contra os índios, como dos professores Rolindo Vera e Genivaldo Vera, mortos possivelmente por pistoleiros que expulsaram as famílias indígenas em Paranhos. O corpo de Rolindo continua desaparecido e o crime ainda não foi esclarecido.

O parlamentar exigiu empenho e agilidade da Justiça para as causa indígenas, o que, segundo ele, não vem acontecendo.

Contraponto – O deputado estadual Zé Teixeira (DEM) também subiu à tribuna. Ele discorda da afirmação de Kemp de que os Povos Indígenas são vítimas de preconceito das autoridades.

“Quando se coloca a inércia das autoridades, isso não ocorre por discriminação aos índios. Está tudo sem apurar, não só os casos dos índios”, afirmou. “Não existe discriminação. O que falta é organização e seriedade”, acrescentou.