Indústria de charque vai ser denunciada ao MPE
Após várias denúncias, a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa constatou inúmeras irregularidades na empresa DC Manaus, responsável pelo processo de produção e embalagem do charque Muiraquitã. Entre as infrações estão o excesso de mosca e urubu no local, a exposição do produto ao ar livre e a carne com coloração inadequada para consumo humano.
Diante das irregularidades, a CDC, com base no laudo a ser emitido até esta terça-feira (15) pela DVisa, vai oferecer denúncia contra a empresa ao Ministério Público do Estado (MPE) e ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que devem tomar as providências devidas. A blitz contou ainda com a participação de fiscais do Procon do Departamento de Vigilância Sanitária do Município (DVisa) e da Delegacia do Consumidor (Decon), que acompanharam toda a vistoria nas dependências da indústria alimentícia.
Apesar da resistência do administrador da DC Manaus, Ivan Ricardo, que chegou a afirmar que a CDC não tinha competência para realizar a ação - uma vez que a Comissão Permanente de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Codesav) é a responsável pela fiscalização mensal na empresa-a equipe de fiscais visitou, inclusive, a câmara frigorífica da indústria.
Além da intransigência em liberar a blitz, o administrador chegou a pedir que eu falasse ao telefone com um fiscal da Codesav. Mas afirmei a ele que a CDC tem poder de fiscalização e que eu poderia, inclusive, acionar a polícia caso a vistoria não fosse autorizada, explicou o presidente da CDC/Aleam, deputado Marcos Rotta (PMDB).
De acordo com Rotta, a blitz foi motivada pelas denúncias de comercialização de carne imprópria para consumo. Muitas reclamações foram registradas na CDC. Algumas delas indicavam, inclusive, que a carne era lavada para a retirada do mau-cheiro e depois vendida para o comércio varejista local. Isso vai além da relação de consumo, é um caso de saúde pública, afirmou.
O técnico da DVisa, Marcos Aurélio Quintanilha, após vistoriar a área de produção e a câmara frigorífica da empresa, afirmou que a carne era de qualidade inferior e não apresentava boa característica quanto à coloração do produto. Algumas peças estavam roxas e outras até esverdeadas, o que aponta falta de condições para consumo humano, disse.
Cenário
Na área externa da indústria, a exposição da carne atraía moscas e urubus. De acordo com os fiscais do Procon/AM e da DVisa, o local de secagem do produto não é adequado, pois, necessariamente, teria de ser telado, sem brechas para a permanência de insetos. As bancadas de inox estão limpas e adequadas para abrigar o produto. Mas, além da cobertura, também é obrigada a existência de telas laterais, afirmou Quintanilha.
No entanto, um cenário ao final do terreno da empresa chamou a atenção de todos. Sobre balcões de concreto, sem nenhuma proteção, centenas de peças de carne estavam completamente expostas ao sol. E é justamente após esse processo de secagem, onde moscas passeavam sobre o produto, que o charque é embalado e distribuído para comercialização em todo o Estado. Esse é o único jeito de fazer charque.
Se houver outro, queremos que nos ensine. Mas desde já afirmo que essa mosca não contamina a carne, afirmou o gerente de produção da DC Manaus, Luiz Rodrigues. A empresa passou três meses fechada para reforma, na qual foram investidos R$ 100 mil para adequação de infraestrutura.
Diante do que vimos, até um leigo sabe que a carne não pode ficar exposta a insetos e urubus. A não ser que a mosca daqui seja ecológica. A falta de higiene no local é clara. Mas acredito que o MPE o Ministério da Agricultura devam tomar as providências necessárias quanto à essas irregularidades, concluiu Rotta.
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