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20 de Junho de 2024
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    Injustiças climáticas são desdobramento das desigualdades sociais, afirma especialista

    À tarde, às 14h, no terceiro painel, a professora Lorena Fleury, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, discorreu sobre a Caracterização dos conflitos socioambientais frente às mudanças climáticas. Na sua manifestação, apresentou uma vertente mais política do debate que acontece no entorno das mudanças climáticas. “Muito se fala, por exemplo, que as alterações do clima atingiriam a todos da mesma forma, por exemplo. Mas uma análise mais apurada dá conta que o quadro não é este: “quem mais polui não é quem mais arca com as consequências das mudanças”, resumiu. Assim, acrescentou, “temos um contexto com conflitos ambientais e suas injustiças climáticas, onde a natureza tem a centralidade, mas ao seu redor estão grupos antagônicos lutando por seus interesses que, na maioria das vezes, não levam conta as necessidades sociais. O anúncio de Trump, de que os Estados Unidos deixarão o acardo de Paris”, ilustrou, “é mostra concreta que o presidente americano atende a interesses de lobistas, como empresas de petróleo”. Observou, porém, que esta saída não pode ser imediata, uma vez que os termos do acordo delimitam prazo. “Vejo como mais uma medida midiática dele (Trump)”, apontou. Lembrou que o debate em relação às mudanças climáticas estão cada vez mais presentes nas diferentes áreas, desde a formulação de políticas públicas às demandas de movimentos sociais. “Os dados que vimos, na parte da manhã do seminário, são alarmantes, evidenciando que o tema nos atinge no dia a dia. Não é coisa de futuro, de ficção científica”, ponderou. Citou que pesquisas científicas, quanto ao aquecimento global, surgiram já no final do século 19. No entanto, as discussões sobre o aquecimento global, em âmbito mais público, se iniciaram no final dos anos 80 e começo dos anos 90. “Neste mesmo período, cientistas sociais começaram a discutir globalização. Este fenômeno teve interesse imediato, ao passo que o aquecimento global tornou-se preocupação pública na primeira década de 2000, ficando submetido a um plano secundário, quase que à margem das políticas públicas”. Destacou que a temática ganhou e mantém relevância muito em razão das COPs, Conferências das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Redução de gases de efeito estufa, mecanismos de financiamento e compensação financeira entre países, desenvolvimento e transferências de tecnologia limpa, uso da terra e comercialização de créditos de carbono são alguns dos temas tratados nestas conferências. Frisou que em todas as edições acontecem impasses e dilemas relativos ao confronto entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Estes últimos, cobrados pelas nações mais desenvolvidas, alegam necessidade de direito ao desenvolvimento. “Ou seja, defendem que precisam crescer e se desenvolver. Para isso, teriam mais direito em emitir gases do que aqueles. Além disso, há diferenças de grupos e interesses dentro do mesmo país”, considerou, tornando explícito o entrave entre os dois grupos. Relatou que a então ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, ao participar da COP 20, no Peru, disse que “clima não é questão de meio ambiente; é de desenvolvimento, de geopolítica do desenvolvimento, que precisa negociar com as políticas nacionais. O Brasil deve amadurecer internamente sua discussão sobre mudança climática. Estamos falando de uma agenda de desenvolvimento e não de meio ambiente”, colocou à época Com isso, agregou, pesquisas recentes apontam à análise das mudanças climáticas não como um problema ambiental, mas com um tema vinculado aos conflitos ambientais e, portanto, às disputas acerca do desenvolvimento. “A desigualdade global aparece como elemento preponderante na política ambiental internacional. Indicadores mostram que as nações mais pobres apresentam indicadores bem menores daqueles obtidos por nações ricas, em termos de emissão por pessoa. Nos EUA, este número vai a cinco vezes”, contou. Neste quadro surge a injustiça climática, sublinhou. “Ou será que as consequências são as mesmas sobre crianças na Índia como no Reino Unido?”, questionou, acrescentando: “É óbvio que não. E, desta forma, as desigualdades e injustiças climáticas são um desdobramento consequente das desigualdades sociais”, resumiu. A cada COP e divulgação de relatórios, completou, ficam mais evidentes as “sérias consequências sociais das transformações do clima, já estabelecidas, como mudanças nos fluxos migratórios, desabastecimento, desertificação, alteração de distribuição geográficas das safras agrícolas e transformações no fluxo de materiais em decorrência do derretimento de geleiras e a abertura de novos canais de comercialização marítima”. Para ela, a problemática não pode ser estudada de maneira setorizada. “As questões relativas às seguranças alimentar, energética e hídrica estão conectadas. Desta forma, a compreensão e o enfrentamento das mudanças climáticas inserem-se no centro das discussões a respeito da governança ambiental”, assinalou. Alternativas
    Entre as alternativas em estudo por parte de grupo de docentes da Ufrgs, a professora Lorena Freury apresentou, como sugestões para o País, a identificação e análise dos desafios à segurança alimentar e à produção de alimentos seguros e isentos de agrotóxicos, no contexto de alterações climáticas globais; análise de aspectos legais (como plano nacional de adaptação à mudança do clima) orientados pelas mudanças climáticas, com debate sobre limites e possibilidades; discussão das relações entre conservação da biodiversidade e mudanças climáticas, propondo-se estratégias de mitigação e adaptação; discussão das implicações das mudanças climáticas no planejamento de saneamento e mobilidade urbana; análise das implicações à desigualdade social e justiça ambiental decorrentes das mudanças climáticas globais, e análise de formulação de políticas ambientais nos níveis local, ambiental e nacional.
    Por fim, disse da necessidade de um trabalho integrado entre os diferentes setores ligados à academia, movimentos sociais, analistas internacionais, técnicos e gestores responsáveis pelas políticas públicas na construção de um futuro “mais seguro e colaborativo frente às mudanças do clima”, pregou © Agência de Notícias
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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/injusticas-climaticas-sao-desdobramento-das-desigualdades-sociais-afirma-especialista/469994873

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