INVESTIGAÇÃO: Corrêa falta a audiência na Justiça
Começou com adiamento o primeiro dos interrogatórios judiciais dos denunciados no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do mensalão. Convocado para apresentar sua defesa ao juiz 13ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho, às 9h30 de ontem, o ex-presidente nacional do PP e deputado federal cassado Pedro Corrêa Neto não compareceu à audiência. Ele seria o primeiro a ser ouvido dos 40 denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, mas não chegou nem a receber a notificação judicial. A carta de ordem do STF para a Justiça Federal de Pernambuco ouvir o réu foi emitida na última quarta-feira. Mas somente anteontem é que um oficial de Justiça foi entregar o documento. Na ocasião, o ex-deputado não se encontrava no Recife, segundo familiares. O juiz Cesar Cavalcanti de Carvalho considera o procedimento normal, sem caracterização de desrespeito a decisão judicial ou tentativa de fuga. Mesmo sendo notificado, ele não estava na cidade. A expectativa é que retorne até o dia 10 de dezembro, explicou o magistrado. Fabio Corrêa, filho do ex-deputado, chegou a telefonar à Justiça Federal avisando sobre a ausência do pai e que ele entraria em contato assim que voltasse. O procedimento, a partir de agora, é esperar o retorno de Pedro Corrêa, enviar novamente o oficial de Justiça para que a notificação possa ser entregue pessoalmente, marcar uma nova audiência e aguardar o comparecimento do réu. Não foi informado o local onde o ex-parlamentar se encontra. A decisão do STF de delegar a juízes federais a tarefa de interrogar os denunciados, em seus respectivos estados, é uma tentativa de acelerar o processo de apuração e julgamento. Pedro Corrêa foi denunciado por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões por meio das empresas do empresário Marcos Valério de Sousa. De acordo com as investigações da procuradoria-geral, a quantia teria sido repassada pelo assessor do PP à época, João Cláudio Genu. Ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Pedro Corrêa admitiu ter recebido R$ 700 mil para pagar os advogados do então deputado Ronivon Santiago. A versão não foi aceita pelos investigadores. Pedro Corrêa foi o único parlamentar da bancada de Pernambuco a ser citado no inquérito do mensalão. Ele teve o mandato cassado pela Câmara dos Deputados em março de 2006, no mesmo dia em que o correligionário Pedro Henry (PP-MT) foi absolvido. O processo de apuração será longo. Após os interrogatórios de todos os 40 denunciados, a Justiça irá ouvir as testemunhas de defesa e de acusação, com cada envolvido podendo convocar até oito testemunhas.
Paulo Rebêlo
Do Diário de Pernambuco
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