Jornalistas torturados revelam atuação de milícias no Rio
Não é só em pontos perdidos da selva amazônica que o Estado não chega e o poder público pode menos que os grupos dominantes locais. No Rio de Janeiro, décadas depois dessa constatação, criminosos organizados montam seus governos paralelos e ridicularizam as autoridades responsáveis pelas chamadas "forças de segurança" estatais.
Essa verdade, contudo, só vem à tona quando a delinqüência atinge pessoas conhecidas. Foi o que aconteceu recentemente com um grupo de jornalistas do jornal O Dia. Conforme reportagem publicada, neste domingo (1/6), pelo jornal, uma repórter, um fotógrafo e um motorista, infiltrados na favela do Batan, na cidade do Rio de Janeiro, foram torturados pelas milícias que comandam o local.
A equipe do jornal alugou uma casa na favela com o objetivo de produzir uma reportagem sobre a milícia que atua na área. Durante duas semanas, os jornalistas viram como funcionam as regras impostas aos moradores pelas milícias, tanto na vida pessoal, quanto social, política e em assuntos comerciais.
Descobertos, a equipe sentiu na pelé o que é feito com os indesejáveis. Foram capturados e agredidos. Segundo a reportagem, em um dos intervalos das sessões de tortura, os jornalistas identificaram o barulho de sirenes iguais às da polícia. Entretanto, os homens não estavam ali para resgatar a equipe.
A reportagem mostra que o Estado paralelo criado pelas milícias, além de criar leis próprias, é responsável por fazer com que as regras sejam cumpridas e pelas punições àqueles que as desobedecem. Tudo com um código de procedimentos próprios.
Conclusão muito semelhante foi apresentada em uma reportagem recente publicada pelo jornal O Globo, pelo repórter Mauro Ventura. O jornalista assistiu a uma sessão de julgamento em uma favela no Rio. Não foi preso, nem torturado, mas viu o modo como os que não cumprem as regras são punidos. Entretanto, as revelações da reportagem mostravam o Estado paralelo do tráfico, em que os algozes eram traficantes.
A reportagem do jornal O Dia coincide, ainda, com outra data que marcou o jornalismo investigativo referente ao Estado paralelo. No dia 2 de junho, completa 6 anos desde que o repórter Tim Lopes, da TV Globo foi assassinado. Tim Lopes fazia uma reportagem sobre bailes funks, promovidos por traficantes, na favela de Vila Cruzeiro. Os bailes eram caracterizados pelo consumo de drogas e sexo explícito e, através deles, aliciavam-se meninas menores de idade.
Emboscada na favela
Depois de duas semanas morando na comunidade, os...
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