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20 de Junho de 2024
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    Juiz marca interrogatório de acusado de morte de musicista para 16 de agosto

    Foi realizada na tarde desta segunda-feira (30), na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, a 2ª audiência que apura o assassinato da musicista Mayara Amaral. Foram ouvidas três testemunhas de acusação ausentes na audiência anterior e outras três testemunhas de defesa. O juiz titular da vara, Aluizio Pereira dos Santos, designou o interrogatório do acusado L.A.B.B. para o dia 16 de agosto, a partir das 14h30, em nova audiência que deve ouvir uma testemunha de defesa que não foi localizada.

    O processo também apura o crime de receptação com relação a A.S.P., que teria comprado o veículo da vítima. A defesa dele entrou na semana passada com um pedido de adiamento, que foi negado. No entanto, mesmo cientes da negativa do adiamento, réu e advogado de defesa não compareceram, de modo que o juiz declarou a revelia do processo com relação a A.S.P.. Ele deveria ter sido interrogado hoje.

    Ainda em audiência, o juiz adiantou a realização da perícia médica sobre o incidente de insanidade mental instaurado. Designada para outubro, o magistrado reagendou a perícia para o dia 7 de agosto, pois se trata de réu preso e a exigência legal determina o andamento processual célere.

    Na audiência de hoje, os primeiros dois depoimentos prestados foram de policiais civis que trabalharam nas investigações do caso. Conforme esclareceram, a partir da localização do corpo carbonizado da vítima na cachoeira do Inferninho, a primeira suspeita recaiu sobre um tatuador com quem Mayara estava saindo. Ele foi interrogado e insistiu que não havia se encontrado com ela nos últimos dias.

    Embora uma mensagem do celular de Mayara tenha sido enviada à mãe dela, dizendo que estaria com o tatuador e pedia socorro, os policiais desconfiaram porque o texto foi enviado cerca de seis horas depois da localização do corpo.

    Os investigadores seguiram então para o ex-marido, que não levantou qualquer suspeita. Ele chegou a ir no IML reconhecer o corpo da vítima, como também o pai da Mayara e, em razão da carbonização, ambos não conseguiram reconhecer que se tratava do corpo da musicista.

    A investigação contou ainda com o rastreamento do celular de Mayara e, a partir do Google Maps, os policiais conseguiram descobrir onde ela esteve nas últimas horas, que mostrava um endereço no bairro Santa Luzia e depois no motel e, por fim, novamente no mesmo bairro.

    Foi lá que os policiais chegaram à residência do acusado que, embora questionado, disse que havia visto Mayara na companhia do tatuador. No entanto, em busca no seu quarto, os policiais encontraram o notebook, violão e demais pertences de Mayara.

    Enquanto faziam buscas na residência do acusado, outra equipe no motel conseguiu as imagens das câmeras que mostravam que ele havia deixado o local sozinho. Ele então foi levado à delegacia, onde manteve a autoria do tatuador, depois apresentou uma nova versão na qual teria cometido o crime junto com um comparsa, vulgo "Cachorrão", e ainda ocultado e carbonizado o corpo dela com a ajuda de A.S.P.

    Os três chegaram a ser presos e denunciados, no entanto o próprio acusado tempos depois voltou atrás e assumiu a autoria do crime sozinho. Apenas A.S.P. continua como réu, pelo crime de receptação.

    Os policiais chegaram ainda a relatar que as investigações apontaram que L.A.B.B. teria contraído uma doença de Mayara. Segundo os policiais, tratava-se de sífilis, o que teria feito o acusado buscar um médico. Além disso, o fato de contrair a doença o teria deixado bastante incomodado.

    Outra testemunha de acusação ouvida foi a funcionária do motel, que falou em seu depoimento que assumiu o plantão às 8 horas do dia depois do crime. Ela contou que L.A.B.B. pernoitou no local e, quando chegou para fechar a conta, foi indagado onde estava sua parceira. Ele então havia dito que ela havia deixado o motel às 5 horas na companhia do pai porque teve uma hemorragia.

    A funcionária contou ainda que, quando foi verificar o quarto para encerrar a pernoite, notou gotas de sangue no lençol, e que não suspeitou, diante do relato anterior do acusado. Ela apenas solicitou a cobrança de taxa extra de limpeza e, como L.A.B.B. alegou que não tinha mais dinheiro, ficou com o documento de Mayara, dado pelo acusado como garantia para acertar a dívida.

    Indagada se não suspeitou sobre a atitude do acusado, ela disse que este agia normal, como os demais clientes, e, com relação ao sangue, também disse que é comum. Disse que, como havia assumido o plantão às 8 horas, acreditou na palavra dele. Só depois pelos noticiários ficou sabendo do crime.

    A defesa de L.A.B.B. levou como depoentes a mãe, a namorada e um amigo do réu. Indagada sobre o comportamento de seu filho antes do crime, a mãe disse que há cerca de um mês ele teria contraído pneumonia e nos últimos 15 dias a mãe havia percebido que ele estava muito magro e bebendo bastante, algo que não era comum. Ela relatou que tinha conhecimento de que seu filho usava maconha e, no dia em que os policiais chegaram em sua residência, descobriu que seu filho era usuário também de pasta base.

    Sobre a presença de Mayara em sua casa, ela disse que havia visto umas quatro ou cinco vezes, junto com outros amigos de L.A.B.B., mas a musicista nunca teria pernoitado na residência, até porque o acusado namorava há sete anos.

    A namorada de L.A.B.B. afirmou em seu depoimento que no dia dos fatos ele estava quieto e com os olhos vermelhos. Descreveu o réu como um namorado carinhoso, cavalheiro, que fazia todas as suas vontades e que em todo o tempo em que se relacionavam ele nunca havia dirigido uma palavra de baixo calão a ela ou demonstrado qualquer agressividade. Segundo ela, eles tinham planos de se casar este ano.

    Em seu depoimento, fez questão de frisar sobre o martelo utilizado no crime que, segundo narra, o réu costumeiramente carregava para quebrar o gelo do tereré. Ela disse que o martelo estava na mochila dele, inclusive quando foi buscá-la no serviço no dia do crime. Questionada pelo promotor sobre a menção do martelo, mesmo que não indagada do fato, ela frisou que fez questão de explicar que seu namorado tinha por hábito carregar o martelo, o que indicaria não se tratar de um crime premeditado como noticiado pela imprensa.

    O comportamento calmo e não agressivo também foi narrado no depoimento de um amigo do acusado que, no entanto, confessou que L.A.B.B., apesar de manter um relacionamento longo, tinha envolvimentos casuais com outras mulheres. Ele chegou a dizer que o réu "era uma pessoa com a vida amorosa acelerada".

    L.A.B.B. é acusado de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio, além de furto e ocultação de cadáver. A pedido da família da vítima, o processo tramita em sigilo e as audiências são públicas, conforme prevê a lei.

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