Juiz que atendeu a pedido de MBL em desfavor de Lula escreveu cartas de repúdio ao PT e ex-presidente em jornais
Itagiba Catta Preta feelings diria o meme da internet. Isso porque o Juiz de Direito Haroldo Nader, Juiz da 6ª Vara Federal de Campinas (SP) e desconhecido do público, ganhou as manchetes dos sites de notícias do país ao determinar o fim da equipe que assessorava o ex-presidente Lula, às custas da União, como preveem as regras de tratamento a ex-chefes de estado no país. Seria mais uma decisão contra o ex-presidente na Justiça brasileira, não fosse o curioso detalhe que o magistrado nas horas vagas é um cidadão que escreve cartas a jornais contra o próprio Lula e o Partido dos Trabalhadores.
Segundo apuração da BBC, foram diversas cartas entre os anos de 2015 a 2017 que o magistrado endereçou a jornais como Estadão e Folha de São Paulo. Dentre as cartas, em 2015, o magistrado escreveu sobre uma manifestação de rua em favor do ex-presidente: “É óbvio que a manifestação desta quinta-feira tenha ocorrido em dia útil, com vale-transporte e alimentação. Seus manifestantes estão lá a serviço”. Sobre o governo Dilma, Nader afirmou que “É o governo ‘podrão Fifa'”, ao escrever uma carta em 31 de maio de 2015.
No mesmo ano, apurou a matéria da BBC, Nader utilizou uma metáfora para pedir a saída de Dilma: “Após a concessão dos aeroportos, a concessão da pilotagem. A pilota entrega o comando ao co-piloto e é trancada fora da cabine, exatamente para que o avião não caia”. Nader faz parte de uma família “tradicional” no Direito. Seu pai foi Juiz de Direito e Professor; seus irmãos e esposa também foram para carreira jurídica da qual faz parte o magistrado, que teve educação de elite econômica.
A decisão atendeu a um pedido de Rubens Naves, um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre (MBL), conhecido grupo de extrema-direita e que na última semana esteve sob holofotes por seu alvo de agências de checagem de fake news. O caso remonta às conhecidas liminares de Itagiba Catta Preta, Juiz Federal em Brasília, que em 28 segundos deferiu medidas para suspender a posse do ex-presidente enquanto ministro da Casa Civil no fim do governo Dilma. O revés do governo na suspensão da posse – mantida por decisão de Gilmar Mendes, mas que nunca foi a debate no plenário do Supremo – foi um dos últimos capítulos da queda da ex-presidenta. Momentos mais tarde, foram divulgadas inúmeras imagens na internet de Itagiba em atos pelo impeachment.
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