Juliano propõe discussão permanente à prevenção do suicídio

O vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Juliano Roso (PCdoB) pretende criar um espaço de discussão permanente direcionada à prevenção ao suicídio, por meio do Observatório do Suicídio no RS.

A intenção será debatida em audiência pública. O requerimento de autoria do parlamentar foi aprovado, na quarta-feira, 25, na Comissão de Saúde da ALRS. O objetivo é trazer diversos setores e profissionais da saúde para integrar a discussão.

“Nós criamos a semana de prevenção ao suicídio no âmbito da ALRS, mas acredito que não devemos ficar apenas nisso. O observatório terá a participação de técnicos, psiquiatras, psicólogos, pessoas que trabalham com saúde pública, professores, hospitais, Cruz Vermelha e o CVV, será um espaço de ampla participação e monitoramento deste problema de saúde pública”, afirma.

De acordo com Juliano, a meta é mobilizar toda a sociedade, prefeituras e a imprensa para construir uma grande rede de prevenção. “Todos nós temos amigos, familiares, vizinhos, colegas de trabalho e de aula que já tentaram ou cometeram suicídio. Então, esse é um assunto muito traumático, mas precisamos abordá-lo para combatê-lo. Se conseguirmos salvar uma vida com esse trabalho já estaremos satisfeitos.”

RS tem a maior taxa de mortalidade do país

O suicídio provoca, aproximadamente, mil mortes por ano no Estado. São cerca de três pessoas que cometem suicídio por dia no Estado. “É um índice muito alto. É o dobro da média do Brasil”, afirma Juliano.

As causas que provocam o suicídio ainda são desconhecidas. Estudos apontam que aspectos fisiológicos, sociais e culturais podem contribuir com o quadro. “Estamos diante de um problema de saúde pública. Não é só a depressão a responsável. O quadro também pode ter uma vinculação direta com o uso de agrotóxicos”, aponta o parlamentar.

No Rio Grande do Sul, em 2016, os dados do suicídio, embora subestimados, mostram a ocorrência de 848 casos entre pessoas de 9 a 19 anos de idade. O maior número de ocorrências é na faixa etária de maiores de 60 anos, mas nos últimos anos esta incidência mantém-se estável, sendo que o número de casos entre jovens adultos apresenta crescimento contínuo.

“O que nos preocupa é que estabilizou o número de mortes de idosos, mas cresce muito o índice de jovens que cometem suicídio. Essa é a nossa preocupação maior. Isso tem relação com o bullying na escola”, questiona.

De acordo com o parlamentar, a rejeição da família e da sociedade, em relação a opção sexual, também pode ser um dos fatores que tem levado os jovens a tirar sua própria vida. “São vários fatores que podem provocar, mas precisamos estar atentos e vigilantes para mudar este contexto.”

Observatório foi proposto, mas não saiu do papel

A Secretaria Estadual de Saúde planejou e noticiou a criação de um projeto piloto para prevenção ao suicídio, em maio de 2017. A iniciativa tinha o objetivo de reunir dados e análises sobre o tema, para subsidiar políticas públicas profiláticas .

A previsão era iniciar os trabalhos a partir de 2018. Passado um ano do anúncio as atividades ainda não iniciaram. “Diante das constantes notícias e ocorrências de novos casos de suicídio entendemos ser indispensável que este Parlamento se aproprie deste debate e possa assim contribuir para a implementação da criação do observatório do Suicídio no Rio Grande do Sul”, afirma o deputado.

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