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20 de Junho de 2024
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    Leia a transcrição da entrevista de Aécio à Folha e ao UOL

    Publicado por Folha Online
    há 12 anos

    DE BRASÍLIA

    Aécio Neves (PSDB-MG), senador e ex-governador de Minas Gerais, participou do "Poder e Política", projeto do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues . A gravação ocorreu em 26.abr.2012 no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

    Veja fotos da gravação da entrevista com Aécio

    http://www3.uol.com.br/modulos/playlist-videos/trechos-da-entrevista-com-aecio-neves-tm-1335482975901.js

    Leia a transcrição da entrevista:

    Aécio Neves - 26/4/2011

    Narração de abertura: Aécio Neves da Cunha tem 52 anos. É filiado ao PSDB e é um dos líderes da oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff.

    Economista, Aécio foi secretário particular do avô, Tancredo Neves. Foi também deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados. Foi eleito governador de Minas em 2002 e reeleito em 2006.

    Em 2010, quis ser candidato a presidente, mas perdeu a disputa interna no PSDB para José Serra.

    Aécio acabou elegendo-se senador em 2010. Agora, frequenta todas as listas de possíveis candidatos a presidente da República nas eleições de 2014.

    Folha/UOL: Olá internauta. Bem-vindo a mais um "Poder e Política Entrevista".

    Este programa é uma realização do jornal Folha de São Paulo, dos portais UOL e Folha.com. A gravação é sempre realizada aqui no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

    O entrevistado desta edição é o senador do PSDB de Minas Gerais, Aécio Neves.

    Folha/UOL: Senador, muito obrigado por sua presença. Eu começo perguntando sobre um tema quente desta semana. O sr. há um tempo foi contatado por Demóstenes Torres [senador de Goiás, ex-DEM] para arrumar um emprego para a prima de Carlinhos Cachoeira. O sr. atendeu Demóstenes Torres. O que aconteceu?

    Aécio Neves: Nada. Eu fiz o que é absolutamente natural. Há um ano atrás, eu acho que nem eu, nem você, nenhum brasileiro tinha bola de cristal. O senador Demóstenes, líder do Democratas [no Senado], me procurou na Comissão de Constituição e Justiça dizendo que tinha uma pessoa muito qualificada para um cargo que existia em Uberaba. Encaminhei esse currículo, como encaminhei inúmeros outros que me chegaram, à Secretaria de Governo. E a pessoa era muito qualificada, com curso de pós-graduação.

    E naquele instante, Fernando... Todos nós somos vítimas das nossas circunstâncias... Naquele instante, uma indicação do senador Demóstenes recomendava, credenciava o indicado. O que ocorreu foi algo muito simples, feito às claras. Uma indicação qualificada, de um líder qualificado, de um partido aliado, e que chegou ao governo e foi contratada. O que era inadmissível, e é inadmissível é um senador da República fazer um papel desse: atender interesse de um contraventor. Mas lamentavelmente, como eu disse, nem nenhum brasileiro, há um ano atrás, podia sequer de longe imaginar que ele tinha essa conduta. Eu lamento imensamente isso, mas eu fiz o que eu faria inúmeras outras vezes. Se você recebe uma indicação política e ela é qualificada, a oportunidade pode ser dada. Eu não vejo nenhum equívoco nisso.

    Folha/UOL: Essa pessoa que foi indicada e que depois acabou sendo empregada, ela deve ser exonerada agora do cargo?

    Aécio Neves: Isso depende do governador, essa já não é uma responsabilidade minha. Eu fiz, como aliado político, a indicação, cabe ao governador avaliar o desempenho dessa pessoa. Eu não conversei ainda com ele sobre esse assunto. Repito a você, Fernando, poucas pessoas, e o meu governo durante oito anos teve essa marca, tiveram tanto cuidado em qualificar o governo. Nós temos o governo da meritocracia. Que é exatamente o contraponto ao que está aí hoje. O governo do PT. Nem culpo a presidente Dilma por ter ela própria indicado sete ministros que caíram por denúncias de desvios, de corrupção. Acredito que, provavelmente, ela não tinha, antes de indicá-los, essas informações.

    Folha/UOL: Esse episódio dessa pessoa em Uberaba me chamou atenção também, mais uma vez, como os políticos brasileiros se ocupam de um indicar para o outro pessoas para serem empregadas em algum cargo público. Quando nós vamos nos ver livres disso, que senadores da República têm que ficar se ocupando disso?

    Aécio Neves: Não é se ocupar disso. Essa não é a nossa atividade central. Mas você não pode demonizar a indicação política porque ela muitas vezes é qualificada. Você tem que ocupar alguns cargos, que são esses de livre nomeação, com pessoas de confiança. Como é que elaste chegam? Por indicação técnica, política e você tem que avaliar o currículo. Se o currículo é adequado, se a pessoa é qualificada... E nesse caso especificamente [da prima de Carlinhos Cachoeira], era muito qualificada, até acima de um cargo de R$ 2 mil, se não me engano, que ela vencia lá. Então não há como. A não ser que você crie no Brasil, e esse é o caminho que nós devíamos percorrer, e o PT faz o caminho inverso, para criar uma burocracia mais estável de Estado, onde as pessoas tenham possibilidade de ascender dentro da própria carreira através de concurso e através de planos de carreira que permitam uma ascensão funcional e salarial. Há um desestímulo muito grande hoje às pessoas estarem no serviço público. Principalmente pela baixa remuneração.

    Folha/UOL: Com os indícios já disponíveis é possível dizer que o senador Demóstenes dificilmente vai manter o mandato?

    Aécio Neves: Olha, a situação é extremamente grave, porque é muito próxima essa relação. E aquele que detém um mandato público tem que ter uma postura diferente. Tem que ser referência, tem que ser exemplo. E sobre ele, ainda mais a questão se agrava porque ele representava exatamente o campo oposto a isso. Ele era o arauto da moralidade, ele era referência. Por isso que eu disse: qualquer indicação do senador Demóstenes naquele tempo recomendava o indicado. Por isso o plenário do Senado ficou extremamente chocado com...

    Folha/UOL: O sr. acha que ele vai ser cassado?

    Aécio Neves: Eu acho que a probabilidade maior hoje é que ele seja cassado.

    Folha/UOL: Ele pertence ainda, embora esteja sem partido agora, à oposição. Qual é o estrago que essa CPI do Cachoeira vai causar à oposição?

    Aécio Neves: Olha, em primeiro lugar nós temos que ter muito cuidado, Fernando, para não permitir que essa CPI seja um instrumento de guerra política. Porque assim ela não cumprirá o seu objetivo. Não pode ser uma guerra da maioria contra a minoria, ou da base do governo contra a oposição. Nem vice-versa. Aí nós temos que contar coma imprensa, com a sociedade, para estarmos vigilantes para averiguarmos todas as denúncias que chegarem à CPI com envolvimento de A ou de B, independentemente da sua origem política. Eu espero que a CPI possa ter um saldo positivo. Eu acho que é a expectativa de todos nós. Portanto nós temos que estar muito atentos às blindagens que começam a ocorrer. O que eu percebo é que aqueles, principalmente, lideranças petistas que estavam muito entusiasmadas com a CPI no seu início porque achavam que podia atingir A ou B, essa ou aquela figura da oposição, eu já não vejo o mesmo entusiasmo. Eu já vejo, por exemplo, e cito algo objetivo, uma certa preocupação em não entrar, por exemplo, em relações privadas porque...

    Eu vejo uma certo esforço de restringir as investigações a agentes públicos. Eu acho que não. Tem que ir nos agentes públicos, sejam eles parlamentares, sejam eles governadores, agentes privados que tiveram relações com todos os níveis de governo, seja municipal, estadual e o próprio governo federal. Eu não vejo entusiasmo, por exemplo, da base, para investigar de que forma a empresa Delta, por exemplo, teve esse volume de negócios ou de contratos com o governo federal num espaço de tempo tão curto. Será que isso também não é necessário que se averigue? Então nós vamos estar lá numericamente inferiorizados, mas muito organizados, repito, para não permitirmos que essa seja uma CPI direcionada contra a oposição.

    Folha/UOL: Do ponto de vista estritamente da estratégia política, o Palácio do Planalto errou ao turbinar a instalação da CPI no começo?

    Aécio Neves: Eu acho que essa coisa começou um pouco ...

    Ver notícia na íntegra em Folha Online

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