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20 de Junho de 2024
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    Leia a transcrição da entrevista de Gleisi Hoffmann à Folha e ao UOL

    Publicado por Folha Online
    há 10 anos

    Gleisi Hoffmann, senadora pelo PT do Paraná, participou do Poder e Política, programa da Folha e do "UOL" conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A gravação ocorreu em 16.abr.2014 no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

    http://www3.uol.com.br/module/playlist-videos/2014/gleisi-hoffmann-no-poderepolitica-1397686254050.js

    Gleisi Hoffmann - 16.abr.2014

    Narração de abertura [EM OFF]: Gleisi Helena Hoffmann tem 48 anos. É advogada formada pela Faculdade de Direito de Curitiba.

    Gleisi Hoffmann iniciou a militância política no colégio. Durante o curso técnico, então filiada ao PC do B, elegeu-se presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.

    Gleisi Hoffmann filiou-se ao PT em 1989. Foi secretária de Gestão Pública da prefeitura de Londrina na gestão de Nedson Micheleti.

    Em 2002, Gleisi Hoffmann foi nomeada diretora financeira de Itaipu pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Quatro anos depois, candidatou-se a uma vaga no Senado, mas perdeu para o tucano Álvaro Dias.

    Em 2008, Gleisi Hoffmann foi eleita presidente do PT do Paraná e candidatou-se à prefeitura de Curitiba, mas ficou em segundo lugar, derrotada para o também tucano Beto Richa.

    Em 2010, disputou novamente uma vaga no Senado e, desta vez, foi eleita.
    No ano seguinte, foi nomeada pela presidente Dilma Rousseff ministra-chefe da Casa
    Civil, para substituir Antonio Palocci.

    Gleisi Hoffmann deixou a Esplanada dos Ministérios em fevereiro de 2014 e voltou ao Senado. É pré-candidata do PT ao governo do Paraná.

    Folha/UOL: Olá, bem-vindo a mais um Poder e Política - Entrevista. Este programa é a uma realização do jornal Folha de S. Paulo e do portal UOL. A gravação é realizada no estúdio do Grupo Folha, em Brasília.

    A entrevistada desta edição do Poder e Política é a senadora Gleisi Hoffmann, do PT, do Paraná, que acaba de sair da Casa Civil e voltou ao Congresso.

    Folha/UOL: Olá senadora, tudo bem?
    Gleisi Hoffmann: Olá, Fernando, tudo bem.

    Uma estratégia da bancada governista, dentro do Congresso, conseguiu mais uma vez adiar a instalação da CPI da Petrobras e de outras CPIs também. Depois da Páscoa, talvez, venha uma decisão. A presidente da estatal, da Petrobras, Graça Foster, esteve no Senado, falou longamente com os senadores e já estamos nessa discussão há um bom tempo e não tem CPI. Essa estratégia de tentar postergar um pouco a instalação é a melhor possível para o governo?
    Primeiro [deixa] eu dizer a você, Fernando, que eu sou absolutamente favorável a uma investigação ampla sobre a Petrobras. Penso que todo malfeito tem que ser esclarecido e a população brasileira quer isso. A presidenta sempre foi muito incisiva nisso, de dizer que tem que se esclarecer os malfeitos e os responsáveis têm que responder pelos seus atos. O que acontece é que não pode ser uma averiguação só pela metade. Nós temos muitos malfeitos no Brasil. Nós temos, por exemplo, a situação dos metrôs em São Paulo, dos trens, envolvendo lá pessoas do setor público, empresas privadas com conluios para ganhar licitação, aliás, hoje está na Folha exatamente uma notícia de suspensão da licitação de um trecho do metrô. Até o Tribunal de Contas está envolvido nesse escândalo. Nós temos o problema, que lhes apontam, da refinaria da Petrobras em Pernambuco, que é dentro do porto de Suape, com uma série de questões que estão sendo levantadas já e debatidas no plano nacional. Então, se é para a gente verificar os malfeitos, vamos fazer isso de uma forma ampla e vamos trazer o debate sobre a corrupção, sobre os desvios no plano nacional.

    Eu entendo esse seu ponto. Não obstante, o caso dos trens e do metrô de São Paulo, tem sido noticiado com muito vigor pela mídia, inclusive pela Folha de S.Paulo, pelo UOL, sempre em cima do que está acontecendo há algum tempo. Só que, os deputados e senadores governistas não propuseram essa CPI, ao longo de muitos meses. Quando surgiu o assunto da Petrobras, a oposição propôs uma CPI da Petrobras, aí o governo reagiu, dizendo "ah, então vamos fazer uma do metrô de São Paulo". Fica só a impressão que um pediu uma CPI e o outro só reagiu. Por que o governo não pediu antes uma CPI para o caso dos trens do metrô?
    Porque tanto a situação da Petrobras, que não é nova, já está sendo investigada pela Polícia Federal há cinco meses, desde junho do ano passado já tem uma denúncia do Ministério Público sobre essa questão de Pasadena, que vem sendo averiguada por órgãos técnicos, como Tribunal de Contas da União, CGU, Ministério Público, como os trens em São Paulo também têm...

    Não, mas, a sra. me desculpe, o caso da Petrobras surgiu agora com mais força com a resposta da presidente Dilma, uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" dizendo que ela participou da decisão. Aí é que o assunto realmente tomou grandes proporções.
    É verdade, politizaram o assunto. Essa foi a grande verdade, por que esse caso já estava sendo investigado, assim como o caso de São Paulo. Eu penso que o Ministério Público, a Polícia Federal, a Controladoria-Geral, os tribunais de conta hoje estão muito aparelhados e têm independência para fazer essas averiguações sem fazer um palco político eleitoral. Eu me coloquei em relação à CPI da Petrobras exclusiva, me coloquei com uma posição de reticência, exatamente porque nós estamos em um ano eleitoral. O foco, as discussões, a forma de intervenção da oposição, era para levar isso para fazer um palanque para servir de debate no período eleitoral. Se é para fazer uma discussão política, e aí o Congresso é legítimo para isso, uma CPI tem legitimidade para fazer uma investigação política, então vamos fazer de todos os casos que têm impacto no Brasil e que têm recursos federais envolvidos.

    Eu entendo o seu ponto, senadora, mas voltando ao que eu disse, o ponto culminante do caso Petrobras é recentíssimo, foi uma resposta da presidente da República dizendo ter participado diretamente da decisão porque era a presidente do conselho da estatal, em 2006. O ponto culminante do caso do metrô de São Paulo, que é gravíssimo também, já ocorreu há alguns meses, com a liberação de documentos. Por que o governo, com seus deputados e senadores governistas, não propuseram, naquele momento já, uma CPI sobre o metrô de São Paulo, aqui no Congresso?
    Foi proposta na Assembleia Legislativa [do Estado de São Paulo];

    Pois é, mas lá uma coisa, podia propor aqui.
    Sabe o que é interessante? É que nenhum Estado da federação tem práticas de comissão parlamentares de inquérito. Te pergunto, quantas CPIs o Estado de São Paulo faz?

    Não faz quase nada.
    Minas Gerais faz? Paraná? Tudo está focado em Brasília, o problema é aqui e é bem no momento eleitoral? Quer dizer, todo mundo sabia que a presidenta era membro do conselho da Petrobras, só porque o jornal trouxe a matéria se tornou relevante, um fato político? Eles estão investigando e participando disso há muito tempo. Então assim, teve um oportunismo político nesse processo. Eu não estou dizendo que isso é errado ou é certo, nós fazemos política nesse país. Nós já fomos oposição e também quisemos instalar várias CPIs no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e não foi permitida, não foi permitida. Por exemplo, as CPIs que eram importantes, como CPI do segundo mandato ou outras, não prosperaram. É do embate político. É um direito fazer uma discussão política sobre averiguação política. Eu sou a favor de que todas as questões da Petrobras sejam esclarecidas. Acho que, ontem, a presidente da Petrobras, a Graça Foster, foi de uma clareza, uma objetividade, uma sinceridade muito grande no que ela falou e nós temos que esclarecer, mas é importante que tudo seja esclarecido, todo e qualquer malfeito nesse país seja passado a limpo. Eu acho que nós temos que fazer um grande debate nacional sobre corrupção, sobre envolvimento de órgãos públicos, agentes públicos, e tentar fazer com que as coisas melhores no sentido amplo.

    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de fato, promoveu, por meio da sua ampla maioria que tinha no Congresso à época, várias operações abafa contra as CPIs. As CPIs não aconteceram. A sra. está dizendo que agora acontece a mesma coisa?
    Não, porque nós estamos propondo fazer a CPI. Nós poderíamos ter tentado fazer uma operação abafa. "Agora, nós não vamos investigar nada". Não, nós estamos propondo. Nós vamos investigar a Petrobras e queremos investigar também os casos que estão relativos ao metrô de São Paulo e ao porto de Suape. A oposição tem algum medo?

    Mas por que é necessário fazer tudo dentro da mesma CPI? Por que não duas CPIs separadas?
    Aí é uma questão de economia processual. Você pode até fazer duas CPIs separadas, mas aí você tem que ter duas assessorias, tem que ter consultorias diferenciadas, eu não sei se tem número de parlamentares suficientes para instalar as CPIs. Se nós vamos fazer uma, já é um ano eleitoral, que o Congresso já vai ter uma produção menor, que é assim que acontece todo ano eleitoral, acaba chegando junho, julho, há uma desmobilização no Parlamento, é um ano de Copa, quer dizer, nós não vamos ter condições de fazer duas ou três CPIs. Se não precisa fatos correlatos, que o que nós estamos discutindo, então faz uma CPI. É uma questão de planejamento. Nós podemos, por exemplo, ter relatores diferenciados, fazer o planejamento das oitivas, fazer o planejamento da avaliação documental, é possível fazer isso.

    O melhor seria não haver CPI nenhuma, nesta altura do campeonato, ano eleitoral?
    Eu acho que as CPIs são importantes fóruns para você fazer averiguação política e para também mostrar para a sociedade de forma mais clara o que está acontecendo, porque muitas vezes um inquérito policial...

    Não, sim, mas a esta altura?
    Eu penso que em um ano eleitoral ela fica muito contaminada com os interesses eleitorais, com os interesses de palanque.

    O que a sra. recomendaria?
    Qualquer fato vai ser voltado para uma disputa eleitoral. Eu penso que nós teríamos que terminar com a avaliação dos inquéritos, aí em qualquer caso, tanto do metrô, como da Petrobras, como de Suape, com o que a Polícia Federal, e a nossa Polícia Federal tem agido autonomamente...

    Antes de fazer a CPI?
    ...com o inquérito do Ministério Público, ter todas essas informações, saber como se procedeu e depois fazer uma averiguação política se isso não for satisfatório. Agora, fazer isso antes, quer dizer, sem dar condições de fazer um de...


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