Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
6 de Maio de 2024
    Adicione tópicos

    Mais da metade das magistradas do trabalho já sofreu discriminação no ambiente de trabalho

    Dados foram coletados em pesquisa da Enamat.

    Pelo menos 53,2% das magistradas do trabalho foram alvo de atitudes discriminatórias no ambiente de trabalho apenas por serem mulheres. Os dados são da Pesquisa sobre Dificuldades na Carreira da Magistrada, realizada pela Comissão de Estudos para o Incentivo à Participação Institucional Feminina.
    A ideia do levantamento partiu da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat), por meio do Ato 1/2019, e tem o objetivo de balizar políticas para fortalecer a igualdade de gênero na magistratura do trabalho.

    Pesquisa

    Para facilitar a coleta de informações, foi elaborado um questionário com 19 perguntas objetivas, enviado diretamente para o e-mail das magistradas do trabalho cadastradas no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Dos 1.766 endereços eletrônicos cadastrados, 43% (758 juízas) responderam a pesquisa, realizada entre 15/2 e 8/3/2019.

    A magistratura trabalhista brasileira tem, atualmente, 1.867 magistradas, sendo 1.632 juízas de primeiro grau, 230 desembargadoras e cinco ministras do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

    Questionário

    As 19 perguntas foram divididas em três blocos. O primeiro abordou faixa etária, estado civil, número de filhos e cor/raça. Na segunda parte, foram formuladas questões sobre informações funcionais, a fim de apurar as possíveis dificuldades na carreira de acordo com idade e com o tempo no cargo.

    O terceiro bloco continha perguntas voltadas para entender as eventuais dificuldades na carreira com relação ao gênero e identificar atitudes discriminatórias e agentes agressores, além de saber se a magistrada havia denunciado os episódios de abuso ou discriminação.

    Perfil

    A pesquisa apurou que 37,3% das magistradas do trabalho que responderam ao questionário têm entre 31 a 40 anos; 61,2% delas são casadas; 38,9% têm filhos, e 81% são brancas.

    Com relação à carreira, 35,2% delas têm entre 11 e 20 anos de magistratura, 50,8% são juízas substitutas e 99,2% estão ativas atualmente. Duas ministras do TST também responderam ao questionário.

    Discriminação

    Mais da metade das magistradas (53,2%) relataram sofrer atitudes discriminatórias no ambiente de trabalho apenas por serem mulheres. Os advogados (79,9%) lideram a lista dos agentes discriminatórios, seguidos de partes de processos ou testemunhas homens (47,6%) e magistrados (46,2%).

    Juízas substitutas com até 30 anos e magistradas negras são ainda mais vulneráveis a episódios de discriminação, inclusive por parte dos servidores homens concursados que trabalham diretamente com elas.

    Juízas titulares, desembargadoras e ministras do TST apontaram advogados e partes de processo como autores de episódios de discriminação.

    Violência

    Cerca de 25,9% das magistradas relataram ter sofrido violência psicológica no ambiente de trabalho. Outras 22,8% dizem já terem sofrido agressões verbais em varas e tribunais. Também nesse quesito, magistradas com até 30 anos foram as mais afetadas, principalmente por advogados homens (67,6%).

    No total, 70,6% dizem nunca ter sofrido violência física ou sexual, mas 22,8% relataram episódios ocorridos antes do ingresso na carreira da magistratura.

    Denúncia

    Apenas 45,3% das entrevistadas disseram ter reagido diretamente ao agressor, mas 92,3% não notificaram o tribunal sobre a discriminação ou agressão sofrida. O número de denúncias aumenta quando a magistrada é mais velha ou tem cargo mais alto na carreira.

    Oportunidades

    As magistradas foram questionadas ainda se o fato de serem mulheres as impediu de assumir novas funções e se enfrentaram dificuldades para alcançar novas posições na carreira. Para 37,2% das juízas, não há igualdade de oportunidades para participar de comissões e comitês. 35,9% não acreditam em igualdade para concorrer a cargos diretivos e 28,5% não veem igualdade para concorrer a mandatos associativos.

    Segundo 29,6% das magistradas, não há igualdade de oportunidades para participação em atividades acadêmicas (estudos ou magistério), e esse mesmo quantitativo acredita que o fato de ser mulher atrasa ou dificulta as promoções na carreira.

    Ações

    Para modificar esse quadro na Justiça do Trabalho, a Enamat tem implementado ações afirmativas para o acesso mais equilibrado às oportunidades institucionais, com o objetivo de aumentar a representatividade das mulheres em cargos diretivos nos tribunais, nas escolas judiciais, em bancas de concursos e em comissões.

    Há ainda a intenção de criar canais de comunicação para que as mulheres possam fazer denúncias sobre as práticas de assédio, discriminação e violência psicológica no ambiente de trabalho.

    Veja o relatório completo aqui.

    Fonte: Enamat

    • Publicações5674
    • Seguidores630334
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações14
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/mais-da-metade-das-magistradas-do-trabalho-ja-sofreu-discriminacao-no-ambiente-de-trabalho/725682929

    Informações relacionadas

    Justificando
    Notíciashá 6 anos

    Trabalho da mulher sob o olhar da Justiça do Trabalho

    Editora Revista dos Tribunais
    Doutrinahá 5 meses

    2. Discriminação do Trabalho da Mulher: Relações de Gênero e Poder

    Ministério Público do Trabalho
    Notíciashá 13 anos

    Trabalho Legal mostra combate contra a discriminação da mulher no ambiente de trabalho

    Estella Carolina Firmino Carvalho, Advogado
    Artigoshá 8 anos

    A história da mulher no mercado de trabalho

    Lucas F. D. Labronici, Advogado
    Modeloshá 6 anos

    [Modelo] Reclamação Trabalhista

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)