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30 de Abril de 2024
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    Mais de 70% das pessoas não usam o cinto traseiro

    Publicado por Justilex
    há 15 anos

    A cada hora, 3,8 motoristas, em média, são multados no Distrito Federal por dirigirem sem o cinto de segurança ou não cobrarem do passageiro que coloque o equipamento. Mais do que aborrecimentos com multas e pontos na carteira, o simples ato de entrar no carro e afivelar o dispositivo de segurança evitaria quase metade (47%) das mortes no trânsito, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

    O militar do Exército Enoque Ribeiro Santos, 37 anos, lamenta ter aprendido a lição por meio de uma perda irreparável. Em 2003, a irmã dele morreu em um acidente de trânsito. Ocupava o banco de trás do veículo, do lado do motorista, e não usava o cinto. "Desde então, não deixo de me proteger. E se vejo alguém na rua sem o cinto, me aproximo e aconselho a colocar. Sei da importância desse pequeno gesto. Pode salvar vidas" , conta Santos.

    Outra preocupação do militar é a frequência com que vê crianças nos bancos de trás, sem o cinto. "Às vezes, elas nem ficam sentadas. Vejo muitas delas em pé, entre os assentos do motorista e do carona." Pai de Isaac, 4, Santos tem uma cadeirinha especial, presa ao banco de trás. O carro não anda se o menino não estiver protegido. Além disso, o militar toma o cuidado de nunca deixar o pequeno sozinho na cadeira. A mulher dele, Marisa Aparecida, 28 anos, sempre acompanha o filho no assento traseiro.

    É alto o número de condutores flagrados infringindo a lei. Nos primeiros seis meses deste ano, os órgãos de fiscalização do DF aplicaram 16,9 mil multas, média diária de 93,7 flagrantes. Desse total, cerca de 40% dos casos, são os passageiros do banco de trás que estavam sem o cinto, segundo estimativas do gerente de Fiscalização do Departamento de Trânsito (Detran), Silvaim Fonseca. "Em junho voltamos a intensificar a cobrança do cinto. Quando não evita a morte, ele ameniza as lesões. Aqui, temos a cultura de abordar o motorista e explicar sobre a importância do equipamento para que seja um momento de reflexão" , diz.

    Dupla proteção

    Segundo Fonseca, em 2006, quando teve a maior média diária de multas por falta de cinto dos últimos quatro anos, o número de mortes no trânsito foi um dos menores. "Um dos motivos foi a intensificação da cobrança do uso do equipamento", assegura. Para o diretor da Abramet, Alberto Sabbag, esse é um dos paradoxos brasileiros. "O Brasil é um dos países onde o índice do uso do cinto no banco da frente é um dos mais altos do mundo, chega a 80%. Mas, no banco traseiro, é um dos mais baixos do mundo", diz.

    De acordo com Sabbag, o que as pessoas não entendem é que, no banco traseiro, o cinto oferece dupla proteção: para quem está no banco de trás e para quem está no banco da frente também. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) revela que 74% dos passageiros admitem não usar o cinto no banco de trás. Segundo o presidente da entidade no DF, Ériko Filgueira, 80% das mortes no banco da frente poderiam ser evitadas se os ocupantes do banco de trás estivessem de cinto.

    Os irmãos Rafael, 21, e Gustavo Formolo, 18, usam o cinto de segurança desde pequenos. Uma experiência da infância reforçou a necessidade do cuidado. "Quando eu tinha 12 anos, e meu irmão 9, sofremos um acidente na estrada para Caldas Novas (GO). Estávamos os dois no banco de trás. Poderíamos ter tido ferimentos graves se não estivéssemos de cinto", explica Rafael.

    Segundo a Abramet, a cada ano, 2,4 mil crianças com até 14 anos de idade morrem em acidentes de trânsito no Brasil. Na estimativa do Ministério da Saúde, nove em cada 10 mortes poderiam ter sido evitadas com o uso de equipamentos de segurança adequados: a cadeirinha ou o cinto de segurança. Os dados estão na cartilha Segurança no Transporte Veicular de Crianças, produzida pela entidade.

    Ainda de acordo com a Abramet, as crianças e os adolescentes geralmente não se adaptam ao cinto de segurança do veículo até atingir a estatura mínima de 1,45m, o que ocorre aproximadamente aos 10 anos de idade. A dica para saber se o cinto está adequado: basta observar se a faixa transversal passar sobre o ombro e diagonalmente pelo tórax, e a faixa abdominal ficar apoiada nas saliências ósseas do quadril ou sobre a porção superior das coxas.

    Fraturas

    Em caso de colisão frontal, crianças maiores transportadas no banco traseiro e utilizando o cinto de três pontos terão cerca de 50% menos fraturas de coluna, cabeça e ferimentos abdominais do que se estivessem soltas, segundo a Abramet.

    As cenas que presencia no hospital fazem da médica Cyntia Casagrande, 35, uma mãe consciente. "Já vi muitas vítimas de acidentes graves que chegam na emergência, por isso me preocupo com as minhas filhas." Ela conseguiu fazer com que as gêmeas Liliana e Letícia, 9, encarassem o uso do cinto de segurança como uma ação rotineira. "É automático. As meninas já sabem que é a primeira coisa a se fazer quando entram no carro."

    Para Alberto Sabbag, cabe ao motorista exigir que todos os ocupantes do carro usem o item de segurança. "Mas, em geral, o motorista não exige nem sabe que, no caso de colisão, o passageiro de trás será arremessado contra o banco da frente e pode matar quem está dirigindo, mesmo se ele estiver com o cinto."

    Fonte: Correio Braziliense

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