Mãos à obra

O mês de abril foi o pior, em termos de faturamento, para os pequenos negócios paulistas, só perdendo para abril de 2009, quando a economia brasileira sofria os efeitos da ‘marolinha’ da crise econômica mundial. Foram quase R$ 7 bilhões a menos nos caixas das micro e pequenas empresas e dos microempreendedores individuais (MEIs).

Mesmo em meio a esta tempestade - afinal já são 15 meses consecutivos de perda de receita, consequência dos efeitos perversos do descontrole na condução da política econômica - os empresários demonstravam relativo otimismo em relação ao futuro de seus empreendimentos e da economia. No final de maio, 34% esperavam a retomada do crescimento da economia, ante 15% dos que apostavam nisto em maio/2015. (http://www.sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/EstudosPesquisas/indicadores/indicadores_jun_16.pdf)

Tais resultados me deixam satisfeito, mas não surpreso. Há muito venho insistindo que o retorno da credibilidade é ingrediente fundamental para volta do crescimento. Como disse recentemente em audiência com o presidente da República em exercício, no Palácio do Planalto, com outras 200 lideranças, os empresários vão trabalhar dia e noite, sábados, domingos e feriados para ajudar fazer a roda da economia voltar a girar na direção do crescimento. Só que é preciso dar sinais claros que as mudanças de condução da economia são efetivas. É a lei da reciprocidade.

Nesse encontro levei cinco pontos que podem demostrar que agora é pra valer: não aumento dos impostos, redução de juros, destravamento do crédito, desengessamento dos investimentos em infraestrutura e o estímulo à exportação. São medidas emergenciais, que não dependem de aprovações, dependem de decisões, e podem gerar a retomada do crescimento já nos próximos trimestres. A começar pela recuperação do faturamento dos pequenos negócios.

Empresários como Michelle Svicero, que aos 22 anos comanda o Vintage Shop by MiSvicero (http://www.sebraesp.com.br/index.php/13-noticias/18374-sebrae-sp-lanca-campanha-conte-sua-historia), e aguarda a efetividade das mudanças, enquanto trabalha dia e noite para não sucumbir. Ela e o noivo inauguraram a loja em meio à crise, no final do ano passado, após sucesso no e-commerce. Mesmo atendendo a uma oportunidade gerada pela crise, não ficou imune aos seus efeitos, registrando queda do valor médio gasto pelos clientes. Mas segue em frente, aliando criatividade, com conhecimentos de gestão para não fechar as portas.

Os pilares que elenquei em Brasília poderão ser fortalecidos ainda com a aprovação, no Senado Federal, da ampliação do Supersimples, prevista para 21 de junho. Entre as principais mudanças está a elevação do teto para inclusão no programa, passando dos atuais R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões (para pequenos negócios) e de R$ 60 mil para R$ 72 mil (para microempreendedores individuais). Isso vai evitar a morte súbita de muitos empreendimentos que não conseguem avançar em meio à alta carga tributária.

Como disse em Brasília, todos vamos trabalhar dia e noite, sábados, domingos e feriados. O Sebrae-SP, em iniciativa inédita, começou a orientar e capacitar gratuitamente empresários e futuros empreendedores em seus Plantões de Atendimento (http://www.sebraesp.com.br/index.php/76-noticias/multissetorial/18471-sebrae-sp-faz-plantao-de-atendimento-neste-sabadoedomingo-na-capital), nos finais de semana. Por enquanto aqui na capital, até julho. Nos últimos dias 18 e 19 de junho, cerca de 250 futuros empreendedores e empresários participaram das atividades presenciais e via 0800.

O primeiro indicador da volta do crescimento já apareceu, com a retomada da credibilidade. Agora é avançar rapidamente e fazer a roda da economia girar na direção certa – na direção da produção, do emprego, da renda, do consumo. Basta decisão.

Paulo Skaf

Presidente

Sebrae-SP