Minas Leite amplia assistência ao produtor familiar

Agricultores familiares que produzem leite em Montes Claros, no Norte do Estado, em Alfenas, na região Sul, e em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, vão começar o próximo ano trabalhando para modificar o perfil de suas atividades. O objetivo é alcançar níveis mais altos de produtividade e, conseqüentemente, melhorar a renda. Para atingir estas metas, os pecuaristas terão o suporte do programa Minas Leite, criado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), com a participação de suas vinculadas Emater-MG, Epamig e IMA.

O programa vai propor aos pecuaristas de cada uma das três regiões a adoção de um sistema apropriado às suas condições para o aumento da produtividade de leite nas fazendas. Em algumas propriedades desses municípios já existe o controle do rebanho, feito com a participação dos extensionistas da Emater-MG, e a nova proposta é orientar os produtores conforme o sistema já adotado com sucesso pelo Minas Leite na região de Curvelo (Central). “A base do trabalho serão as ações já realizadas pelo Minas Leite em Curvelo e que agora vão entrar no seu segundo ano”, enfatiza o assessor especial do programa pela Seapa, Rodrigo Puccini Venturin.

“Para facilitar a orientação dos produtores, que serão também multiplicadores das informações, haverá três Unidades de Experimentação em Bovinocultura de Leite em cada um dos municípios produtores”, explica Venturin. No pólo de Montes Claros haverá 14 unidades, Alfenas terá 25 e Patos de Minas contará com 24. “Vamos insistir com o Sistema de Gestão e Habilitação Técnica dos Pequenos Produtores Rurais de Leite, gerado pelo Minas Leite, e que tem como base a utilização do pastejo rotacionado, com áreas demarcadas por cercas eletrificadas, que podem ter como suporte estacas de madeira ou bambu, material disponível nas próprias fazendas.”

“Nos piquetes, que são instalados próximos do local de ordenha para pastejo das vacas, os animais se alimentam na sombra e têm acesso a um espaço comum, onde encontram sal, uréia e água”, acrescenta Venturin. O sistema é conhecido como pastejo rotacionado porque existe um rodízio dos piquetes utilizados pelos animais, permitindo a recuperação do capim no local em que as vacas se encontravam. O manejo contribui para o aumento dos índices de produção e também da eficiência da mão-de-obra nas fazendas. “A experiência realizada em Curvelo mostrou crescimento médio de 80 para 103 litros de leite retirados por trabalhador/dia”, entre outras vantagens, informa.

No município de Alfenas, o produtor familiar Atamir Silva já trabalha com uma unidade de experimentação sob a responsabilidade do gerente regional da Emater-MG, Marcelo Martins, e do extensionista Carlos Magno. Os técnicos mostraram ao pecuarista que era possível realizar o sonho de produzir, em sua área de 3,5 hectares, 150 litros de leite/dia, três vezes mais que no início do projeto, em outubro de 2007. Além disso, poderão gastar menos, utilizando menor volume de mão-de-obra, principalmente no período das águas. A propriedade alcançou a produção de 125 litros por dia com oito vacas. Atamir obteve esses resultados depois de implantar o sistema de piquetes rotacionados, com orientação dos extensionistas. Ele agora registra todo o movimento na área de produção, e o caderno tem dados suficientes para alimentar planilhas que levam ao custo operacional do litro de leite e outros índices. Para garantir economia com a alimentação dos animais o pecuarista plantou cana-de-açúcar de variedade melhorada e reduziu a compra de ração concentrada. Além disso, Atamir recebe orientação para fazer o manejo e adubação das pastagens.

Já em Patos de Minas e região, segundo o assessor especial do Minas Leite na Seapa, já existem unidades onde o rebanho leiteiro tem acompanhamento dos extensionistas. “O município tem tradição como produtor de grãos, mas mostra também grande aptidão para a criação de gado de leite. Por isso os pecuaristas vão receber orientação da Emater-MG para padronizar as ações destinadas ao aumento da produtividade de leite nas propriedades”.

Métodos padronizados

De acordo com o assessor do Minas Leite pela Emater-MG, Marcos Meokaren, as unidades de experimentação vão trabalhar com metodologia padronizada em todas as regiões para possibilitar o aumento da produtividade do leite. “O programa obedecerá às características regionais, principalmente com relação às fontes de alimentos disponíveis, tendo sempre como referência a necessidade de oferecer ao produtor alternativas de baixo custo”, explica. “A tecnologia proposta para todas as regiões tem o mesmo princípio com as adaptações necessárias”, enfatiza.

Segundo Meokaren, o Minas Leite procura profissionalizar o produtor de leite. Ele lembra também o exemplo de Curvelo e municípios da região, que serviram de base para a extensão do programa a outras áreas de pecuária leiteira. “As ações desenvolvidas pelo Minas Leite com os pecuaristas possibilitaram a redução de até 18% no fornecimento de ração concentrada aos animais. Trata-se de um ganho considerável, pois a alimentação representa 60% do custo de produção do leite e, no sistema convencional, 60% do alimento é constituído de ração concentrada.”

O assessor acrescenta que a produção de leite subiu porque as pastagens estão sendo usadas com mais eficiência. “Além da economia com a ração, houve na região de Curvelo um aumento médio de 11% na produção, sem precisar aumentar a área de pastagem e contando com o mesmo número de animais”, informa.

Meokaren considera importante a destinação desse programa aos produtores familiares, principalmente em Montes Claros e nos outros municípios concentrados na regional da Emater-MG. “O volume de produção é pequeno, mas há muitos produtores na atividade”, finaliza.

O Minas Leite foi criado para proporcionar uma produção sustentável, o aumento da produção leiteira com redução de custos, resultando em incremento da renda familiar, produção de leite com alta qualidade, manutenção da cultura local dos produtores atendidos. Para se cadastrar no programa, o produtor deve procurar a unidade da Emater-MG no município e comprovar sua condição de agricultor familiar.