Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
16 de Junho de 2024
    Adicione tópicos

    MPF questiona projeto de lei que criminaliza violações a direitos e prerrogativas de advogados

    Proposta está pronta para ser votada pelo Plenário do Senado e representa grave violação ao modelo de processo penal consolidado pela Constituição

    há 7 anos

    O Ministério Público Federal (MPF) encaminhou ao Congresso Nacional, nesta quarta-feira (6), nota técnica em que aponta vícios no projeto de lei que torna crime violação às prerrogativas e direitos de advogados. O documento aponta inconstitucionalidade em trechos da proposta que está pronta para ser votada no plenário do Senado Federal.

    A nota técnica produzida pela Secretaria de Relações Institucionais e pela Câmara Criminal do MPF (2ªCCR/MPF) sugere a exclusão do artigo 43-A do Projeto de Lei 8347/2017. O dispositivo criminaliza a violação de nove incisos do Estatuto do Advogado, o que, segundo a análise do Ministério Público, gera insegurança jurídica, haja vista que “a lei que criou o Estatuto da categoria valeu-se, como era de se esperar, de terminologia aberta e imprecisa, pois não tinha o legislador o interesse de produzir tipo penal”.

    O documento afirma que o projeto é desarrazoado, pois dá aos advogados privilégio injustificado em relação às demais categorias profissionais, ferindo o princípio da isonomia. Também pondera que a Lei de Abuso de Autoridade (1898/1965) contempla proteção ampla e isonômica a todas as categorias profissionais. “Nesse sentido, o dispositivo em análise sobrepõe-se, indevidamente, a norma já existente sobre a matéria, criando dupla penalização pela mesma infração – o que é vedado pelo disposto no inciso IV do art. da Lei Complementar n. 95, de 1998”, afirma a nota.

    O MPF indicou outros vícios do projeto em tramitação no Senado Federal, como a falta de diálogo com os membros da magistratura, interessados na matéria, e a criação de imunidade a advogados, o que é “inaceitável no atual cenário republicano”. Segundo o documento, o projeto ofende a Constituição ao não assegurar os princípios do contraditório e da ampla defesa como condição para perda de cargo público, por exemplo.

    Ordenamento jurídico - A nota técnica critica a proposta de legitimar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para propor ação penal privada subsidiária pública e o fato de condicionar o arquivamento de investigação pelo magistrado à prévia manifestação da entidade de classe. “ A alteração desnatura, sobremaneira, o ordenamento jurídico constitucional, bem como o princípio do sistema acusatório adotado, uma vez que atribui a entidade que não integra a estrutura do Estado um papel de superposição à atuação finalística do próprio Estado”, argumenta.

    O projeto apreciado também desconsidera as regras acerca da ação penal privada subsidiária da pública, direito fundamental e instrumento de fiscalização do exercício da ação penal pelo MP. De acordo com o documento entregue ao Congresso pelo MPF, a atribuição de promover a ação penal pública é exclusiva do Ministério Público, órgão integrante da estrutura estatal. Por isso, pondera a nota técnica, se virar lei, o projeto pode incentivar “a vingança privada e a privatização do direito penal”, o que vai beneficiar quem tem a possibilidade de arcar com o alto custo financeiro de uma ação penal.


    Íntegra da nota técnica












    Secretaria de Comunicação Social
    Procuradoria-Geral da República
    (61) 3105-6406 / 6415
    pgr-imprensa@mpf.mp.br
    facebook.com/MPFederal
    twitter.com/mpf_pgr

    • Publicações37267
    • Seguidores711
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações114
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/mpf-questiona-projeto-de-lei-que-criminaliza-violacoes-a-direitos-e-prerrogativas-de-advogados/528905963

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)