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16 de Junho de 2024
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    MPF/SP denuncia 42 pessoas por fraude em cartões de crédito

    Três quadrilhas, que contavam com ajuda de funcionários dos Correios no desvio dos cartões, foram desmanteladas; prejuízo à CEF é estimado em R$ 3,3 milhões

    há 13 anos
    O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF/SP) denunciou à Justiça Federal 42 pessoas, integrantes de três quadrilhas que desviavam cartões de crédito de três centros de triagem dos Correios na capital. Estima-se que o prejuízo causado pelas quadrilhas, apenas com cartões da Caixa Econômica Federal, supere R$ 3,3 milhões, mas outros bancos também foram vítimas do esquema. As denúncias resultam da Operação Crédito Fácil, deflagrada no dia 9 de novembro de 2011 pela Polícia Federal.

    Entre os denunciados por crimes contra a administração pública e o patrimônio de instituições financeiras estão três empregados celetistas dos Correios, que eram os responsáveis diretos pelo desvio das correspondências que continham os cartões de crédito e débito. Também foram denunciados dois funcionários terceirizados dos correios e um ex-funcionário, demitido por justa causa. Entre os demais denunciados, alguns possuem mais de um número de CPF e muitos já respondem por outros crimes.

    De acordo com as três procuradoras da República que assinam as seis denúncias relativas ao caso – Carolina Lourenção Brighenti, Cristiane Bacha Canzian Casagrande e Marta Pinheiro de Oliveira Sena – as três quadrilhas são independentes. Cada uma operava em uma região diferente da cidade de São Paulo, ligada a um centro de distribuição dos Correios: Jaguaré, Saúde e Vila Carrão, com uma pequena ramificação num centro de distribuição dos Correios em Guarulhos.

    Mesmo independentes, as quadrilhas agiam de forma muito parecida. “Normalmente a venda dos cartões abrange a respectiva correspondência, que contém preciosos dados dos correntistas, utilizados pelos membros da quadrilha para a realização do desbloqueio junto à instituição financeira”, aponta o MPF nas denúncias.

    As procuradoras também alertam que “a criminalidade investigada nos autos vem se alastrando e contaminando diversos setores da empresa pública federal responsável pela distribuição das cartas contendo os cartões bancários”.

    As investigações que levaram ao desbaratamento das três quadrilhas fazem parte de uma parceria entre a CEF, MPF e Polícia Federal, que desenvolveram um software para investigar fraudes bancárias contra a Caixa.

    Com a ajuda de escutas telefônicas judicialmente autorizadas e investigações de campo realizadas pela Polícia Federal, as atividades das quadrilhas, que atuavam pelo menos desde 2010, foram acompanhadas desde o início de 2011. As gravações revelaram às autoridades todo o esquema de atuação dos denunciados. Policiais à paisana testemunharam e fotografaram diversos encontros entre os criminosos.

    As conclusões do MPF revelam que os investigados integravam organizações criminosas estáveis e bem organizadas, divididas em níveis hierárquicos com nítida divisão de funções e calcadas na infiltração de alguns de seus membros na administração pública.

    Atuação - As três quadrilhas contavam com a ajuda de funcionários dos Correios – que também faziam parte do esquema criminoso. Eles separavam as correspondências enviadas pelos bancos aos correntistas, contendo os cartões. E negociavam essas cartas de duas formas. Ou recebiam um valor fixo por cada correspondência – que podia chegar a R$ 300 – ou dividiam os “lucros” obtidos com o desbloqueio do cartão. Numa das conversas, um membro da quadrilha chega a afirmar que se recebesse uma média de 80 cartas por semana garantiria um salário de até R$ 100 mil ao fornecedor das cartas.

    De posse dos cartões desviados dos Correios, membros das quadrilhas conseguiam dados suficientes dos correntistas para realizar o desbloqueio dos cartões através do telefone. Alguns possuiam acesso irregular à Infoseg, uma rede que reúne informações de segurança pública dos órgãos de fiscalização do Brasil, ou à Dataprev, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social, responsável pela gestão da base de dados sociais brasileira.

    Com os cartões desbloqueados, as quadrilhas tinham diversas estratégias para utilizar o dinheiro. Na mais comum, compravam produtos – principalmente TVs, eletrodomésticos e notebooks – que depois eram revendidos por valores abaixo dos praticados no mercado. Assim, conseguiam um lucro ainda maior. Outra estratégia era utilizar os cartões de crédito para pagar contas de terceiros, como IPVA e multas de trânsito.

    As investigações revelaram também a participação de empresas no esquema fraudulento. Elas emitiam boletos com valores expressivos, que eram pagos com os cartões desviados. O dinheiro era então depositado na conta bancária da empresa e, depois, repartido entre os membros da quadrilha.
    Em alguns casos, os criminosos também faziam empréstimos bancários até o limite permitido pelos cartões.

    Pelo menos duas das quadrilhas investigadas também atuavam na clonagem de cartões, obtendo de maneira fraudulenta a 'trilha magnética” e, com a ajuda de equipamentos instalados nos caixas eletrônicos – chamados de “chupa-cabras” - conseguiam a senha secreta do cliente.

    Os denunciados responderão, na medida de suas participações, por diferentes crimes, entre eles formação de quadrilha, peculato, furto qualificado e corrupção de menor. Alguns desses delitos estão sujeitos a penas que podem chegar a 12 anos de prisão.


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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/mpf-sp-denuncia-42-pessoas-por-fraude-em-cartoes-de-credito/191261250

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