Mulheres representam 41,37% dos inscritos na OAB-ES
Há dez anos, as mulheres já representavam 33,36% dos 6.083 inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Espírito Santo. De lá pra ca, um número ainda maior de mulheres passou a exercer a advocacia, profissão historicamente dominada pelos homens.
Hoje, há 3.338 advogadas no âmbito da Seccional, quantidade que representa 41,37% dos 13.733 inscritos.
Em todo o país, há 696.864 advogados em atividade. Desses, 384.152 homens e 312.71, mulheres, uma diferença de apenas 71.440. De acordo com dados da O AB Nacional, pelas projeções atuais, tendo em vista o crescente acesso das mulheres aos cursos de Direito, a tendência é uma virada nos números ainda nesta década.
O crescimento da participação feminina na área jurídica é comemorado pela secretária adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Espírito Santo (OAB-ES), Flávia Brandão Maia Perez, que também preside a Comissão da Mulher Advogada. Ela exerce a profissão desde 1987 e reconhece que o dia a dia da advogada é desafiador, principalmente no início da carreira: Não é fácil. O ambiente é eminentemente masculino e, num primeiro momento, a figura feminina é vista com reticência. Para conseguir uma ocupar seu espaço, a mulher precisa ter uma postura firme, forte, mas sem perder a feminilidade.
Flávia Brandão destaca, ainda: As mulheres estão chegando nos Tribunais Superiores, seja de segundo ou terceiro grau, ainda que lentamente. No STF há duas, no STJ, cinco, no TST também há cinco e no nosso Estado, uma.
A advogada lembra que nas faculdades as salas de aula dos cursos de Direito estão repletas de mulheres, fato também destacado pela conselheira seccional e presidente da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-ES, Alessandra Lignani de Miranda Starling e Albuquerque, que, desde 1999 atua na advocacia capixaba. Já dei aula para uma turma de Direito com 50 estudantes, onde 43 eram mulheres, afirmou Alessandra, que leciona na área jurídica.
Na opinião de Alessandra Albuquerque, o mercado está receptivo para a mulher. E acrescenta: A mulher consegue equilibrar o emocional e o racional e é multifacetada, faz várias coisas ao mesmo tempo, observando os detalhes. Além disso, não tem restrição de atuação em qualquer área e está conquistando seu espaço. É uma evolução histórica.
Uma das pioneiras da advocacia é Márcia Maria de Araújo Abreu. Formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1957, é inscrita na OAB-ES desde 1963. Ao longo de sua trajetória ocupou a chefia do departamento jurídico da antiga Telest e foi a primeira mulher a ocupar o cargo de juíza eleitoral no TRE-ES, de 1985 a 1988. Na Seccional, Márcia Abreu integrou o Conselho Seccional, no período de 1981 a 1999. Entre 1985 e 1991, foi tesoureira da Seccional, cargo que voltou a ocupar de 2007 a 2009.
A quebra dos paradigmas, dos preconceitos, foi conquistada minuto a minuto pelas mulheres, pela persistência, porque isso prova a capacidade de luta, de resistência e de dedicação da mulher para aquilo que ela acha que é válido para a sua vida, afirma a advogada.
Ela lembra de quando estudava no curso de Direito: Não tínhamos juíza, promotoras, desembargadoras, ministras de Tribunal. Quando eu vi uma mulher presidente do Supremo Tribunal Federal vi a que ponto nós chegamos. Mas a mulher não vai parar não, já chegou ao Congresso, à Presidência da República... .
No exercício da profissão há apenas quatro anos, Ilma de Camargos Pereira Barcellos é apaixonada pela advocacia. Minha profissão era o meu sonho e advogar era tudo o que eu queria e consegui, afirma.
Ela só conseguiu iniciar o curso de Direito depois de casada e quando já era mãe de dois filhos. Eu estava amamentando quando iniciei o curso. Foi bem difícil, pois, além da amamentação e dos dois filhos, eu ainda trabalhava fora. Mas valeu a pena. A advocacia foi a realização de um sonho para mim, diz Ilma.
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