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16 de Junho de 2024
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    NA LUTA CONTRA O VÍCIO DO CRACK, FAMÍLIAS APELAM À JUSTIÇA

    há 13 anos

    Transtornos causados pelas crises de abstinência levam familiares a pedir soluções drásticas

    Aos 12 anos, Arlan Amantino dos Santos teve o primeiro contato com as drogas, ao experimentar maconha. Aos 23, ele chegou ao fundo do poço, e se tornou viciado em crack. Carregando no corpo franzino as marcas das agressões que sofreu de traficantes, o rapaz se transformou em uma ameaça dentro da própria casa, no Bairro Ribeiro de Abreu, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Nos dias de fúria, causados pela abstinência, espanca os pais, rouba objetos para trocá-los pelas pedras e, em uma ocasião, chegou a atear fogo no imóvel.

    Na tentativa desesperada de livrar o filho da dependência química, a dona de casa Aparecida Maria Bastos dos Santos, de 48 anos, decidiu manter Arlan acorrentado dentro da humilde residência da família, nos fundos de um lote na Rua Touro. Além disso, vai pedir à Justiça que determine a internação compulsória do rapaz, com as despesas pagas pelo Estado, uma vez que ele não consegue superar o vício de forma voluntária.

    O drama assombra outras famílias de BH. Segundo a defensora pública Liliane Gomide, somente a 3ª Vara de Família do Fórum Lafayette, onde ela trabalha, recebeu, nos dois primeiros dias dessa semana, 60 pedidos de internação compulsória para adultos e menores viciados em crack.

    Para não fugir em direção às bocas de fumo, Arlan fica com os pés amarrados por uma corrente presa por cadeado. “Fico muito nervoso e faço de tudo para sustentar o vício. Só não matei. Já passei por vários hospitais e, se eu pudesse, estaria em um deles até agora”, lamenta o rapaz, que também é portador de distúrbios psiquiátricos.

    Ele admite não ter forças para chegar ao fim do tratamento – que em Minas Gerais é voluntário, ou seja, depende do interesse do paciente. “Tem que ser obrigatório, senão ele foge e volta a usar a droga”, diz Aparecida.

    Segundo o subsecretário de Estado de Políticas Antidrogas, Cloves Benevides, 31 entidades conveniadas à rede pública de saúde e 20 Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs) oferecem 600 vagas de internação voluntária a dependentes químicos.

    “Há uma equipe do Serviço de Acolhimento Familiar da secretaria avaliando a situação deste paciente e, se ficar comprovada a necessidade de internação involuntária, isso será feito. Há outros casos em Minas de tratamentos compulsórios feitos pela rede pública”, afirma Cloves.

    O psiquiatra Valdir Ribeiro Campos, especialista em dependência química e membro da Comissão de Controle do Tabagismo, Alcoolismo e outras Drogas da Associação Médica de Minas Gerais, ressalta que apenas clínicas particulares oferecem a internação obrigatória no Estado. O custo mensal, por pessoa, é de R$ 2 mil. “O ideal é que o paciente queira se submeter ao tratamento. Mas quando há alteração do seu juízo crítico, cabe à família tomar a providência da internação”.

    A organização não-governamental (ONG) Defesa Social pedirá à Defensoria Pública para entrar com a ação judicial a favor de Arlan. O presidente da ONG, Robert William, diz que já encontrou uma vaga para ele em uma clínica de Cajamar, no interior de São Paulo. “Esse rapaz já foi espancado por traficantes e ficou três dias jogado em uma vala. Ele perdeu os movimentos do braço direito por causa das surras e até tentou esfaquear o pai”.

    Transcrito do Jornal “Hoje em Dia” (09/09/2011)

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