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15 de Junho de 2024

O algoritmo é o novo Doutor

ano passado

A autoridade conferida pela sociedade às abotoaduras, ao terno e gravata e, claro, ao latim, concedeu ao cenário jurídico um status atemporal e o manteve intacto frente às inovações cada vez mais velozes. Aliás, manteve até agora!

Historicamente, as mudanças chegam com bastante cautela ao mundo do direito, e nós advogados tardamos em mergulhar nos fluxos experimentados pela sociedade. Esta máxima é a manifestação precípua do conceito de direito já que, sem sociedade não há a necessidade do direito, é o contexto de sociedade que enseja a criação de normas para limitar a liberdade de cada um, em favor da convivência humana pacífica, e não ao contrário.

Ocorre que o novo mundo está sendo construído com colaboração e conexão, demandas surgem cada vez mais rápido e quase que instantaneamente eclodem soluções que atendem com especialidade ao pretendido em cada relação.

Nos sistemas do TCU (Tribunal de Contas da União), Alice e suas companheiras robóticas, Sofia e Mônica, leem cerca de 200 editais por dia, alertando aos auditores sobre indícios de irregularidades em licitações. Sistemas cognitivos de chat bots atendem clientes e promovem grande quantidade de ações judiciais em curto espaço de tempo. A automatização na análise e redação de contratos reduziu o trabalho do advogado de 3 horas para 20 minutos. O Algoritmo é o novo Doutor.

Qual será o espaço que sobra ao exercício da advocacia como a conhecemos?

O lapso de tempo que existe entre o mundo tradicional do direito, onde as teses precisam ser discutidas por longo tempo para que sejam implantadas no seio da sociedade, diante das necessidades vivenciadas pelo cidadão, cada vez mais prementes, ditam a urgência de transformação do mercado jurídico para atender à busca pela justiça que, felizmente, vem se tornando mais acessível e equânime em todas as frações da sociedade.

Repensando sobre o padrão desenvolvido até aqui e observando o mundo conectado em que já vivemos, resta fácil considerar que os robôs vão ficar com o “trabalho chato”, de concentração de inúmeras informações que precisam ser conhecidas e, aos profissionais que pertencerem ao novo cenário da justiça, restará, por certo, humanizar sua relação com o cliente, conectando-se aos desejos individuais daquele que pleiteia seu apoio, a tempo e modo esperados.

Reconectar o direito à sociedade, na velocidade que as novas mudanças operam, requer uma profunda ruptura com o modelo primevo, que perpassa necessariamente pela mudança de MINDSET:

a) horizontalizar a relação com o cliente, caprichando na argumentação, a especialidade ficou de lado já que o cliente agora sabe o significado de jurisprudência;

b) empoderar as mulheres e as demais parcelas da sociedade que buscam relevância na cena jurídica e política, chegou a hora da representatividade prevista na proposta democrática ser exercida;

c) comunicar-se de forma acessível, incluindo a tolerância e diversidade entre suas pautas;

d) praticar a empatia colocando-se disponível e conhecendo as expectativas de seus potenciais clientes;

e) conduzir situações com ética e respeito, em tempos de conexões rápidas qualquer deslize não fica impune;

f) tornar-se um verdadeiro praticante da neofilia, simpatizando com a inovação e buscando incansavelmente o aprimoramento de suas práticas.

Alicerçando nossos conhecimentos em tratados filosóficos, buscando a regulação imediata das ocorrências na sociedade e mantendo uma formação humanista, não há robô que nos supere!


  • Sobre o autorEspecialista em Direito Bancário e Empresarial, causas cíveis.
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